sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Porque não sou ateu

I. Introdução

Se tiver uma moeda de 1 euro consigo, atire ao ar, para provarmos o seguinte:

Se atirar a moeda ao ar 2 vezes, qual é a probabilidade de sair “coroa” 2 vezes?


1 euro num homem?

Você dirá com certeza 50% e está certo.

Se atirar 100 vezes, qual é a probabilidade de sair “coroa” 100 vezes?

Voçê dirá "muito pouca", mas concorda comigo que não é impossível!?

Mesmo se atirar a moeda ao ar 1000 vezes, a probabilidade de sair “coroa” 1000 vezes é quase nula, mas não é impossível.

Mas se atirar a moeda ao ar 1000 vezes qual é a probabilidade da moeda se tornar num homem?


Super Mário não custa 1 euro

É nula, e mesmo que atire a moeda ao ar 1.000.000 de vezes, nunca a “moeda” vai tornar-se num
homem!

Assim como de 1 euro não pode sair um homem, ainda que atiremos a moeda ao ar 1.000.000 de vezes, a vida inteligente nunca pode ter saído da "matéria".

Esta ilustração serve simplesmente para dizer que o universo não surgiu "por acaso" do "nada" e que o homem não pode ter surgido de uma evolução "não inteligente" da matéria.


I I. As duas regras principais do Ateu

Há duas regras principais, muito duras, que devem ser seguidas por alguém que não quer acreditar em Deus, mas antes quer ser “ateu”.

A. A primeira regra

Para seguir a primeira regra voçê terá que ignorar totalmente o projeto da natureza que vê em todo o lugar para onde olha: voçê terá que ignorar os astros, as estações do ano, as árvores, as flores, o mar e os rios, os animais, os insectos, os seres humanos e até mesmo os organismos mais pequenos que consegue ver.


Tudo apareceu  “por acaso” do “nada”!

E, naturalmente, voçê terá que ignorar o extraordinário olho humano que vê tudo isto. Para si nada do que vê foi criado, tudo apareceu  “por acaso” do “nada”!

Agora, repare na parte dura desta regra: voçê decidiu ignorar o seu senso comum, pois voçê admite que tudo o que voçê vê feito pelo homem à sua volta, foi feito pelo homem. Mas mantém-se intransigente e inflexível admitindo que a natureza que voçê vê, veio  “por acaso” do “nada”, não precisou de um desenhador, nem de um arquitecto.

Se eu for a passear consigo e cavar um buraco no chão e encontrar um relógio e lhe disser "este relógio não foi feito por ninguém, apareceu aqui "por acaso" do "nada".

Como é que voçê vai reagir? Vai chamar-me de cego e sei lá mais o quê. E com razão.

Mas, pronto, uma vez que você tomou a posição de seguir esta primeira regra, irá receber o louvor de outros ateus que confirmarão que você é de facto uma pessoa inteligente, pois não tem medo de seguir esta regra dura, porque é dura, de olhar à sua volta para a natureza e dizer que esta veio  “por acaso” do “nada”, não veio de um Deus inteligente criador.

B. A segunda regra

A segunda regra é “acredite.” Isto é muito importante, porque se você deixa entrar uma dúvida pequena que seja na sua crença ateia, o medo entrará junto com a dúvida, e isto pode tornar-se numa coisa assustadora quando aquilo que pode estar em jogo é um lugar chamado “inferno” que a Bíblia revela estar destinado para os incrédulos.

Nota importante sobre o "inferno":

Para alguns Teólogos o "inferno" fala de um Sofrimento Eterno.

Para outros Teólogos, eles acreditam que ao serem lançados no "inferno" as pessoas perdidas serão Aniquiladas para Todo o Sempre.

Isto quer dizer "deixarão de existir para todo o sempre. É o castigo delas, em vez de irem para o Céu, um lugar Maravilhoso, deixam de existir.


Acredite...

Acredite que está completamente certo em sua opinião. Acredite que a evolução é certamente verdadeira. Acredite que é científica. Acredite que só falta um ou outro elo, embora faltem milhões de elos que ainda não foram  encontrados.

Acredite que Richard Dawkins sabe do que está a falar. 

Acredite que você está relacionado a um macaco, e consequentemente você não é ser com moral absoluta, responsável pelos seus actos, porque os macacos não têm moral nenhuma.

Acredite que sua consciência lhe foi dada pelos seus pais e pela sociedade, e não por Deus.

Acredite no argumento do "Monstro de Esparguete Voador" de Bobby Henderson.

Para ser um ateu, você terá que estar cheio de convição como os crentes que dizem : 

“Deus existe” e“a criação é um fato”.

Voçê em vez disso dirá cheio de convição: 

“não há nenhum Deus, nem criação” e “evolução é um fato provado,”

Aprenda a bela arte de rodear os argumentos importantes dos seus oponentes e de dar respostas de “palha!”, pois isto significa que você não terá que pensar em coisas que lhe possam ser desafiadoras. 

Tudo  isto lhe dará uma percepção de inteligência.

Nunca questione a evolução, e nem pense para si mesmo nem que seja por um instante que pode estar errado. 

Faça estas coisas, e você poderá chamar-se um "ateu", ou melhor um "ateu novo” pois os "ateus antigos" até admitiam que tinham algumas dúvidas.

Bem, desculpe-me, mas eu devo dizer e penso que voçê concorda comigo, que ninguém é um “ateu” verdadeiro porque você precisa de ter “um conhecimento absoluto” para dizer com toda a certeza que não há nenhum Deus.

Desta forma, até voçê tornar-se num ser omnisciente com conhecimento absoluto, como nós pensamos que Deus é, você só poderá apenas fingir que é um ateu.

É duro manter estas duas regras: 

"ignorar o projeto da natureza e ter que acreditar que não há Deus sem nunca ter passado uma dúvida pela nossa cabeça".


I I I. Crente ou Incrédulo?

Muitas vezes pensamos que ser incrédulo é não acreditar naquilo que não vemos.

Mas não é bem assim. Um incrédulo é alguém que não acredita naquilo que vê. Isto é incredulidade!


Incredulidade também é NÃO CRER
naquilo que vejo...

Deixem-me dar rapidamente um exemplo:

O Senhor Jesus quando veio ao mundo afirmou ser o “messias” prometido no Antigo Testamento cuja a vinda seria acompanhado de sinais, milagres e maravilhas.

O povo judeu conhecia estas profecias e os sacerdotes e os fariseus também. Todos eles estavam à espera deste “messias” prometido.

No entanto quando Jesus afirmou ser o “messias”, o Filho de Deus, eles não acreditaram e, foi por isso, que Jesus lhes disse:

João 10:38 Então, por que vocês me acusam de blasfêmia porque eu disse: Sou Filho de Deus? Se eu não realizo as obras do meu Pai, não creiam em mim. Mas se as realizo, mesmo que não creiam em mim, creiam nas obras, para que possam saber e entender que o Pai está em mim, e eu no Pai.

Jesus não os acusou de incredulidade por não crerem Nele, mas acusou-os porque Ele revelou as suas credenciais divinas através de milagres que estavam preditos que o “messias” iria fazer, e eles não  creram nesses milagres.

É por essa razão que a Bíblia diz em Romanos que as pessoas que vêm a “criação” e não acreditam no “criador”, serão indesculpáveis – porque viram, mas não creram.

É isto que é incredulidade! Deus se revela pela criação e pelo seu Filho Jesus Cristo e nós rejeitamos esta revelação divina.

Romanos 1:19-20 pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis.

Eu lembro no entanto que houve um fariseu que creu que Jesus era o “messias” por causa dos milagres que Jesus fez - este fariseu era Nicodemos. José de Arimateia também creu!

O soldado romano depois de ter participado na cruxificação de Cristo, vendo o que se tinha passado durante aqueles momentos e na cruz, deu glória a Deus e disse "na verdade, este homem era justo" Lucas 23:47

Será que o leitor compreendeu que Deus se revela claramente pela criação e também através de Jesus que na sua passagem pela terra mostrou as suas credenciais divinas através dos milagres que fez? 

Se sim, faça comigo a oração que se segue em baixo:


I V. Oração de entrega da vida a Deus

Ore assim...

Senhor Deus

Eu reconheço a partir de agora que tu existes e que enviaste o teu Filho, o Senhor Jesus, para morrer na cruz do calvário por mim. 

Eu creio que Jesus derramou o seu precioso sangue para purificar-me de todos os meus pecados.

Eu reconheço que sou um grande pecador e desejo muito receber o perdão que me ofereces através da sua morte, e peço que o Senhor Jesus entre agora na minha vida e me dê a Vida Eterna.

Peço que Jesus faça morada no meu coração agora e que seja meu Rei, meu Senhor e meu Salvador. 

De hoje em diante eu não quero ser mais controlado pelo pecado, mas quero seguir-te a Ti todos os dias da minha vida.

Por isso eu oro assim, no nome precioso e santo de Jesus.

