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quarta-feira, 27 de junho de 2007

8 - A ideia de Deus e o Mundo

A Fé cristã vista do ponto vista filosófico e racional 

Introdução geral


Abram nos Assuntos os 12 posts ligados com Este Tema sobre Religião e Filosofia, que especifico em baixo:

1. A Religião e a Filosofia

2 - A Religião

3 - O Conhecimento

4 - A ideia de Deus

5 - A ideia do Universo

6 - A ideia do Homem

7 - A ideia do Bem e do Mal

8 - A ideia de Deus e o Mundo

9 - A Ideia de Deus e do Homem

10/11 - Os Milagres e o Além

12 - Assuntos controversos

Eu fiz este trabalho a pensar em todos aqueles que se interessam pela filosofia, religião e as ciências em geral. 


O livro toca em muitas esferas da realidade e procura determinar aquilo que o cristianismo, a religião, a filosofia e a ciência dizem da realidade que podemos ver e da realidade que está para além dos nossos cinco sentidos.


Embora muitos estudiosos agarrem-se à ideia de que somos seres racionais, quando no entanto pensamos na pesquisa da realidade que está para além dos nossos cinco sentidos,  nós temos que incluir também o coração e não só a mente na busca dessa realidade sobrenatural.


Ninguém pode ter uma compreensão global da vida e do mundo só pelo uso do seu intelecto – ou razão. 


Afinal de contas a razão só nos permite conceber e compreender o mundo e a vida através da nossa própria perspectiva racional e cultural e de uma forma muito parcial.


É por essa razão que é errado dizer que nós somos unicamente seres racionais, pois além dos nossos pensamentos nós temos também sentimentos, emoções, impulsos e as crenças profundas que existem dentro da nossa alma.


Não se pode reduzir a nossa actividade cognitiva, assim como as nossas pesquisas filosóficas e religiosas unicamente à esfera do nosso raciocíno, ignorando o nosso lado sentimental e emocional e a faculdade que temos de crer num mundo sobrenatural que ultrapassa a esfera do racional e do natural.


Nós só podemos ter uma compreensão global da existência e dos relacionamentos humanos, se compreendermos que temos que envolver não somente o raciocínio, mas também o nosso coração nessa pesquisa/processo.


O raciocínio pode ser a sede dos nossos pensamentos, mas o coração é a sede dos nossos sentimentos, emoções, impulsos e crenças.


Por essa razão, neste trabalho, eu irei falar das três grandes actividades do ser humano na procura da compreensão global da existência, que são: o pensamento, o sentimento e a crença. Irei tentar mostrar que estas actividades não se contradizem, mas antes se completam. 


Claro que ao querer mostrar que o cristianismo é uma fé que “sente e crê”, irei salientar também que o cristianismo é uma fé  que “pensa”. É por isso que o título deste trabalho é A fé cristã vista do ponto vista filosófico e racional.


Neste livro eu procuro também dar uma explicação para questões misteriosas que estão ligadas com o nosso mundo natural, com a revelação bíblica e com o campo filosófico.


Vale a pena ler sobre a abordagem que faço acerca de alguns temas misteriosos relacionados com o universo, o homem e com Deus.
 
Capitulo 8 - A ideia de Deus e o mundo

I. Diversas ideias sobre Deus e o mundo


A. O politeísmo

1. O politeísmo nasceu de várias causas
2. O religiões monoteístas criaram muitos credos, santos e padroeiros
3. O judaísmo e o cristianismo tiraram a credibilidade ao poleteísmo.

B. O panteísmo

1. Deus é igual ao Todo existente.
2. Os três caminhos que conduzem ao panteísmo.
3. O panteísmo não tem noção de moralidade.
4. A raíz defeituosa do panteísmo é considerar que Deus é o Todo.

C. O deísmo

1. A diferença entre o deísmo e o teísmo
2. Os diversos tipo de deísmo
3. "Deus sim, o Evangelho não" é a base do deísmo
4. O deísmo morreu antes de John Wesley morrer

D. O monotéismo

1. O monoteísmo tem as as suas raízes na religião hebraica
2. O monoteísmo não é uma religião mas sim uma doutrina sobre Deus
3. A ideia monoteísta sobre a criação
4. A criação não é cosmocêntrica
5. A providência divina


I I. A ideia monoteísta sobre Deus e a criação

A. É a criação um acto (único) ou é uma actividade de Deus contínua

1. É a criação feita no tempo o tempo é parte da criação
2. É a criação um acto ou uma actividade eterna contínua

B. É difícil relacionar a ideia de Deus com a ideia do tempo e espaço

1. A compreensão das relações espaço e tempo
2. Sobre o tempo e o espaço

C. É a criação cosmocêntrica?

1. Não podemos limitar a criação de Deus somente ao universo
2. Deus é o centro de tudo e não o homem 

D. A providência divina

1. A providência é acima de tudo um conceito Bíblico e Cristã
2. Soberania de Deus e a responsabilidade humana



I. Diversas ideias sobre Deus e o mundo

Vamos ver nesta primeira secção as quatro grandes correntes de pensamento que procuram explicar  sobre “Deus na sua relação com o mundo”.



A. O politeísmo


1. O politeísmo nasceu de várias causas

São várias as causas que permitiram o desenvolvimento do politeísmo. Os deuses sem nomes amalgamavam com outros deuses. O casamento entre pessoas de tribos diferentes causavam uma combinação de deuses.


Os deuses das tribos fortes tornavam-se deuses nacionais. O politeísmo tem sido sempre a uma religião popular. E ainda hoje é assim.