Amém.

Se tomou esta decisão para Cristo por causa do que leu nest post e fez esta oração, envie-me um email se faz favor para eu orar por si e passe esta mensagem para outros.

Memorize o versiculo em baixo e cite-o na sua oração esta noite, antes de se deitar:

João 3:16 Porque Deus amou o mundo, de tal maneira, que deu o seu Filho unigénito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a Vida Eterna.

Parte deste post foi inspirado pelo "The way of the Master"

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A Cura da Alma

I. A Introdução ao assunto

A cura da alma é uma das áreas da vida cristã muito negligenciada e as Igrejas não estão a providenciar programas adequados ligados com a “cura da alma”, que ajudem os membros e pastores a lidarem com conflitos da alma e a serem libertos de problemas de personalidade ligados ao carácter, emoções,  temperamento e a inclinações complexas e diversas, algumas mesmo de natureza sexual e fraudulenta.

Infelizmente, há líderes cristãos que sofrem de uma inclinação muito forte ligada a pecados sexuais, outros têm temperamentos fortes que os tornam muito agressivos e há alguns mesmo que sofrem de uma grande tendência ligada a actos de fraudulência e vigarice.

Há muitos crentes que sofrem toda a vida pela calada de diversos distúrbios a nível da sua "alma", não buscam ajuda, porque também ninguém lhes oferece esta ajuda e não conseguem uma cura completa ou libertação de certos conflitos e pecados e acabam por enganar a si mesmo e aos outros.

Mas é bom saber que afinal todos nós precisamos de "cura da alma", pois sofremos de distúrbios, conflitos e comportamentos que "precisam de ser endireitados".

Procure na Net o corinho de crianças: "havia um homenzinho torto, que morava numa casa torta, andava num caminho "torto" e tudo o que fazia era "torto" ...

Eu e voçê somos o homenzinho "torto" ... que um dia a Bíblia encontrou, e tudo o que era "torto" Jesus endireitou.
 
É deste assunto que iremos tratar – a cura da alma, deixar Jesus restaurar, endireitar a nossa alma.


I I. As doenças - emocional, psíquica, personalidade e espiritual

A. As igrejas deviam estar mais preparadas para a cura da alma

Há muitas doenças com sintomas físicos cujas causas estão na desarmonia da alma. Estão na alma, ou no psíquico como dizem os psicólogos, não são doenças orgânicas (físicas).

Normalmente quem deve lidar com este tipo de doenças são os psicólogos ou então a Igreja e os pastores, através  do aconselhamento pastoral e da confissão desses distúrbios e pecados da alma.

"Os Pastores deviam ter mais preparação na esfera psíquica, porque o trabalho pastoral está ligado directamente à esfera da alma da pessoa".

Ou deviam utilizar membros que têm cursos e experiência na área da psicologia, psiquiatria e clínica geral, para desenvolverem um ministério de cura da alma dentro da Igreja.

O problema é que, muitas vezes, são os próprios pastores que precisam da cura da alma, por sofrerem de conflitos emocionais, problema de personalidade, distúrbios psicológicos ou mesmo de uma tendência pecaminosa muito forte.

Se os pastores tivessem passado por uma  "cura da alma" maior, quando estivessem a preparar-se para o ministério, debruçando-se sobre este assunto como deve ser, talvez não precisassem tanto de ir a "restauro espiritual para pastores".

É claro que "os ministérios de restauro" não são só para ajudar os pastores a resolverem problemas emocionais, personalidade e pecaminosidade, mas estão também ligados ao trabalho pastoral que por ser um muito árduo, pode ultrapassar a capacidade física e emocional do pastor, levando-o a precisar de um tempo de descanso e restauro emocional, psicológico, físico e espiritual.

O trabalho da Igreja e dos pastores é lidar com pessoas que, muitas vezes, podem ser portadoras de conflitos, inclinações e tendências muito complexas. Um médico por muito treinado pode não estar preparado para o trabalho de cura da alma, por não saber lidar com o pecado das pessoas, levando-as à confissão e à restauração.

A não ser que seja um médico, psicólogo ou um psiquiatra cristão, que do meu ponto de vista são aqueles que estão mais preparados para lidar com a "cura da alma".  

B. O transtorno e a desarmonia da alma.

As causas que podem criar desarmonia na alma e criar atitudes pecaminosas são:

Um ressentimento contra alguém que nunca conseguimos perdoar; uma injúria que fizeram contra nós, que nunca mais esquecemos; maus tratos de familiares ou vindo de terceiros que deixaram marcas profundas no fundo do nosso íntimo; abusos físicos e sexuais; problemas de personalidade ligados com o carácter e o temperamento da pessoa; distúribos emocionais de diversa natureza; inclinações para actos sexuais contre nature e até de grande perversão; um pecado qualquer que nunca deixamos e aos poucos vai envenenando o nosso corpo e a nosssa alma; e a tendência inata ou adquirida para a depressão e doenças bipolares.

É claro que não podemos ignorar que alguns destes problemas podem estar associados a doenças físicas, e precisam de um tratamento profissional adequado.

Neste trabalho eu vou fazer referência aos problemas da alma que estejam mais associadas a problemas de personalidade e temperamento, problemas de natureza emocional e psicológica, ou a outras inclinações e tendências em que o "pecado" pode ser a causa principal.

O pecado, qualquer que seja, existente e alimentado dentro do coração, pode criar problemas sérios à alma humana, levando-a ao desregramento (desordem), confusão, culpa, desespero, desesperança e mesmo à depressão e ao suicídio.

Mas, para falar um pouco mais sobre este assunto tão pertinente que é a "cura da alma", terei que primeiro dar alguns esclarecimentos sobre a questão da dor e a doença.


I I I. Diversos aspectos sobre os conflitos da alma 

A. Sobre a dor e a doença

A dor natural foi criada por Deus para proteger-nos no nosso contacto com o meio ambiente. A dor é normal. Só quando a dor atinge certos limites, é que se torna indesejável.

A doença, no entanto, não é da vontade ideal e original de Deus. A vontade ideal e original de Deus é que todos os homens e mulheres pudessem gozar de uma boa saúde.

No entanto, embora a doença não seja da vontade ideal e original de Deus, ela existe por causa da entrada do pecado original no mundo e Deus no seu processo redentor pode utilizar a doença para chamar uma pessoa para si e mesmo para a santificação dos crentes e outros aspectos mesmo um pouco misteriosos.

Vemos por exemplo o caso misterioso de Job, que era um homem recto, mas que Deus chegou mesmo a permitir que o diabo infligisse a doença nele, e o fizesse perder os seus filhos e bens.  Mas vemos no final do livro, que depois daquela grande prova Job foi muito abençoado.

Jó 42: 12 Assim, abençoou o SENHOR o último estado de Jó mais do que o primeiro; porque veio a ter catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas. 13 Também teve outros sete filhos e três filhas.

B. Como surgiu a doença

Deus não nos criou como bonecos mecânicos, como aquela boneca que quando abraçamos e carregamos no botão ela fala e diz: “I love you”. Mas, afinal ela não ama nada, pois não tem sentimentos.

Deus criou-nos como “agentes morais” com sentimentos, vontade própria e com uma consciência do bem e do mal.

Deus criou o homem livre, e o homem por sua própria vontade decidiu pecar voluntariamente, escolhendo o mal em vez do bem. É daí que veio o pecado original e como consequência o comportamento pecaminoso do homem e a doença.

Todas as doenças tem como causa primária o pecado original

C. A doença divide-se em 2 classes: físicas e psíquicas

Nas doenças físicas, a raiz da doença está numa mal função, ou dano no organismo – "mais propriamente dito, no corpo".

Nas doenças psíquicas a raiz da doença está numa mal função da mente “psíquico” – "disfunção na alma da pessoa".

É de notar que esta doença não está no cérebro - senão seria uma doença física; mas sim no pensamento, psíquico, ou alma, como queiramos chamar.

Pode aparentar ser uma doença física, por causa dos sintomas, mas a causa pode ser, por exemplo: "excesso de preocupação, choque emocional, stress, diversos abusos, problemas de personalidade de natureza temperamental ou de carácter que dificultam o relacionamento com a vida e com as outras pessoas, ou um outro comportamento, tendência e relacionamento qualquer que causa desarmonia em nossa alma".

As doenças físicas não fazem parte da esfera dos pastores ou da Igreja. As doenças físicas devem ser tratadas pelos hospitais e médicos.

Dizer a uma pessoa que herdou ou contraiu uma doença puramente física que não deve ir a um hospital, ou a um médico, é um atentado contra a sua vida e uma atitude de grande ignorância e de irresponsabilidade.

Não estou a dizer que a Igreja, ou pastores não devem orar por pessoas que estão doentes fisicamente.

Claro que podem e devem acreditar que Deus no seu amor e imensa graça pode intervir e efectuar a cura divina.