2. As religiões monoteístas criaram muitos credos, santos e padroeiros

Mas nós vemos que no cristianismo, os cristãos não adoram só a Deus, pois afinal também adoram santos e padroeiros., embora é claro não possamos chamar ao Cristianismo uma religião "politeísta".


E há santos e padroeiros que se tornaram muito importantes e adorados, como por exemplo é o caso de Maria que atingiu um expoente máximo com o catolicismo, sendo considerada mesmo como mediadora entre Deus e os homens - ocupando quase a mesma posição que Cristo - sendo chamada a "Mãe de Deus".



O catequismo católico ensina que Maria não tem pecado original, e é chamada de "imaculada". O nome de Maria é invocado por todos os católicos, que rezam a ela em busca de ajuda e protecção. De certo Maria e outros santos e padroeiros tornaram-se "deuses" para os católicos".


O mesmo acontece com o islamismo e o judaísmo. Assim como cristianismo, o islamismo e o judaísmo embora tenham uma ortodoxia monoteísta, estas 3 religiões foram invadidos por muitos credos populares que de certo modo "divinizaram" muitos dos seus líderes e santos.


É por essa razão que nessas três religiões monoteístas,  há muito sítios em que se tornaram numa "folk religion" (religião popular) onde cada local venera e segue o seu santo ou padroeiro.



3. O judaísmo e o cristianismo tiraram a credibilidade ao politeísmo.

No entanto, voltando ao assunto do politeísmo, nós vemos que as denúncias dos profetas hebreus colocaram muitos problemas às ideias religiosas politeístas e, por final, a religião hebraica e o cristianismo fizeram o politeísmo perder a sua credibilidade e revelaram que o politeísmo afinal conduziu a religião à imoralidade e à idolatria.


A ideia de que a divindade era composta por uma multiplicidade de espíritos, foi ultrapassada pela ideia de que Deus é um espírito único, criador, sustentador e soberano do Universo.


"O politeísmo ficou onde a maré dos tempos o deixou".


Somente alguns pluralistas radicais poderiam objectar a veracidade do mesmo.


B. O panteísmo



1. Deus é igual ao todo existente

O panteísmo embora pretenda às vezes ser monoteísta, falta-lhe aquele lado só de Deus, que caracteriza a fé monoteísta.


"A equação geral do panteísmo é: Deus = ao existente (Deus é igual ao existente); não importando se o existente é espiritual ou material".


O sistema mais completo do Panteísmo é o da Índia. Mas, também esteve representado no Ocidente através do ensinamento de alguns filósofos. O Idealismo absoluto tem muito inclinação para o panteísmo, especialmente se tiver uma interpretação religiosa. Hegel, por exemplo, foi muitas vezes acusado de ser um panteísta, por causa da sua doutrina do Absoluto.



2. Os três caminhos que conduzem ao panteísmo

Em geral, há três caminhos que nos conduzem ao panteísmo:



a. A filosofia

O primeiro tem sido a filosofia. Há pouca ou nenhuma diferença entre o panteísmo e o monismo rígido, a não ser na questão da atribuição de predicados religiosos ao Todo.



b. A poesia e a arte

O segundo caminho tem sido através da poesia e da arte que através do seu romantismo tem muitas vezes concedido divindade à natureza.



c. O misticismo

Por último, temos o misticismo. Muitos místicos tem sido mais panteístas do que teístas.


3. O panteísmo não tem noção de moralidade

O panteísmo deu lugar ao monoteísmo, pois o monoteísmo satisfaz as aspirações das pessoas, dando-lhes aquilo que o panteísmo não consegue dar.


O panteísmo não resolve o problema da escolha entre aceitarmos a noção de Deus e a noção de um Todo, e a noção entre o bem e o mal, pois as noções encontram-se amalgamadas.


"Por isso, não se consegue caracterizar Deus no panteísmo, e o sentido moral não passa de um conceito muito superficial, tal é a forma como Deus, e o bem e o mal fazem parte da mesma coisa".


Os panteístas que tendo sido grandes moralistas, revelam mais uma das inconsistências do panteísmo, porque o Todo que o panteísmo defende como sendo Deus, tem dois pólos o mal e o bem.



4. A raiz defeituosa do panteísmo é considerar que Deus é o Todo

Portanto Deus é bom e mau, ao mesmo tempo! É alegria e a tristeza. É a paz e a guerra. É a saúde e a doença. É a vida e a morte.


O sistema acomodado do panteísmo mostra que Deus é um Deus intra-mundo. Mas a ideia teísta fala de um Deus extra-mundo.


"A raiz defeituosa do panteísmo é considerar que Deus é o Todo".


C. O deísmo



1. A diferença entre o deísmo e o teísmo

É fácil reconhecer a diferença entre o deísmo e o teísmo:


O deísmo defende a ideia de um Deus transcendente que criou o mundo e, depois, deixou seguir o seu curso desenvolvendo-se livremente. Não é um movimento, mas sim uma ideia que têm influenciado muitos movimentos.



2. Os diversos tipos de deísmo

Há diversas opiniões nos que acreditam nesta doutrina:



a. Deus vive despreocupado com o mundo

Há os que crêem num Deus que vive despreocupado com o mundo.



b. Deus é muito transcendente para recompensar ou castigar

E há aqueles que dizem não existir nada após a morte, porque Deus sendo tão transcendente não estabeleceu nem punições nem recompensas.



3. "Deus sim, mas não o Evangelho" é a base do deísmo

"A frase Deus mas não Evangelho dá uma ideia da base da doutrina do deísmo". O verdadeiro deísmo acredita num governo moral mas não na revelação bíblica divina.


O último movimento, inteiramente britânico, teve uma vida curta, terminando nos finais do século XVIII.


Toland, em 1696, refutou a ideia de mistério ligado com Deus, pois dizia que não havia em Deus nada que não pudesse ser compreendido pela razão. Collins, também atacou os milagres e a profecia tão defendida pelos evangelistas cristãos.


Mas, mais tarde, surgiu uma grande discussão à volta dos milagres e das profecias, que afinal não podem ser compreendido só pela razão. E dessa discussão muito acesa, veio subitamente o fim do deísmo.


Entretanto, o movimento Metodista, com John Wesley, deu início a uma nova discussão religiosa, muito interessante, embora controversa, que era a questão das obras de caridade, esquecida por causa da ênfase que se dava que a salvação é pela Graça e pela Fé e não pelas obras, a descoberta bíblica sensacional feita por Lutero, Calvino, que deu origem às refromas protestantes.


Nessa altura, os estudiosos que seguiam o deísmo, deixam o entusiasmo à volta das questões emanentes sobre a Graça e a Fé e voltam-se para nova discussão trazida por Wesley – as obras de caridade.


Então, Wesley confrontou o deísmo, não com palavras, mas com obras. Ele tornou Deus numa realidade. Ele salientou que quando o homem encontra a salvação pelo mistério da Graça e da Fé, isto não só lhe dá a salvação da alma, mas traz-lhe também as boas obras, assim como libertação, cura e emancipação da pessoa terrena em relação ao pecado.



4. O deísmo morreu antes de John Wesley morrer

O pensamento do deísmo defendia um cristianismo sem Cristo. Eles ignoravam a pessoa e a obra de Cristo.


O deísmo morreu antes de John Wesley morrer.


Mas apesar de ter perdido a sua expressão, alguns cientistas em nossos dias estão marcados pelo deísmo, e, por isso, o seu racionalismo está imbuído de um pouco de deísmo e não só de agnosticismo e ateísmo.


O deísmo é mecanicista e abstracto, e é uma ideia que permite que haja possibilidade de haver uma ligação entre Deus e o homem. O deísmo nunca reconheceu lugar para a adoração, a oração e a comunhão com Deus.


"Por isso, no fundo, o deísmo não é uma religião é uma filosofia".


D. O monoteísmo


A doutrina monoteísta defende a existência de um só Deus e separa Deus da criação. Deus é uma coisa, a criação é outra. No entanto para o Judaísmo e o Islamismo, o Cristianismo tornou-se apenas teísta (não mono) por causa da sua crença na trindade - que Deus se revela nas Escrituras em três pessoas.



1. O monoteísmo tem as suas raízes na religião hebraica

Historicamente, o monoteísmo tem a sua herança na mensagem dos profetas hebreus. O povo semita era politeísta, pois cada tribo adorava o seu Deus. Os hebreus foram o único povo semita que desenvolveu a ideia de um único Deus Yehavé ou Jeová. O cristianismo e o islamismo derivam o seu monoteísmo dos hebreus.


A ideia que defende que já havia povos monoteístas antes dos hebreus, não passa de uma suposição proveniente de uma escassez de factos. Os povos mais antigos mostravam um grande interesse pelos seus próprios deuses, não ligando muito importância aos deuses dos outros. Por essa razão, falavam pouco dos outros deuses.


O monoteísmo dos hebreus foi magnificamente transmitido até aos nossos tempos através de muitos factos históricos e também de documentos e literatura histórica, como por exemplo o Antigo Testamento. "Se houve povos monoteístas antes dos hebreus ou da mesma época, não transmitiram a sua descoberta monoteísta!"



2. O monoteísmo não é uma religião mas sim uma doutrina sobre Deus

O monoteísmo não é uma religião, mas simplesmente uma doutrina sobre Deus, ensinada nas grandes religiões - Cristianismo, Judaísmo e Islamismo. À parte da ideia monoteísta sobre Deus, estas três religiões não têm praticamente muitas outras doutrinas fundamentais comuns.


Mas, por causa da ideia monoteísta, há uma doutrina comum nestas religiões acerca do relacionamento entre Deus e o Homem, especialmente no que diz respeito à questão da criação e da providência divina.


Estas três religiões falam da criação e da providência divina.




I I. A ideia monoteísta sobre Deus e a criação

Andrew Lang disse que logo que o homem começou a fazer coisas, ele começou a pensar num criador das coisas. É claro que a ideia de um criador/criação começou numa época tão antiga, que não há documento ou testemunho histórico que lhe possa dar crédito.


"Mas toda a história do pensamento testemunha que o homem teve sempre a noção de um mundo criado por uma força poderosa e nunca a ideia de um mundo que existiu sempre, eternamente, sem criador".


Já no pensamento antigo atribuíam a criação a totens, animais ou às coisas. Vindo o politeísmo começaram a atribuir a criação aos deuses. O último estágio do pensamento filosófico antes do cristianismo, foi o pensamento grego e, antes deste, tínhamos o pensamento indo.


Pensamentos que também nunca anularam a questão de uma força criadora do universo. O cristianismo teve a sua origem no Judaísmo.


Ambos, defendem a ideia de um Deus criador.


Entretanto a ideia de criação levanta muitos perguntas, no que diz respeito ao seu processo como à sua relação com o espaço e com o tempo.


A. É a criação um acto (único) ou é uma actividade de Deus contínua


1. É a criação feita no tempo e no espaço ou o tempo e o espaço são parte da criação de Deus?

Com o desenvolvimento da filosofia, começaram a surgir perguntas ligadas com o processo criativo, tais como:


A criação do Universo foi feita no tempo e no 
espaço? Se sim, Deus existe no tempo e no espaço?

Ou é o tempo e o 
espaço uma dimensão da criação do Universo?