D. Doenças complexas que podem ter muitas causas

Há "doenças complexas", por não se saber completamente ao certo, do ponto vista científico, a percentagem que a mente e o corpo têm na causa dessas doenças.

É o exemplo de certos comportamentos ligados com a sexualidade, o álcool, a droga, o jogo, o tabaco, e a tendência para a fraudulência, vigarice, violência e para o crime.

No entanto qualquer que sejam as causas destas inclinações ou doenças, há que distinguir bem as causas e os efeitos.

Ou seja, não podemos desculpar os efeitos, se forem maus ou perniciosos, atestando que a pessoa não é responsável pela causa da sua doença ou inclinação.

Se os efeitos, ou os sintomas são maus, devemos em primeiro lugar colocar a etiqueta certa no comportamento - “comportamento mau”; no caso pastoral e bíblico, a etiqueta seria - “pecado”, ou seja "comportamento pecaminoso" .

Depois da etiqueta posta, e o comportamento da pessoa ter sido etiquetado como "comportamento mau ou pecaminoso", passamos ao diagnóstico.

Reparem bem que estou a dizer que o comportamento da pessoa é mau, é pecaminoso. É o comportamento dela que estamos a condenar. Não é a pessoa! A pessoa precisa de ser ajudada e restaurada.

Ao passarmos para o diagnóstico, procuram-se as causas da doença que está a levar a pessoa a esse "comportamento mau". Lida-se com as causas, tentando identificá-las e procurando ajudar as pessoas através dos meios terapêuticos e pastorais à nossa disposição.

Portanto, não vamos dizer a um prostituto, prostituta, alcoólico, drogado, vigarista, violento e homicida ou alguém que tem um "mau comportamento", que não faz mal, que ele pode continuar, que ninguém tem nada a haver com o seu comportamento e que, por final, ele nem é culpado das causas que o levaram a isso.

Não vamos atacar a pessoa, mas vamos identificar o seu comportamento como "mau ou pecaminoso " e vamos atacar as causas e procurar providenciar a cura para as pessoas.

O ano passado, um pastor, dos mais conhecidos na América, que tanto atacou o homossexualismo, foi descoberto e afinal ele mesmo tinha um amante a alguns anos.

De certeza absoluta que este pastor evangélico sabia que esta prática é pecaminosa. Mas, o problema dele, é que havia causas físicas, mentais, ou provenientes unicamente do seu passado, ou uma mistura disso, que o levaram a essa prática e como ele nunca recebeu tratamento, continuou às escondidas a praticar o homossexualismo.

Pode haver problemas iguais ligados com o álcool, jogo, adultério, problemas de temperamento e carácter, que atormentam as pessoas, até crentes e mesmo pastores evangélicos, que nunca tiveram o cuidado ou a coragem para lidar de frente com esses problemas e procurar a libertação e cura, que forçosamente terá que que passar pela confissão, o arrependimento e a Fé em Cristo.

Desta forma, há pessoas que sofrem toda a vida de um problema, mas vão "ventilando" o problema, ou "negando" o problema, ou "racionalizando o problema", ou buscando "bodes expiatórios" culpando outras pessoas e situações como sendo os principais responsáveis por esses maus comportamentos, em vez de os confrontar de frente e procurar o perdão, a libertação e a cura!

Se for o caso de um pastor evangélico que sofre de uma problema assim, os familiares e os membros das suas Igrejas terão que o aturar e sofrer as consequências desse problema.

A cura da alma é uma das áreas da vida cristã que tem sido mais negligenciada e as Igrejas não estão fazendo muita coisas, para poderem providenciar programas e terapias adequadas ligadas com a “cura da alma”, que ajudem os seus membros e pastores a lidarem com problemas de natureza emocional, a moderarem os seus temperamentos, a purificarem aspectos pecaminosos do seu carácter e a serem curados e libertos de doenças complexas de todo o tipo, como já vimos em cima, que possam estar a sofrer pela calada, sem nunca ter conseguido uma completa cura e libertação, enganando-se a si mesmo e aos outros.


I V. As doenças espirituais

Além dessas doenças complexas que podem ter uma causa física ou psicológica, ou uma combinação das duas, nós temos ainda as doenças espirituais que podem vir de possessão, opressão ou perseguição diabólica.

Os pastores quando estão a lidar com as pessoas não sabem muitas vezes qual é a causa que está por detrás de determinados sintomas e comportamentos, se é puramente emocional, psíquica, doença da personalidade e mesmo física, ou se é espiritual, causada por um demónio.

"Acerca disso, a própria Bíblia revela que os demónios até podem também infligir doenças físicas, vemos o caso de Job que o diabo infligiu-lhe a doença, e vemos o caso daquela mulher corcunda."

Lucas 13:11 "E veio ali uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, havia já dezoito anos; andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se".

A Bíblia fala aqui de um espírito de enfermidade que mantinha aquela mulher doente durante dezoito anos.

Poranto se os demónios podem causar doenças físicas, quanto mais doenças de natureza emocional e psicologica.


V. A cura para as doenças psíquicas ou espirituais

A. Confissão, perdão e cura da alma.

Romanos 10:9 "Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo".

1 João 1:9 "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça".

1. Vejamos um exemplo simples, para começar:

Uma senhora ouviu uma palestra de um doutor cristão formado em psicologia e psicoterapia cristão e pediu-lhe para ir visitar um amigo que estava doente e tinha deixado o trabalho. Ele foi. Este homem tinha trabalhado cerca de 30 anos no mesmo lugar sem problemas. Mas de um dia para o outro começou a sentir-se mal, dores no peito etc e caiu de cama.

Fez vários exames e testes e não foi encontrado qualquer anomalia.

Quando o doutor, o viu pela primeira vez ele pouco dizia. Passado alguns dias o doutor cristão, sentiu que o que aquele homem precisava era de Deus. Fechou os olhos e orou por ele.

Quando acabou a oração e pediu-lhe que ele lhe dissesse o que ia na sua mente, qual era o seu problema.

O homem abriu-se e contou uma história ligada com determinado pecado que ele fez. Ao acabar o doutor, falou-lhe do perdão de Deus. Da necessidade de ele confessar o seu pecado

O homem confessou o pecado, e pediu perdão a Deus. A seguir o doutor orou por ele. No outro dia, o homem acordou, sem dores, e foi trabalhar.

Confissão, perdão e cura da alma, estão ligados.

2. A Bíblia revela que Jesus tem poder para curar

Nós vemos na Bíblia que grande parte das curas de Cristo foram curas físicas. Ele, como filho de Deus, tinha o poder para curar o corpo das pessoas, a cegueira, paralisia, surdez e outras doenças.

"Mas há também curas de Cristo que eram de origem emocional, psíquica e espiritual.

Marcos 1:34 "E ele curou muitos doentes de toda sorte de enfermidades; também expeliu muitos demónios, não lhes permitindo que falassem, porque sabiam quem ele era."

Repararam nas frases: "toda sorte de enfermidades" e "expeliu muitos demónios".

Em cima, já vimos que o Senhor Jesus curou aquela mulher, corcunda, que há dezoito anos era atormentada por um espírito de enfermidade, e vemos que ele expulsou muitos demónios e curou as pessoas endemoninhadas.

Mas ele também curou a mulher que foi apanhada em adultério - uma doença moral - e que por isso a queriam apedrejar:

João 8: 10 "Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? 11 Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.] "

E vemos ainda que o Senhor Jesus curou muitas outras pessoas dos seus pecados morais e de personalidade, como Zaqueu, Mateus etc

ELE até curou Tomé cujo pecado era a falta de fé - a dúvida - e Pedro, cujo pecado era a impulsividade e curou prostitutas como Maria Madalena e a mulher que lavou-lhe os pés e enxugou-os com os seus cabelos.

Nós não temos a mesma autoridade de Cristo, nem dos Apóstolos, para fazer milagres, prodígios e maravilhas como eles fizeram, mas podemos no entanto fazer um seguimento às pessoas que estão sofrendo de diversas doenças e moléstias, estudando a Bíblia com elas, fazendo o aconselhamento pastoral, levando-os a retiros espirituais e a fazerem estudos específicos ligados ao problema que estão a sofer.

No entanto, eu creio que ao mesmo tempo é importante orar para Deus intervir com unção, cura, libertação e restauro divino em algumas áreas aonde houver necessidade de uma intervenção divina mais directa.

O processo da cura da alma envolve um acompanhamento gradual perseverante, juntamente com a oração da fé constante pedindo por intervenções divinas na vida da pessoa em questão. 

Vou dar um exemplo:

Os aditos da droga e do álcool estão dependentes de uma substância e precisam de tempo para gradualmente libertarem-se da dependência dessas substâncias. Para isto, eles devem receber acompanhamento médico, juntamente com acompanhamento pastoral para haver resultados duradouros e profundos. Há portanto todo um lado físico e psicológico que precisa de restauração através do apoio médico e pastoral indicado e isto leva tempo.