Alguns tentaram responder, afirmando que a criação não é um acto, mas uma actividade 
contínua de Deus , ou seja, a actividade própria (“self-activity”) imanente do Deus transcendente. 

Ou seja, o Universo é simplesmente uma actividade contínua de Deus.


2. A criação do Universo é um acto criador ou é uma actividade eterna contínude Deus?

Alguns filósofos disseram que a preservação do Universo, só poderia manter-se com uma criação eterna contínua. Aquinas, crendo num princípio, acreditava numa criação de acto do Universo e não num processo contínuo e eterno imanente de um Deus eterno!


Um processo eterno e contínuo da criação levanta a questão do princípio. Por isso, filosoficamente falando talvez seja melhor, dizer que a criação do nosso Universo é um Acto Criador de Deus e que teve um 
princípio.

É um acto criador de Deus que ao criar o Universo deu-lhe uma ordem temporal e espacial. 

Além disso, se o Universo fosse uma actividade divina podemos cair no erro de dizer que o nosso Universo é afinal tudo o que Deus criou.

Mas tanto filosoficamente como religiosamente, não podemos crer que toda a actividade criadora de Deus tem estado absorvida somente na criação do nosso universo.

Se assim fosse "o nosso Universo seria o centro da actividade criadora de Deus e o homem o ser criado por excelência".

Deus tem criado certamente outras esferas da existência - outros mundos - que não têm a haver forçosamente com a nossa criação, temporal e espacial, que teve um principio, e onde parece que o homem é o centro desta criação.


Neste caso, a criação tem sido uma actividade contínua de Deus, mas composta de diversos actos. Nenhum acto é eterno. O nosso Universo faz parte simplesmente de um desses actos.


Por exemplo os anjos e os anjos que pecaram foram também actos criadores de Deus que podem ter sido criados mesmo antes do nosso Universo ter sido criado, quem sabe.

Todos os actos de Deus tiveram um princípio e se calhar terão um fim, ou uma mudança, como a Bíblia parece claramente indicar que a nossa criação vai ter uma mudança, e que vai ser destruida e criados "novos céus e nova terra".


Isaías 51:16 Ponho as minhas palavras na tua boca e te protejo com a sombra da minha mão, para que eu estenda novos céus, funde nova terra e diga a Sião: Tu és o meu povo. 17 Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas. 22 Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome".

2 Pedro 3:13 "Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça".


Apocalipse 21:1 "Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe"


De toda a maneira no que diz respeito ao universo, o mesmo é composto de átomos em dissolução, que parecem provar que não são eternos. O nosso universo é composto de acontecimentos que foram "acontecendo ou mudando' no tempo", parecendo claramente indicar que houve um princípio.

B. É difícil relacionar a ideia de Deus com a ideia do tempo e espaço


É muito difícil relacionar a ideia de Deus com a ideia de tempo ou a ideia de uma criação que teve um princípio. Para nós que vivemos no tempo é impossível formar concepções que não sejam contraditórias em si mesmo.



1. A compreensão das relações tempo e o espaço

Fala-se da noção espaço/tempo. Mas isto ajuda simplesmente ao pensarmos nos acontecimentos que fazem parte do nosso sistema de acontecimentos.


"Mas, o conceito espaço/tempo não fornece qualquer explicação no que diz respeito sobre a questão filosófica que tenta definir o relacionamento entre Deus e a sua acção criadora ou a sua actividade criativa".


Não podemos utilizar a noção espaço/tempo para tentar definir este relacionamento entre Deus e a sua actividade criadora.



2. Sobre o tempo e o espaço

É impossível pensar no espaço e tempo sem cair em contradições insolúveis, especialmente quando as queremos enquadrar em conceitos como a eternidade o infinito.



a. Sobre o tempo

Sobre a relação tempo, nós podemos ter uma noção consciente em nossa mente de que o tempo é uma medida que vai de um acontecimento ao outro. "Mas já não conseguimos relacionar o tempo com a eternidade, pois a eternidade não contém tempo, pura e simplesmente".


É por essa razão que o tempo é uma medida finita, com princípio e fim. A nossa criação existe no tempo.


Mas Deus existe fora do tempo.


E será que fora desta nossa dimensão "o tempo", Deus não trabalha, não faz nada?


Claro que Deus trabalha, Deus cria, pois é impossível conceber um Deus eterno, sem conceber uma actividade criadora contínua - seja dentro ou fora do tempo.



b. Sobre o espaço

Acerca da relação espaço, embora tenhamos uma ideia mental sobre esta medida que também é finita, é mais difícil para a nossa mente conceber/compreender o espaço do que o tempo. É muito difícil para nós conceber um espaço infinito, porque somos finitos. Para nós o espaço termina algures.


Mas, por outro lado, é difícil conceber um espaço que termina algures, porque surge logo a pergunta da criança, “Pai, o que existe lá fora?”.


Vimos a pergunta da criança na sebenta 5 A ideia de Deus e o Universo no meu blog, e cuja resposta à pergunta da criança é devidamente explicada nessa sebenta.


Vamos falar sobre algumas ideias acerca do espaço:


Os telescópicos mais potentes, ainda não conseguiram, nem conseguirão, penetrar todo o espaço. Depois das Galáxias vêm os Quasares e quando atingirem para lá dos quasares, haverá uma outra coisa.


Nós poderíamos perguntar “será que Deus criou o espaço da nossa criação finito, mas para além do nosso espaço há outro espaço?!”.


Se houvesse outro espaço teria de ser constituído de uma outra natureza. Mas isto nos levaria à ideia de uma outra dimensão. E a partir da altura em que se começa a pensar numa outra dimensão, não podemos pensar que esta outra dimensão é a continuação da nossa dimensão.