Mas, paralelamento a este processo gradual de restauro físico e psicológico, a pessoa tem vontade, raciocínio, emoções, instintos, subconsciente etc, que precisam de receber "unção divina" e em alguns casos mesmo "cura divina". 

Desde o primeiro contacto com a pessoa, que nós devemos orar sempre pela "unção e cura divina" na vida da pessoa, pois a pessoa ao receber estas "provisões espirituais" de Deus será preparada para aceitar ir para um centro de reabilitação e também para reagir positivamente ao tratemento físico e psicológico durante este tempo de reabilitação.

Com a cura da alma é a mesma coisa. Há um processo de restauro gradual feito na alma da pessoa e isto leva tempo, que deve ser acompanhado com "unção e cura divina" a ser providenciada por Deus à pessoa durante este processo que irei chamar também de "reabilitação".

Claro que há casos em que Deus pode agir de tal maneira e curar mesmo a área física e psicológica da pessoa, e devemos orar por isto, mas esta não é a regra geral, é a excepção.

Portanto devemos orar sempre pela "unção e cura divina" das pessoas com Fé e na autoridade que nos foi confiada por Cristo.


V I. Erros que devemos evitar

É um erro não fazermos distinção entre as doenças físicas e as doenças da alma e espirituais. Se a doença tem a sua origem na alma, terá que se tratada através de uma terapia psicológica e espiritual.

Mas se a doença for de origem física, apesar da terapia psicológica e espiritual poder ajudar, terá que haver a intervenção daqueles que foram treinados: os médicos, cirurgiões, psiquiatras etc.

Se ignorarmos este erro mostramos que somos ignorantes e a nossa ignorância poderá ter consequências graves para as pessoas com quem estamos a lidar.

Podemos pôr em risco a vida de uma pessoa se não permitimos que seja tratada do pelos médicos, quando a sua doença é física.

A. Acusam as pessoas de falta de Fé.

Há muitas Igrejas e pastores que acusam as pessoas que não foram curadas, de terem tido falta de fé,.

A forças mentais que ainda não totalmente conhecidas. Há pessoas que são curadas de uma doença, sem terem fé nenhuma para serem curadas. São precisamente curadas pela acção de técnicas mentais que poderão ter efeito no seu corpo (coisas ainda não conhecidas pela ciência).

Há curas feitas através de métodos espiritualistas e espiritistas ou através do poder da sugestão, que não têm qualquer origem em Deus.

O problema está em saber se estas curas são de longa duração ou não. Eu me lembro de alguém que parecia curada ao receber em casa um pastor curandeiro que era acompanhada de uma mulher que era medíum.

Eu adverti a senhora em casa dela e numa reunião feita na casa de um crente, pois eu sabia que ela não tinha sido curada por Deus. A pessoa não quis ouvir, mas ficou aparentemente curada: deixou de coxear e de ter a cara caída, pois a perna estava presa e a cara caída por causa de uma trombose que teve, e não precisou mais de fazer o tratamento que estava a fazer.

Mais tarde, ela apercebeu-se que foi enganada e roubada em muito dinheiro, e soube do caso de outras pessoas que também foram enganadas na sua vila. Ela decidiu então voltar à Igreja, chamou-me a casa, oramos juntos, ela confessou o seu pecado, passado uns dias voltou a estar doente e ainda está doente até hoje, coxeia a perna, tem a cara caída e precisa de fazer o tratamento, senão morre.

É um senhora de fé, a prova é que teve coragem para reconhecer o seu pecado, mas Deus não a curou.  Claro que não podemos negar que há curas divinas, nuitas pessoas testemunham disso, e esta senhora poderia testemunhar do mesmo, mas Deus tem outros planos para ela.


B. Acusam as pessoas de falta de fidelidade com a Igreja

Dizem que as pessoas são infiéis e não querem nenhuma compromisso financeiro com a Igreja e os pastores. Se eles derem, e quanto mais derem, Deus lhes dará em troca, saúde e riquezas.

Normalmente quem utiliza estas tácticas e técnicas são os chamados “movimentos de Fé” ou "movimentos do Evangelho da Prosperidade", que tem o alvo de enriquecerem à custa da ignorância dos crentes.

C. Igrejas que associam doenças físicas e psiquicas ao pecado

Há Igrejas extremistas e excêntricas que associam todas as doenças, perdas e calamidades na vida de uma pessoa a um pecado que estamos a cometer. Ou seja se uma pessoa fica doente, ou perde alguma coisa ou pessoa, ou passa por um problema trágico é porque anda a pecar.

Pode ser verdade em alguns casos, mas não é sempre verdade em todos os casos.

No caso de Job, os amigos o acusaram que ele estava a sofrer e a perder por culpa do seu pecado. E estavam enganados e foram repreeendidos por Deus, pois Job era um homem recto.

Além disso estas Igrejas dizem que se uma pessoas tiver Fé em Cristo, nunca fica doente, nem pobre, pois Cristo veio libertar-nos de todas as maldições.

É verdade que Cristo veio pagar e libertar-nos de todos os pecados, enfermidades e maldições, mas é so na ressureição final que receberemos um corpo e uma vida gloriosa.

Em Romanos 8:18-39 vemos que nesta terra, gememos, sofremos, somos perseguidos, condenados, passamos fome, nudez, somos entregues à morte todos os dias por a mor de Jesus, mas em tudo seremos vencedores, pois nada nos afastará do amor de Cristo e um contemplaremos a redenção completa do nosso ser incluindo a alma e o corpo e não seremos mais servos da corrupção.


V I I. A conclusão

Vemos então que a cura passa pelo Senhor Jesus, que tem poder para curar todas as doenças, incluindo as de natureza física, psíquica, emocional, moral, personalidade e de natureza espiritual.

As cura das doenças de natureza psíquica, personalidade, moral e espiritual, passam pelo reconhecimento do pecado, qualquer que seja, seguido da confissão do pecado e do perdão oferecido por Deus.

Se houver reconhecimento, confissão, haverá perdão. Quando há perdão, há libertação do pecado, ou dos seus efeitos e há purificação da culpa.

Se, num caso especial, houver uma doença física, mas causada por um pecado ou demónio, a cura também passa pela confisão, arrependimento, fé seguida do perdão de Deus.

 Às vezes, neste caso, a pessoa é perdoada, restaurada, mas do ponto vista físico podem ficar sequelas causadas pelo pecado, que podem nunca ser curadas.

Havendo, reconhecimento, confissão, perdão, libertação, purificação da culpa, há sempre restauração e cura da alma.

Leia ano meu blog sobre a cura divina

FIM

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Cristão e a Política











I. O que é a Política - sua acção e limites.

A. A política refere-se às acções do governo.
B. Uma ideia errada de política.
C. Análise política vista do ponto vista bíblico.

II. A ordem política no mundo foi criada por Deus. 

A. A História de Caim e Abel.
B. Deus estabelece e institui a ordem política.

III. A acção cristã no mundo.
 
A. O Mandato Cultural é para o homem governar a terra.
B. Gênesis é o prológo da história humana que vem a seguir.
C. A redenção deu força e valorizou o mandato cultural.
D. A Lei - etapa intermediária entre o mandato culural e a redenção de Cristo.

IV. Estatização do Estado.

A. O Socialismo e o pós. modernismo são hostis à Bíblia.
B. A Moral da história é quererem amordaçar os crentes.

V. A Globalização e o governo da Besta.

A. A Globalização é uma questão bem antiga.
B. Três perguntas impertinentes acerca da Globalização.

VI. Análise às ideologias políticas que governam o mundo.

A. As correntes políticas mais proeminentes no mundo.
B. A relação das ideologias políticas com o cristianismo.


I. O que é a Política – sua acção e limites.

A. A política refere-se às acções do governo

Há muitas questões discussões sobre acção social, mordomia social, solidariedade, mas, embora, todas estas questões interessem aos políticos, nenhuma delas é em si mesma uma questão política.

Quando estamos a falar de política, estamos falando das acções de um governo, daquilo em que os governos estabelecem, regulamentam e fazem e daquilo que o povo faz em relações às tomadas de posição de um governo.

Às vezes ouvimos dizer que tudo o que fazemos é política:

"política de trabalho, política sexual, política familiar", enfim, pode ser verdade que no sentido trivial da vida, tudo o que fazemos é política, mas não podemos perder o sentido mais importante do significado desta palavra – Política.

Tudo o que fazemos, livros, sermões, máquinas, jornalismo, futebol, envolve poder, e até pode ter uma grande influência sobre a política de um país, mas isto não quer dizer que estas coisas têm um verdadeiro poder político.

A política envolve um outro tipo de poder, mais específico, que é aquilo que aos poucos irá ser salientado neste trabalho.

Podíamos resumir o significado da palavra política da seguinte maneira:

“É um assunto dos governos e dos Estados, o que são, o que fazem e o que deviam fazer”

Embora todos nós devemos ter um estilo de vida solidário, comunitário, isto não entra na política, ao menos que afecte directamente as acções dos governos ou as nossas próprias acções na confrontação com as acções do governo.