"Se houver outras dimensões na criação, estas não começam de certeza onde a nossa termina".


Serão simplesmente dimensões com propriedades totalmente diferentes à nossa.



3. Como acabar com as contradições no pensamento

Se quisermos acabar com algumas contradições no pensamento, ao tentar relacionarmos:


"Deus/criador/eternidade/infinito" com a dimensão: "homem/criação/tempo/espaço".

Teremos que fazer um esforço mental, e imaginar o seguinte:


"que o homem/criação/espaço/tempo são o existente real" - são o imanente e o aparente.


"e que Deus/criador/eternidade/infinito são a a essência da realidade" – é o transcendente, o essencial e necessecário.


Conclusão: por isso,  como existe em nosso pensamento a dificuldade do primeiro - homem, tempo, espaço, compreender o segundo - Deus, eternidade, infinito,


"o primeiro devia ser visto no pensamento como uma ilusão verdadeira proveniente do segundo", pois Deus/eternidade/infinito é que é a primeira realidade, a essência de tudo.


Mas, como não podermos compreender Deus/eternidade/infinito pelo pensamento "a tendência é ver esta dimensão como uma ilusão, em que muitos dizem ser uma ilusão falsa do nosso pensamento, uma sugestão, uma ideia abstracta que que não existe na realidade"


Mas Deus existe, e é a essência das coisas, pois é eterno e infinito, o homem/criação/tempo/espaço são dimensões temporárias,


Portanto, o tempo/espaço não passam de certo modo de uma ilusão, de um sonho temporário. “Os céus e a terra passarão” diz a Bíblia. E, quando os céus e a terra passarem, e os crentes estiverem na outra dimensão, compreenderão que aquilo que parecia ilusão, Deus/eternidade/infinito/céu, "é que são a realidade, a verdadeira essência das coisas".


b. Resumindo a complexidade da dimensão temporal com a divina


Resumindo, o tempo, o espaço, as coisas, os anjos, são actos pontuais da criação de Deus. São coisas finitas. Mas, para além desses actos criadores há outros actos da criação de Deus que não conhecemos nem imaginamos o que são.


Deus é desde toda a Eternidade um Deus activo.


E Deus nunca viveu no tempo e muito menos em nenhum espaço como nós. Pura e simplesmente não existe tempo, nem espaço para Deus. São medidas que ele criou, como criou outras coisas.


"Se quisermos compreender melhor, para Deus só existe uma medida que é o presente ou o Ser. Para Ele, afinal não há passado, nem há futuro".


Se concebermos a noção de tempo/espaço como fazem alguns materialistas e racionalistas, que dizem que não há mais nada para além disso, Deus não existe, "cairemos na mentira que nos ensinou o filósofo que disse: tudo existe nada se perde tudo se transforma".

 
C. É a criação cosmocêntrica?


1. Não podemos limitar a criação de Deus somente ao universo

Os eruditos bíblicos devem ter cuidado, para não dar uma ênfase tão grande à criação do homem e do seu cosmo, que leve o cristão a tornarem-se "cosmocentristas".


Como já foi referido noutros capítulos, não podemos limitar toda a actividade criadora de Deus à criação do homem. Isto seria quase dizer que se Deus só existe para o homem, o homem então acaba por ser um deus.


O homem não é certamente o único propósito de toda a criação de Deus, durante todas as Suas eternidades.


A nossa existência é teocêntrica e não cosmocênctrica. É Deus que está no centro de tudo e não o nosso cosmos ou o homem!


"O homem não passa de uma criação como os anjos e tantas outras criações de Deus"


"Se Deus existe eternamente em função da criação temporal e espacial do homem, o que fazia ou fez Deus, nos momentos da eternidade em que o homem e a terra, o tempo e o espaço ainda não existiam"?


Filosoficamente falando, não se pode resumir os actos criadores de um Deus, transcendente e eternamente imanente, à criação de um pequeno homem finito e criado tão recentemente!



2. Deus é o centro de tudo e não o homem.

Deus é o centro de tudo.

"Tudo é feito por Ele e para Ele". Romanos 11:33-36.


O homem criado no tempo, finito, não é mais do que uma das múltiplas expressões imanentes da sua criação.


A revelação bíblica é sem dúvida verdadeira e coerente com a história humana, mas não é uma revelação global do Absoluto.


"É somente uma revelação parcial deste Absoluto".


Génesis relata actos de Deus localizados no tempo e no espaço. Não faz qualquer referência a actos de Deus fora do nosso tempo e do nosso espaço.


Desta forma, se a Bíblia é uma revelação parcial do Absoluto, não podemos formar teorias sobre o restante do Absoluto que não nos foi revelado. Aliás, nem vale a pena pensar muito no restante da realidade que não conhecemos, pois sendo homens e tendo uma revelação no espaço e no tempo vinda de um Deus absoluto, temos que nos contentar com essa revelação.


"As coisas ocultas são para Deus e as reveladas são para nós" Deuteronómio 29:29.


"Paulo, por exemplo, fala de coisas inefáveis, referindo-se a coisas que viu e ouviu quando foi arrebatado aos céus". II Cor 12:1-4.


Coisas inefáveis ouvidas e vistas por Paulo, não puderam ser traduzidas para a experiência humana. Ele mesmo disse: "eu ouvi e vi coisas que o homem não pode transmitir pela linguagem humana".


Deus é o único ser Absoluto, o homem é relativo e finito e tem limites que não pode transpor. Ele nunca será Deus.


O crente, mesmo no céu, nunca terá todos os atributos de Deus, nunca será igual a Deus, nem nunca poderá compreender Deus em toda a Sua Totalidade e Absoluto, "senão Deus deixaria de ser Deus, e o homem passaria a ser Deus".


Isaías 42:8 "Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem".



D. Sobre a providência divina


1. A providência é acima de tudo um conceito Bíblico e Cristã

Embora o cuidado que Deus tem com a sua criação é um aspecto salientado em quase todas as religiões, esta ideia da providência é acima de tudo um conceito Bíblico e Cristão.


A ideia de providência, ou seja, de um Deus que cuida da sua criação e a controla, aparece através de todas as páginas do Antigo e do Novo Testamento.



2. Soberania de Deus e a responsabilidade humana 

É difícil fazer uma conexão entre as ideias da soberania de Deus e a liberdade/responsabilidade do homem.


"Pois existe uma espécie de dicotomia, ou seja existe uma contradiçã na nossa menteo, quando procuramos formar uma conexão entre soberania divina e responsabilidade humana".


Corre-se o perigo de procurar solucionar a dicotomia existente, ou exagerando o lado da soberania divina, ou exagerando o lado da liberdade humana, nascendo daí doutrinas erradas, que afectam as doutrinas salvacionais do cristianismo, nomeadamente as doutrinas da fé e da graça.


Mas este assunto é tratado num outro capítulo. O que estamos a querer salientar aqui é que a criação é um acto da providência divina. Ou seja, de um Deus criador, que cria, cuida e controla aquilo que criou. Não há nada que acontece com a sua criação que escapa aos seus cuidados e ao seu controle.


Esta ideia aparece bem salientada nas páginas do Antigo Testamento e do Novo Testamento.



INDICE


Capítulo 1 INTRODUÇÃO

A Definição de Filosofia
O Cristianismo e a Filosofia

Capítulo 2 CRISTIANISMO E RELIGIÃO

As origens da Religião
Definição de Religião
Religião a vida humana e seus interesses
Religião e Ciência
Religião e Filosofia
Religião e Cultura
Religião e Revelação
Religião e Moralidade

Capítulo 3 CRISTIANISMO E FILOSOFIA
O Campo da Filosofia
O Cristianismo e o conhecimento
A Natureza do conhecimento
O Conhecimento religioso

Capítulo 4 A IDEIA DE DEUS
Deus e a razão humana.
As primeiras perguntas.
Provas teístas
Os Diversos argumentos
Natureza e atributos de Deus
Conceito moderno quasi-teísmo
É Deus inefável?
A natureza da experiência

Capítulo 5 A IDEIA DO UNIVERSO
Dualismo.
Monismo.
Pluralismo
Materialismo
Novo conflito – idealismo e realismo


Capítulo 6 A IDEIA DO HOMEM
A questão do pecado original
Conversão do homem segundo o cristianismo
Relação do homem e a sociedade
A personalidade e o livre arbítrio


Capítulo 7 IDEIA DO BOM E DO MAL
As teorias do bom
O mal o sofrimento e Deus
As preposições: o mal existe e Deus existe
Razões filosóficas válidas
Razões bíblicas válidas p/existência do mal


Capítulo 8 DEUS E O MUNDO
O panteísmo.
O deísmo
O monoteísmo

Capítulo 9 DEUS E O HOMEM
A concepção da teologia natural
A relação entre a razão e a revelação
Relação entre Deus e a humanidade
É Deus finito ou é infinito

Capítulo 10 OS MILAGRES E A CIÊNCIA
Evidências para os milagres
A ressurreição de Cristo
O método do processo histórico
Provas históricas evidentes da ressurreição de Cristo.


Capítulo 11 A IDEIA DO ALÉM
As relações dos conhecimentos com a morte
O Cristianismo e a morte


Capítulo 12 ASSUNTOS CONTROVERSOS
A posição sobre diversos campos:Aborto, eutanásia, sodomia, divórcio, bebé proveta, manipulação genética, clonagem, guerra, paz, terrorismo, globalismo.

FIM

terça-feira, 26 de junho de 2007

6 - A ideia do Homem

A Fé cristã vista do ponto vista filosófico e racional

Introdução geral

Abram nos Assuntos os 12 posts ligados com Este Tema sobre Religião e Filosofia, que especifico em baixo:

1. A Religião e a Filosofia

2 - A Religião

3 - O Conhecimento

4 - A ideia de Deus

5 - A ideia do Universo

6 - A ideia do Homem

7 - A ideia do Bem e do Mal

8 - A ideia de Deus e o Mundo

9 - A Ideia de Deus e do Homem

10/11 - Os Milagres e o Além

12 - Assuntos controversos

Eu fiz este trabalho a pensar em todos aqueles que se interessam pela filosofia, religião e as ciências em geral. 

O livro toca em muitas esferas da realidade e procura determinar aquilo que o cristianismo, a religião, a filosofia e a ciência dizem da realidade que podemos ver e da realidade que está para além dos nossos cinco sentidos.

Embora muitos estudiosos agarrem-se à ideia de que somos seres racionais, quando no entanto pensamos na pesquisa da realidade que está para além dos nossos cinco sentidos,  nós temos que incluir também o coração e não só a mente na busca dessa realidade sobrenatural.

Ninguém pode ter uma compreensão global da vida e do mundo só pelo uso do seu intelecto – ou razão. 

Afinal de contas a razão só nos permite conceber e compreender o mundo e a vida através da nossa própria perspectiva racional e cultural e de uma forma muito parcial.

É por essa razão que é errado dizer que nós somos unicamente seres racionais, pois além dos nossos pensamentos nós temos também sentimentos, emoções, impulsos e as crenças profundas que existem dentro da nossa alma.