Portanto a actividade política não é resolver aquilo que é bom, ou que tem valor, como por exemplo decidir que ir à Igreja é bom, e impor isto ao povo, ou que aquela religião é má e proibi-la ao povo. 

Estes assuntos não são para serem resolvidos pelo governo através de uma acção social, legislativa e parlamentar ou devam fazer parte da Constituição de um país.

B. Uma ideia errada de política.

Infelizmente há políticos que têm uma ideia errada daquilo que é fazer política.

Para eles, a política tem que ter uma dupla acção ao lidar com as coisas, para ser considerada uma actividade política. 

Deste ponto de vista a política tem que envolver a mentira, esconder a verdade, e saber tirar partido das situações.

Para tais políticos, a política passa a ser uma “conduta pública que tem o fim de atingir interesses particulares ou de um grupo social, não importando os meios utilizados para atingir os seus fins”.

Desta forma a política utiliza o seu poder de uma forma corrupta.

Por isso dizem, que se alguém não for capaz de ter uma tal conduta, mas quiser antes ser transparente, verdadeiro, honesto, não pode fazer política, nunca será um bom político.

Nós vemos em I Samuel 8:11-18 um exemplo desses, em que Samuel advertiu ao povo qual seria o costume dos reis. 

Eles iriam explorá-los e roubar as suas terras, em vez de governá-los com justiça.

C. Análise política vista do ponto vista bíblico.

1. Análise do ponto vista cristão.

Como a minha análise está a ser feita do prisma cristão, há questões importantes que os cristãos devem saber para envolverem-se na política, como por exemplo as questões em baixo mencionadas:

Qual é o propósito dos “servos de Deus” na política?

Qual é a função da Lei?

Qual é a função de um Estado e do Governo, o que deve fazer?

Qual é a natureza da autoridade e do poder político?

Quais são os limites da autoridade e do poder político?

Iremos aos pouco e de uma maneira geral falar sobre estas questões nos capítulos que se seguem. 

Uma resposta correcta, tanto secular como bíblica, a estas cinco perguntas, servirá de uma boa base ao envolvimento dos cristãos na política.

Os cristãos precisam de conhecer as respostas a estas questões para poderem ter um conhecimento daquilo que é política e assim poderem exercer acções políticas concretas que possam ser úteis à sociedade.

Antes de continuar deixem-me delinear de uma maneira simples a diferença entre o Estado e o Governo. O Estado detem o poder soberano sobre o espaço aério, marítimo e de solo de uma Nação. E o Governo detém o poder administrativo de um estado.

No caso de Portugal, temos um chefe do Estado - o Presidente, e um chefe do Governo - o 1º ministro, tendo ambos diferentes poderes.

No caso da Inglaterra o chefe do Estado é a Rainha e o chefe do Governo é o 1º ministro.

Tanto o Estado como o Governo exercem um poder político dentro de uma Nação, regulamentado e limitado pela Constituição e demais legislação em vigor determinada em reuniões parlamentares.

2. A necessidade de compreender o que é Política.

Só depois de compreendermos bem o que é a Política, poderemos falar um pouco sobre as acções concretas que os cristãos podem ter no seu envolvimento político.

Vivemos num mundo onde gastamos milhões em armas de guerra e onde a utilização do instrumento de tortura e a morte de pessoas em acções militares aumenta de ano para ano.

Surgem no mundo uma proliferação de toda a espécie de ideologias políticas, mas que são incapazes de manter a estabilidade e a prosperidade social.

Há um número incrível de pessoas que estão a morrer esfomeadas e vítimas da guerra todos os minutos que passam.

Vemos também valores tradicionais de carácter social e moral em total decadência.

A indisciplina e a brutalidade aumentam nas escolas, nas famílias e mesmo nas ruas das nossas cidades.

"As nossas sociedades dizendo-se democráticas e respeitadores dos direitos humanos, caíram num desrespeito total pelas autoridades, e sem o devido respeito pelas autoridades se torna cada vez mais difícil implantar a democracia nas sociedades e o respeito pelos direitos humanos".

Como é que os cristãos podem envolver-se e ajudar a mudar o rumo das coisas.

a. Conhecer bem a natureza e o propósito da política

Os cristãos devem conhecer bem a natureza e o propósito da política, antes de envolverem-se na mesma.

Lord Shaftesbury e William Wilberforce, são homens que deixaram grandes exemplos do envolvimento dos cristãos na política. 

Grande parte dos grandes pensadores políticos no mundo ocidental, nestes 2000 anos de história foram cristãos fiéis como Origenes, Augustine e Tomas Aquinas.

Mas, apesar destes e de outros grandes exemplos, a compreensão dos cristãos acerca da Política tem sido muito deficiente.

Tem havido algumas divergências entre os cristãos acerca dos critérios políticos.

Há ainda uma grande tendência entre os cristãos para utilizarem aspectos do ensinamento cristão em questões políticas, como por exemplo o perdão ao próximo, princípios de igualdade e moralidade, que não podem ser utilizados em política, ou melhor não podem ser pregados num comício, ou durante uma palestra política, da mesma forma como se pregam numa Igreja.

É por essa razão que é necessário haver uma grande reflexão, muito conhecimento dos fundamentos bíblicos, um grande espírito de oração para os crentes envolverem-se no mundo da política e um grande conhecimento sobre a natureza da actividade política.

b. Não se deve misturar moralismo com política e vice-versa.

Devemos evitar cair no moralismo ao tratar deste assunto tão complexo. Se é verdade que ao exercer-se politica, isto envolve escolhas entre o bem e o mal, justiça e injustiça, não podemos cair no “moralismo” pois a actividade política envolve outros aspectos, muito delicados, que devem ser tomados em consideração.

A política não existe forçosamente para lidar com factos como “a esposa que foi espancada”, ou “a pornografia sem fronteiras na Internet”. 

Em política não se pode tratar em absoluto assuntos como a “utilização de drogas” e eu direi mesmo matérias sobre o “aborto” ou “homossexualismo”.

Pode haver uma área destas esferas em que a política tem que envolver-se e até decidir, mas não são assuntos para serem tratados em absoluto pela política.

Temos que fazer sempre duas perguntas, quando queremos tratar de assuntos que sejam matéria exclusiva e absoluta da política:

Primeira pergunta: 

Este determinado assunto é para ser tratado politicamente - isto quer dizer, pelo governo?

Segunda pergunta:

Este assunto deve ser tratado por outros órgãos: “judiciais”, “legislativos" ou através de modalidades e instituições científicas, sociais, desportistas, religiosas, éticas, morais e judiciais?

Por exemplo, os políticos não têm nada que envolver-se no caso de “Madie”, pois é uma questão judicial que envolve os órgãos policiais e da justiça.

Nem devem também opor-se à postura que uma "religião toma diante de determinados comportamentos sociais", desde que ao defender a sua posição religiosa, não transgridam o código civil e penal em vigor.

Não cabe aos políticos forçar uma determinada Fé, por exemplo, a aceitar um sacerdote homossexual, dizendo que esta Fé ou Igreja está a descriminar a pessoa, se não aceitar que o sacerdote seja homossexual.

É claro que sabemos que os políticos querem envolver-se nestas coisas, mas será que é esta a tarefa deles?

De querer controlar todas as coisas?

Os órgãos políticos não devem envolver-se directamente, nem legislar sobre questões que envolvam consciência, sentido humano de justiça, sensibilidade religiosa, ética cultural e científica.

Cito alguns exemplos: 

O “aborto, adopção de crianças por casais heterossexuais, casamento entre homossexuais, manipulação genética, regras religiosas e certos interesses económicos, comunitários e culturais”.

A questão sobre o aborto e a manipulação genética pode supostamente envolver crime, pelo menos do ponto de vista de uma parte da sociedade. 

É claro que se ouver assuntos de carácter religioso, moral, cultural científico e outras áreas não políticas que possam envolver crime, isto pode fazer que a política tenha que se envolver directamente nesses assuntos.

Mas de uma maneira geral, em todas estas questões não políticas,  os governos não deviam legislar e quando sentirem que deva haver alguma legislação a respeito de uma delas,  normalmente falando deveriam deixao o povo votar num referendo, pois são questões de ciência, consciência, moral e até religiosa.

Se um assunto não político como os acima citados, começar a criar uma grande tensão dentro de uma sociedade, e caso não venha referido na Constituição do país, ou não haja Legislação em vigor a este respeito, e sentindo-se a necessidade de legislar sobre o mesmo, o máximo que os órgãos politicos deviam decidir em Parlamento é se o assunto deve ser levado a referendo ou não, com o voto, ou o veto, da Presidência da República, no caso de Portugal.

Se o tal assunto for levado a referendo, por uma maioria parlamentar e o voto do Presidente da República, cabe ao povo, com todas as suas representações politicas, civis e religiosas decidir. 

Mas, os governantes ou os membros da presidência da República, não deviam envolver-se enquanto órgãos de Soberania.

Mas podem e deviam envolver-se como cidadãos.

E, mesmo assim, isto não quer dizer que o povo irá fazer a boa escolha do ponto vista social e moral sempre que houver um referendo sobre um assunto não politico. 

Mas, uma coisa é certa e boa, se houver referendo, o assunto foi pelo menos decidido pelo povo e não pelos governantes!

3. Não cabe aos políticos legislar sobre questões de moral, fé e Cultura.                                                
Portanto, não cabe aos políticos legislar ou decidir sobre matérias que envolvam moral, consciência, fé, ciência, cultura, desporto, a não ser nas áreas que estejam estritamente ligadas à esfera da acção política.

Como da mesma forma, não cabe à comunidade religiosa, científica, social, económica, cultural, desportiva etc determinar o que os políticos devem fazer na sua esfera de acção.

"A comunidade deve ser livre, é claro, para falar, dar voz às suas opiniões e até protestar pacificamente contra a acção dos governos, mas não pode tomar o lugar do mesmo, nem pela violência, nem por qualquer outra forma".

A moralidade familiar, moralidade dos costumes, moralidade religiosa, moralidade científica e desportista, não tem nada a haver com a Política, a não ser nas áreas ligadas directamente à mesma.

Terei que repetir para ficar bem claro: 

Que os políticos não podem decidir e muito menos legislar, sobre as crenças que as pessoas devem ter, sobre os seus valores morais, questões ligadas com a consciência e o comportamento, sobre as suas convições políticas ou envolvimento com ideias e associações culturais e mesmo científicas, desde que estas não atentem contra o código civil e penal em vigor.


II. A ordem política no mundo foi criada por Deus.

A. A História de Caim e Abel

Na história de Caim encontramos o estabelecimento de uma autoridade justiceira, que aos poucos vai dar lugar à Instituição a que podemos chamar de Governo devidamente dirigida por majestrados  e autoridades escolhidas para este fim.

Este princípio revelado em Gênesis na história de Caim, foi desenvolvendo passando de Governo tribal para os actuais governos das Nações. 

O Governo é portanto uma instituição estabelecida por Deus:

Vemos isto em Romanos 13:1:

”toda a alma esteja sujeita às autoridades, pois as autoridades que há foram estabelecidas por Deus”.

Leia o capítulo 13:1-7

Vemos que Caim matou Abel e logo a seguir Deus lhe disse em

Gênesis 4:10

“o sangue do teu irmão clama a mim deste a terra”.

A palavra utilizada aqui para “clamar” significa “gritar”. 

E através do Antigo Testamento, esta palavra refere-se ao grito daqueles que estão sofrendo a opressão e a injustiça.

É o grito dos pobres e dos necessecitados, que resultou na destruição de Sodoma e Gomorra Gênesis 18:20 e
Ezequiel 16:49. 

É o grito de Israel na escravidão. Êxodos 2:23-24

Esta palavra é técnica também. 

Fala de um apelo à autoridade no sentido desta intervir numa situação de opressão e injustiça.

Quando há autoridades que preenchem com retidão as funções para o qual foram estabelecidas, este apelo chega a Deus, o guardião de toda a justiça, e Deus vai utilizar estas autoridades para fazer justiça na terra.

Deus apareceu e falou a Caim com autoridade política:

Gênesis 4:11 “E que agora, maldito és desde a terra ... fugitivo e vagabundo serás na terra”

Caim queixa-se que tem medo, pois Deus lhe retirou a Sua proteção judicial: 

Gênesis 4:14“e que hoje da tua face me esconderei e será que todo aquele que me achar me matará”.

Sempre que a Bíblia refere que Deus esconde a sua face de alguém ou de uma Nação, isto quer dizer que Deus não virá mais em sua defesa e, por isso, não vão prevalecer.

Mas quando Deus esconde a sua face de alguém ou de uma Nação, então o injusto irá prevalecer sobre esta pessoa ou Nação.

Vemos estas ideias:

Salmos 101:11; 13:2; 22:25; 27:2, 9; 30:8; 44:25; 69:18; 88:15; 102:3; 143:7

Jó 13:2 

Deuteronómio 31:17-18; 32:20, 35, 36, 41 

Isaías 8:17

Jeremias 16:17

O medo de Caim não era andar escondido de Deus, mas é que Deus escondrsse a sua face dele, pois assim ele ficará à mercê daqueles que o irão matar ou fazer justiça por ele ser um criminoso.

Mas Caim, apesar do criminoso, ainda está debaixo da ordem política de Deus e é Deus o único que tem direito a fazer justiça.

B. Deus estabelece uma ordem política divina

Desta forma Deus disse “porque qualquer que matar Caim, sete vezes será castigado”. 

Ou seja, qualquer que fizer justiça pelas suas próprias mãos será castigado por mim. E para mostar que Deus é quem estabelece uma ordem política na sua criação:

“E pôs o Senhor um sinal em Caím, para que o não ferisse quem o achasse”.

Na ordem política divina estabelecida por Deus, não há lugar para os homens fazerem justiça pelas suas próprias mãos. 

A Justiça terá que ser feita por uma autoridade humana estabelecida na sociedade.

Nessa altura ainda só havia tribos e grupos, mas Deus já estava a ensinar que eles deviam estabelecer governos e tribunais aonde os homens pudessem ser julgados com justiça.

Aparece então Lameque que distorcendo a ordem de Deus:

“qualquer que matar Caim fazendo justiça pelas suas próprias mãos, sete vezes será castigado”, diz:

Gênesis 4:23-24

“Eu matei um varão po me ferir; Porque sete vezes Caim será vingado, mas Lameque setenta vezes sete”.

Com Lameque, não há ordem, não há justiça feita por uma Instituição estabelecida por Deus, mas há sim vingança, barbarismo e desta forma a ordem estabelecida por Deus é pervertida dando lugar à violência e à anarquia na terra em que cada um faz justiça pelas suas próprias leis ou mãos, e passa a prevalecer a lei do mais forte.


III. A Acção do cristão no mundo.









A. O Mandato Cultural é para o homem dominar e governar a terra.


Genesis 1:28 “criai-vos e multiplicai-vos e enhei a terra, e submetei-a”

Este é o mandato cultural de Deus, para o homem desenvolver a cultura, a ciência e as sociedades sobre a Terra.

Este mandato é visto pela Igreja com pouca importância, porque foi uma ordem dada antes da queda, e com a queda a situação mudou pois vindo Cristo a ordem mais proeminente é o mandato de ir pregar a morte e a ressureição de Cristo para a remissão dos pecados e a salvação de todo aquele que Nele crer.

O problema é que comparado com este mandato, o mandato cultural perdeu a sua importância e até infelizmente tornou-se para a Igreja quase optional.

No entanto o mandato cultural e o de pregar a salvação da alma não se substituem um ao outro. 

Nós não temos que escolher entre um e o outro. Nem devíamos dizer que estes mandatos precisam um do outro.

Estes dois mandatos são essencialmente dois aspectos da mesma coisa: 

"que nós somos servos de Deus, através de Jesus Cristo em qualquer coisa que nós pensamos, sentimos ou fazemos em qualquer que seja a área da criação de Deus."

O mandato cultural é o culminar da criação de Deus. 

Depois de Deus ter criado e a Bíblia dizer “e viu Deus que era bom”, mandou o homem encher e governar a Terra.

B. Deus deu o mandato para o homem governar a terra com justiça

Dominar e governar é a tarefa do homem incumbida por Deus. O trabalho do homem é moldar a terra, é dar continuação à obra criadora de Deus.

Mas deve ser um gorverno justo. Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. 

O homem tem a imagem de Deus dentro dele e isto lhe confere atributos e virtudes de Deus, claro que num nível inferior, por isso

Deus o criou com a capacidade para amar e ser justo com os seus semelhantes.

Se nós vemos que o homem hoje não consegue levar isto a cabo, é porque o pecado entrou no mundo e estragou todos os relacionamentos do homem, seja com Deus, seja com os seus semelhante.

Precisamente, a obra redentora, além da salvação da sua alma, vem restituir de novo ao homem esta capacidade de amar e ser justo que Deus lhe conferiu na criação ao atribuir-lhe a sua imagem.

C. Gênesis é o prológo da história humana que vem a seguir.

Gênesis é como o alicerce daquilo que vem a seguir. Primeiro a luz. Depois se desenrola do o cenário.

Depois os personagens e os principais actores entram em cena. Finalmente é anunciado o que se pode desenrolar a seguir e finalmente o drama pode então começar.

O drama é a história humana. O padrão do drama é mostrado nos primeiros 11 capitulos de Genesis, que nos mostra o nascimento da cultura, afectado pela entrada do pecado original no mundo.

Enquanto a história se vai desenrolando Deus abençoa ou amaldiçoa, Deus recompensa ou castiga as acções dos homens. O Dilúvio aparece como um grande castigo de Deus, pois a humanidade estava completamente corrompida.