Não se pode reduzir a nossa actividade cognitiva, assim como as nossas pesquisas filosóficas e religiosas unicamente à esfera do nosso raciocíno, ignorando o nosso lado sentimental e emocional e a faculdade que temos de crer num mundo sobrenatural que ultrapassa a esfera do racional e do natural.

Nós só podemos ter uma compreensão global da existência e dos relacionamentos humanos, se compreendermos que temos que envolver não somente o raciocínio, mas também o nosso coração nessa pesquisa/processo.

O raciocínio pode ser a sede dos nossos pensamentos, mas o coração é a sede dos nossos sentimentos, emoções, impulsos e crenças.

Por essa razão, neste trabalho, eu irei falar das três grandes actividades do ser humano na procura da compreensão global da existência, que são: o pensamento, o sentimento e a crença. Irei tentar mostrar que estas actividades não se contradizem, mas antes se completam. 

Claro que ao querer mostrar que o cristianismo é uma fé que “sente e crê”, irei salientar também que o cristianismo é uma fé  que “pensa”. É por isso que o título deste trabalho é A fé cristã vista do ponto vista filosófico e racional.

Neste livro eu procuro também dar uma explicação para questões misteriosas que estão ligadas com o nosso mundo natural, com a revelação bíblica e com o campo filosófico.

Vale a pena ler sobre a abordagem que faço acerca de alguns temas misteriosos relacionados com o universo, o homem e com Deus.

Capítulo 6 - A Ideia do Homem

I. Relação do homem com a sociedade
1. A interacção entre o homem e a sociedade.
2. O equilíbrio entre o egocentrismo e o altruísmo.
3. O equilíbrio é encontrado na relação do homem com Deus.

I I. A questão do pecado original
A. A prespectiva cristã do pecado orignal do homem.
B . As prespectivas que defendem o pecado como um"lapso" mental.
C. A prespectiva cristã sobre o pecado original não pode ser ignorada.

I I I. A questão da conversão do homem
A. Para "mudar" o homem precisa de passar pela conversão.
B. Psicologia: as causas do comportamento humano, e as soluções.
C. Bíblia: as causas do comportamento humano e as soluções

I V. A personalidade e o livre arbítrio
1. Hard determinism "o determinismo forte"
2. Soft determinism "o determinismo moderado"


I. Relação do homem com a sociedade

A. A interacção entre o homem e a sociedade

Nada é mais óbvio de que o facto que um indivíduo é concebido dentro da sua sociedade: "onde nasce, cresce e alimenta-se física e mentalmente".

O crescimento da mente assim como do físico depende muito do seu meio ambiente.

As características sociais do homem, são em parte resultado de características não hereditárias, herdadas do meio ambiente. É como uma roupa que ele não escolhe, mas que lhe é imposta pelas condições sociais à sua volta.

A sociedade também perde o seu significado sem o indivíduo que a constitui. Está provado que alguém que é limitado à solidão social perde, em poucos anos, a sua lucidez racional. A questão da consciência colectiva ou social do homem não pode ser ignorada quando do estudo do homem.

E também a sociedade perde o seu significado sem o indivíduo que a constítui, pois embora a sociedade faça em parte o individuo, ela é acima de tudo um produto feito pelo indivíduo que a constituí.

"Por essa razão, é fácil provar que há qualquer coisa na natureza individual do homem, que existe independentemente da sua natureza social e que é afinal o que permite que o homem seja quem contrói a sociedade e não a sociedade o homem".

Os grandes homens, foram grandes, porque conseguiram viver, ao mesmo tempo, no presente e no futuro, ultrapassando as influências das suas épocas, projectando ideias, progresso e inovações nunca vistas ou realizadas, e transformaram sozinhos grandes sociedades!

Precisamente por causa desse elemento neles que existe independentemente da cultura em que está inserido, que podemos dizer, por causa do seu "espírito", o seu lado "imaterial", podíamos dizer mesmo "não social".

Portanto o corpo e a alma do homem estão muito ligadas ao lado natural - social e cultural, mas o seu espírito está mais ligado à essência da existência - ao sobrenatural. Iremos falar disto mais tarde, neste estudo.


B. O equilibrio entre o egocentrismo e o altruísmo.

Há uma interacção na relação entre o indivíduo e a sociedade e, nesta relação interactiva, o egocentrismo e o altruísmo encontram o equilíbrio.

O egocentrismo provêm de instintos inatos - instinto de acção, realização pessoal, conservação, sexual etc.

O altruísmo provêm de instintos de natureza social.

Há uma certa verdade no dito: “o homem é um animal social”, pois vive em sociedade e, sem esta, não pode conservar-se a si próprio, a família e a etnia a que pertence; nem realizar-se pessoal, cultural, profissional e espiritualmente.

O homem nasce com uma simpatia inata pela sociedade. Ele gosta de viver em sociedade, participando nas diversas actividades, oportunidades e relacionamentos que esta lhe proporciona e, sente-se feliz, quando exerce as funções derivadas da sua especificidade, de uma forma altruísta e benéfica para o todo social.

C. O equilíbrio é encontrado na relação do homem "com Deus".

Esta simpatia e o envolvimento altruísta, atenua os seus sentimentos egocêntricos, mas, é claro, não o isenta totalmente deles, pois o seu ego continua à procura de uma gratificação única e exclusivamente pessoal. Se ele conseguir manter o equilíbrio entre o seu egocentrismo e o seu altruísmo, ele conseguirá viver em harmonia consigo próprio e com a sociedade.

Mas, se ele não conseguir encontrar este equilíbrio, além de viver em desarmonia com a sociedade, ele terá grandes dificuldades em viver em paz consigo próprio.