Há uma mensagem progressiva na Bíblia. O Novo Testamento revela mais coisas do que o Velho Testamento. Mas o mandtao cultural não termina ou deve ser rejeitado ou trocado pela Ordem da Grande
Comissão, assim que a Redenção toma lugar.

D. A redenção deu força e valorizou o mandato cultural.

De facto o mandato cultural é integrado no todo da História humana afectada pela queda e redimida pela Redenção, e adaquire mais força e valor com a redenção.

A entrada do pecado no mundo complicou o mandato cultural, tirou-lhe a força e o valor e este já não pode ser efectuado em condições normais. 

A redenção prometida por Deus logo a seguir à queda, a Adão e Eva, iria tornar a criar as condições para o mandato cultural ser cumprido.

Sobre a promessa da redenção: vemos Deus conversando com Adão e Eva e a serpente sobre a redenção futura em Gênesis 3 e Deus diz à serpente, falando do filho da mulher, que havia de vir:

Gênesis 3:15

“esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” 

O Ser humano irá ser resgatado do pecado e das garras da serpente, pois Jesus Cristo veio para ferir a cabeça da serpente na cruz do calvário. 

A redenção toma lugar com a vinda de Cristo e a derrota de Satanás.

Desta forma o ser humano redimido pelo Salvador, pela libertação do pecado e de satanáz, torna-se um indivíduo muito mais capaz para levar a cabo o mandato cultural. 

Pois passou a valorizar o homem inteiro – corpo, alma e espírito.

Os crentes passaram a sentir a necessidade de obedecer à Ordem da Grande Comissão de Cristo anunciando a salvação e perdão dos pecados em Cristo a todos os homens e culturas e ao mesmo tempo obedecer ao mandato cultural e desenvolver as sociedadas humanas, conferindo-as justiça, igualdade, dignidade e continuidade, como Deus ordenou logo de início.

E. A Lei - etapa intermediária entre o mandato culural e a redenção de Cristo.

Mas entre o mandato cultural e a redenção, há uma grande etapa. A etapa da Lei.

Quando Deus deu a Lei, não era só para atingir resultados espirituais. 

A lei devia cobrir todas as dimensões do Relacionamento entre Deus e o homem, e entre o homem e os seus semelhantes. Os 10 mandamentos e toda a lei mosaica procura cobrir todos estes relacionamentos.

Vemos nos 10 mandamentos e em toda a Lei mosaica instruções detalhadas sobre trabalho, economia, política, justiça, familia e até sobre saúde Lev 25:1-7 como tratar os animais Deut 22:6, sobre higiene Det 23:12-13 e contribuir para Deus.

É verdade que o Antigo Testamento lidam muito com as questões externas (a sociedade) e o Novo Testamento com as questões internas (a Fé e a espiritualidade).

É verdade que a redenção tem a sua raíz na graça de Deus e não nas actividades ou obras humanas. 

O homem é salvo exclusivamente pela graça de Deus, e não pelas suas obras. Mas de outro lado, também é verdade que o serviço, como um acto de obediência a Deus, surge como uma resposta de gratidão do homem e se manifesta em todas as áreas e relacionamentos da actividade humana, tanto de carácter cultural (Sociedade) como espiritual (Igreja).

Esta prespectiva junta do mandato cultural e a grande comissão, foram um dos baluartes da Reforma. 

Os reformadores, ao contrário da Igreja Católica, enfatizavam bem que o Sacerdócio dos crentes, incluia todos os crentes, e era um serviço feito para Deus que incluia todos os aspectos sociais e espirituais da actividade humana.


IV. Estatização do Estado e o globalismo

A. O Socialismo e o pós modernismo são hostis à Bíblia

O socialismo e o pós-modernismo são claramente hostis à ideia de uma verdade única, exclusiva, objectiva, externa ou transcendente, pois a verdade para estas ideologias é meramente relativa e subjectiva!

No entanto, apesar de não acreditarem numa verdade absoluta e numa moral normativa, pretendem estar a lutar por uma sociedade mais justa, procurando abolir todo o tipo de descriminação baseada em raça, cor, etnia, sexo, idade, orientação sexual, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer outra natureza.

Sobre esta questão da verdade absoluta Rawls disse: 

“Se não podemos apelar para Deus, nem para os «factos morais», restará alguma coisa sobre a qual a moralidade se possa fundar?” 

É a esta forma absoluta de encarar os princípios da justiça que Rawls designou de “teoria da justiça”, na base da qual formou a sua teoria política.

Mas o que tem o socialismo e o pós-modernismo, ou Rawls a haver com esta questão da “estatização das ideias”? O que quer isto dizer?

Esta teoria fala da tentativa do Estado legalizar de tal forma as ideias do Estado em questões morais (e justiça!?), que quem não seguir estas ideias - tornadas leis - sofrerá nem que seja “perseguição na praça pública”, não podendo expressar livremente as suas opiniões e convicções em matéria moral e religiosa.

O Socialismo desenvolveu logo à partida a ideia da estatização dos bens, procurando estabelecer uma teoria da igualdade que acabou por se mostrar utópica. 

Veio o Socialismo reformista que tendo-se tornado mais Liberal do ponto vista económico (neo-liberal diria eu) continuou a manter a ideia de nacionalizar ou estatizar as coisas, passando da estatização dos bens para as ideias.

O Estado deixa de estatizar os bens e passa a estatizar as ideias que estejam directamente ligadas com comportamentos, moralidade, vida e justiça.

Não podemos esquecer que mal surgiram as ideias de esquerda, que deram nascimento ao socialismo, quiseram logo fazer crer ao mundo que o cristianismo e o capitalismo liberal foram e são os grandes culpados de quase todas as formas de descriminação e injustiças que existem no mundo.

Ao mesmo tempo, pretenderam logo desde a sua concepção, serem os únicos caminhos para trazer liberdade e justiça social ao mundo.


B. A Moral da história é quererem amordaçar a Igreja de Cristo

Mas a moral desta história, no final de tudo, é que estas ideologias têm o objectivo de amordaçar as Igrejas cristãs, impedindo-as de defender os seus princípios bíblicos dentro da sociedade.

Como é que este objectivo de fazer calar a Bíblia e as Igrejas vai ser atingido? Precisamente através da tal “estatização das ideias” cujo o objectivo é de legalizar a lei (desculpem o pleonasmo, é só para enfatizar a ideia), a lei de que “a Igreja não pode envolver-se na política”, a lei de que “a Igreja tem que seguir à risca as leis do Estado (e não da Bíblia)”.

É claro que não vamos ver assim escrito em nenhum decreto “que a Igreja deve obedecer ao Estado”, mas ao legalizar rigidamente leis que vão totalmente contra o ensino da Igreja, o Estado irá fazer tudo para limitar legalmente a manobra (e a mensagem) das Igrejas cristãs.

Quem não reparou nesta tendência do “Estado querer estatizar as ideias” quando os políticos da esquerda criticavam a posição da Igreja católica na campanha do referendo sobre o aborto, é porque não está muito dentro da matéria. 

Claro que a esquerda fez tudo para a Igreja calar a boca !!!

Eu não quero encobrir o facto de que houve momentos na história em que as Igrejas cristãs comportaram-se muito mal. 

Mas, não podemos também ignorar que as Igrejas cristãs têm deixado ao mundo um património de valores morais e espirituais que estão na base do nosso conceito de justiça social e da declaração universal dos direitos humanos.

Mas, pelos vistos, o socialismo (e o pós-modernismo) pretendem ser mais virtuosos do que o cristianismo, mesmo não acreditando em Deus, nem numa moral absoluta como nós os cristãos acreditamos!

“Se não podemos apelar para Deus, nem para os «factos morais», como é possível uma sociedade ser justa?” 

Foi desta fórmula que Rawles extraiu a sua “teoria da justiça”, donde enfatizou conceitos de igualdade e equidade (justiça distributiva) que tem feito pensar muitos políticos e filósofos dos nossos tempos!

Como é que uma ideologia cuja moral é “utilitária” e que diz que “só existe a mãe natureza”, pretende ser tão Redentora para o mundo!

Quando o “Estado tiver estatizado rigidamente as suas leis em certos assuntos” as liberdades cristãs terminarão, ou no mínimo as Igrejas cristãs perderão muito - seja na rua, seja no púlpito - a sua liberdade de expressão!

Os cristãos já não poderão dizer a boca cheia que discordam do aborto. Aliás, já fomos chamados “cruéis” só porque numa campanha defendemos o direito à vida das crianças que se encontram no útero materno!

Os cristãos já não poderão dizer que o homosexualismo é um desvio do comportamento e que querem proteger os seus filhos deste desvio de comportamento, pois estarão a descriminar.

Em certos países protestantes as Igrejas já não podem negar-se a fazer o casamento de um casal de homosexuais ou lésbicas. 

Daqui a pouco será o casamento múltiplo, em que não importa o género sexual, o número de parceiros ou a afinidade familiar!

Um Lar cristão que tome conta de crianças já não poderá negar as suas crianças para a adopção a um casal homosexual ou lésbico (ou ao cuidado de um casamento múltiplo no futuro). Estas leis já estão em vigor em alguns países e a entrar noutros!

No natal, os cristãos terão que enviar postais com Happy Winter, pois postais com Happy Christmas são discriminatórios e ofendem as pessoas das outras religiões.

Aliás, isto já acontece na Inglaterra, onde o parlamento socialista está a querer fazer passar uma lei muito rígida para penalizar aqueles que “ofendem” ao divulgar a sua mensagem “os outros que não têm as mesmas ideias ou crenças”. 

Os programas radiofónicos ou televisivos bíblicos estão a ter cada vez mais dificuldade em conseguir um tempo de antena!

As Igrejas cristãs já não terão mais liberdade para defender o conceito cristão de família, pois ao fazerem isto estão a descriminar! 

Já não poderão defender ou pregar que o género sexual é feminino e masculino “macho e fêmea os criou” (Génesis 1 e 2), pois estarão a ofender o direito à diferença e a ideia da diversidade sexual!

Não poderão dizer nada sobre a eutanásia, a manipulação dos genes etc Muito menos fazer uma campanha!

E, assim, pouco a pouco, a Bíblia como regra de fé dos crentes, deixará de ser ensinada na íntegra, ficando as Igrejas sujeitas a retaliação dos Estados europeus. 

Mas os outros podem pregar as suas crenças, terem os seus locais de cultos na Europa e proibirem-nos de pregar as nossas crenças e de termos os nossos locais de culto em seus países!

E pessoas de outros comportamentos poderão proclamar a sua liberdade na TV e assediar os nossos filhos nos Shoppings! E nós teremos que ficar de boa calada, senão estamos a descriminar!

Será que estamos tão cegos que não conseguimos ver qual é a moral desta pretensão socialista/modernista de lutar por uma sociedade justa?

Para o socialismo e o pós-modernismo (pelo menos o radical), uma sociedade justa é uma sociedade “não cristã”, em que se podem matar os nascituros, os velhos, em que as mulheres podem casar com as mulheres, os homens com homens, os jovens são aconselhados a ter relações pré matrimoniais, o conceito de género sexual deixa de existir, assim como o conceito de Moral e de Deus!

Não só! O Estado vai Estatizar (legalizar) as suas ideias sobre estes assuntos e daqui a pouco e já agora ai de quem abrir o bico!

E muitos já estão a sonhar com uma sociedade “pós-cristã”, mas estão redondamente enganados, ou Deus não é Deus!

Mas passemos para outro ponto. O socialismo diz que não acredita no diabo, mas está a ver diabos em todos os lados. Em todas as pessoas. Em todos os cristãos.

No fundo estão a dizer que o trabalho das Igrejas nestes dois mil anos, só serviu para criar diabos. 

E o Socialismo apresenta-se redentor; o outro redentor, dos cristãos, só serviu para deturpar o homem com as suas doutrinas.

A verdade está nos manuais socialistas e modernistas! Nos políticos socialistas e modernistas! Os outros são todos uns diabos!

Mas esperem lá! Eu, nunca vi um cristão maltratar um homosexual, prostituta, nem maltratar uma pessoa por causa da sua religião ou da sua cor e eu vivi no tempo do Marcelo Caetano! 

70% dos crentes na minha Igreja eram de cor e na minha equipe de futebol 50% eram de cor.

Vi casos de orgulho, em que pessoas por terem uma situação financeira melhor rebaixaram os outros. 

Vi um ou outro caso pontual, em que a questão da raça, da cor, religião ou opção sexual esteve na origem do abuso!

É claro que não estou a dizer que não há injustiça nos relacionamentos humanos. Claro que há, até dentro das famílias entre marido e mulher, pais e filhos! 

Não fosse o homem pecador por natureza. Mas, a ideia de ver diabos em todo o lado, de chamar “cruéis” aos cristãos, isto é demais e abusivo!

Eu acredito que chegaremos a uma altura em que os crentes vão ouvir dizer: “calem-se, ou levam, pois nós temos o direito de fazer o que bem nos apetece com o apoio do Estado!”

É verdade que Bíblia ensina a obediência às autoridades (Romanos 14), mas também está escrito: “Devemos obedecer mais a Deus do que aos homens” Atos 5:29


V. A Globalização e o governo da Besta

A. A Globalização é uma questão bem antiga

"lhes seja posto um sinal, para que ninguém possa comprar nem vender" Ap 13:16-18

A “Globalização” não é uma questão nova, é antiga, os seus contornos é que são novos, pois vivemos numa sociedade com a capacidade para criar um globalismo maior devido ao aparecimento da alta tecnologia.

Antigamente o globalismo existiu na forma de impérios, passando para impérios feudais e coloniais.

Grandes reinos e senhores, e mais tarde países procuraram dominar, governar e explorar os povos mais pobres e mais fracos.

Vemos esta forma de procurar dominar, governar e explorar os outros no decorrer de toda a História até aos nossos dias. 

A Bíblia fala muito deste sentimento do homem querer globalizar, e apresenta muitos casos de impérios mundiais no passado, e até profetiza acerca de uma Globalização no futuro, em que reinos se unirão uns aos outros, não só com o objectivo de tiranizar os mais fracos, pobres lou diferentes, mas com o objectivo primário de revoltarem-se contra os céus, contra Deus.

É o caso da Grande Babilónia descrita no livro do Apocalipse.

Em nossos dias, devido a alta tecnologia, esse sentimento de querer governar, dominar e explorar os mais pobres e mais fracos, tomou a forma e nome de “Globalização”, pois já é possível tornar o planeta numa “Aldeia Global”.

Mas o objectivo é sempre o mesmo, fazer com que a riqueza e o governo fique nas mãos de algumas pessoas, e nunca para diminuir a fome e a dor no mundo.

A ONU é quem praticamente deu inicio à “Globalização”. 

Para isto, iniciou um pacote de projectos e reformas em que visava dividir o mundo em algumas regiões mundiais, em que a Europa Unida seria uma delas.

Para isto, dentro da Europa, deu-se inicio a um comércio sem fronteiras, mais tarde a moeda única, e depois aos parlamentos e tribunais europeus com total soberania sobre a comunidade, a a ideia de religião única continua a ser mais do que falada, até se falou em criar uma língua única. 

Isto tudo, porque os líderes dizem que a única maneira de evitar os conflitos e o mundo viver em paz, é unir tudo, “Globalizar”, comércio, moeda, língua, políticas e leis.

B. Três perguntas impertinentes acerca da Globalização:

1. Quas são os motivos subjacentos a esta ideia da “Globalização”? 

É para lutar contra a pobreza ou tornar os ricos mais ricos?

2. O que lemos na Bíblia sobre a ideia da Globalização? Um parecer positivo ou negativo?

3. É um projecto divino para as sociedades ou meramente humano e até diabólico?

Alguns líderes já pensam até em uma moeda única, e até mesmo uma RELIGIÃO ÚNICA, como forma de pacificação do mundo e evitar conflitos futuros. 

Na Europa a moeda única já circula em cerca de 90% dos países.
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Alguns líderes políticos e especialistas são categóricos em afirmar que a globalização em torno da ONU é inevitável. Pensam que esta seria a única salvaguarda para um mundo cheio de diferenças e conflitos. 

Um mundo como uma única nação e com um único líder. As nações seriam apenas como estados de uma grande nação mundial.

Será que a bíblia nos ensina algo assim para os dias finais? Será que podemos encontrar luz sobre uma globalização sem precedentes para nossos dias na palavra de Deus? 

Uma reforma de 10 ou 11 permanente se encaixaria com perfeição na descrição de Apocalipse 17:12 e 13.

Abaixo veja o que o mensageiro do Senhor para os nossos dias escreveu a respeito

“A ira de satanás aumenta à medida em que o tempo se abrevia, e sua obra de engano e destruição atingirá o auge no tempo de angústia. 

Terríveis cenas de caráter sobrenatural logo se manifestarão nos céus, como indício do poder dos demônios, operadores de prodígios. 

Os Espíritos diabólicos sairão aos reis da terra e ao mundo inteiro, para segurá-los no engano, e força-los a se unirem a satanás em sua última grande luta contra o governo do céu.” Grande Conflito, 623,624.
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“Terrível é a crise para a qual caminha o mundo. Os poderes da terra, unindo-se para combater os mandamentos de Deus, decretarão que todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos (Apoc. 13:16), se conformem aos costumes do Estado e da falsa Igreja (a Babilónia), pela observância de falsas leis.”


VI. Análise às ideologias políticas que governam o mundo

A. As correntes políticas mais proeminentes no mundo

B. A relação das ideologias políticas com o cristianismo

Tratarei desta secção VI.  mais tarde

FIM