É necessário haver um acto de sacrifício pessoal e de auto-abnegação, para contra-balançar a tendência do homem querer exibir-se e realizar-se a si próprio. Quando um homem, devido à sua educação ou à sua natureza forte e excessiva, não consegue encontrar este equilíbrio, a sua saúde psicológica e o seu comportamento pode ficar afectado e, até, tornar-se doente.

A conversão que leva ao novo nascimento, preconizada pela Bíblia, é o caminho para o homem encontrar este equílibrio, pois só é possível haver um relacionamento horizontal equilibrado "com o meu próximo", se a relação vertical "com o meu Deus" estiver restabelecida.

Só que para falarmos de conversão será melhor em primeiro lugar tentar definir o que é pecado.


I I. A questão do pecado original

Há várias concepções sobre a natureza humana, e, por isso, existe uma grande controvérsia na forma como as diferentes ideologias vêm essa natureza, especialmente sobre a relação do homem com o bem e o mal.

Uma grande parte das ideologias defende que o ser humano nasce bom, mas que a sociedade o pode tornar mau.

A. Prespectiva cristã sobre pecado original do homem

A doutrina cristã diferencia o homem em duas categorias:

1ª categoria "o homem não regenerado"

2ª categoria "o homem regenerado".

O Salmista escreveu “eu nasci pecador desde o momento em que minha mãe me concebeu” Salmos 51:5. Ele afirma que o homem é concebido em pecado. Isto quer dizer que o homem "precisa de ser regenerado, ou ser salvo como a Bíblia ensina".

Gênesis caps 1-3, revela que o homem foi criado à imagem de Deus, mas esta semelhança foi desfigurada pela queda de Adão e Eva.

A doutrina da queda, e consequente entrada do pecado original no mundo, pode ser refutada por muitos, mas é difícil refutar a ideia de que o comportamento do homem se tornou pecaminoso.

Embora o pecado original não o tornou num demónio ou num animal irracional, fez cair o homem na depravação total.

Se quiser ler um pouco sobre a doutrina da Depravação Total, chamada na língua inglesa de "Total Depravity", pode clicar no site em baixo. 

http://www.cprf.co.uk/languages/portuguese_totaldepravity.htm#.VFIiD_msUYk

É por isso que alguém disse que: "O homem, por causa do seu comportamento, parece ser metade homem e metade besta".

Os psicólogos e sociólogos sabem muito bem que estão a lidar com um homem que embora ainda seja um humano, é uma autêntica besta humana se assim o quisermos chamar.

E porquê? Como explicar este comportamento?

Não será que o Cristianismo tem razão? O homem tornou-se numa besta por causa da queda – do pecado original?

B. As prespectivas que defendem o pecado como um "lapso" mental.

Os pelagianos defenderam a ideia de que o homem tinha que ser bom, porque o seu criador é bom. Diziam que "o mal é simplesmente o resultado da livre vontade do homem, e não um impulso natural do homem". Esta ideia nega a existência do pecado original.

Surgiram outras ideias como as de Homer, que via o pecado como um "lapso mental", mas que perdeu a sua expressão por causa do impacto que a doutrina protestante da depravação total do homem - que tem como causa o pecado original - causou nas sociedades ocidentais.

"Há muitos que defendem a ideia de que nos instintos básicos do homem, não existe nenhuma tendência imoral".

Dizem que o homem não é nem moral nem imoral por natureza, mas ele torna-se uma coisa ou outra, ao expressar livremente as suas tendências no meio ambiente social. Dizem que não existe o pecado original, mas sim uma culpa original, ou seja, uma culpa resultante de um acto imoral.

C. A prespectiva cristã sobre o pecado original não pode ser ignorada.

No entanto, não podemos ignorar sem mais nem menos a doutrina judaica/cristã tão antiga sobre o pecado original. Aliás, não podemos ignorar o impacto que a doutrina cristã teve na nossa história. A mensagem cristã tem sido aceite por pessoas de todas as épocas, credos, raça, ideal político, e classe social.

"A própria solidariedade da raça, dá força à doutrina do pecado original". Homens de todas as culturas sabem que há um certo comportamento errado comum a todas as raças. Um comportamento inato da natureza humana que não foi culturalmente adquirido.

Esta "cosmovisão cristã" reconhecida universalmente, reconhece doutrina do pecado original apresentada na Bíblia: " a originalidade a naturalidade e a universalidade do pecado". Marcos 7:20-23, Salmos 51:5, Jeremias 16:9-10, Romanos 3:9-23, 5:12-13.

Nenhum psicólogo ou sociólogo poderá afirmar honestamente, que não existe um comportamento errado comum a todas as raças, independentemente de quaisquer influências culturais.

Além do indivíduo estar ligado por um mesmo tipo de comportamento herdado dos seus antepassados e do seu meio social, existe uma marca do passado, de um comportamento errado, na sua hereditariedade mental. Notam-se certos defeitos na alma humana, mesmo nas vidas mais ordenadas, que parecem dar razão à ideia de uma natureza humana decaída: "estragada, corrompida e inclinada para o mal, totalmente depravada".

É por esta razão que podemos dizer que, nos dias de hoje, mesmo que o dogma antigo esteja a ser muito contestado, ele ainda não perdeu a sua ligação com o facto do comportamento humano.

E se quisermos fazer uma escolha entre a ideia do pecado original e as ideias humanistas sobre o homem, a primeira fica mais perto do verdadeiro significado do comportamento humano.

Agora que já falamos da relação do homem com a sociedade e tentamos definir o que é o pecado orignal, iremos então falar da conversão do homem.


I I I. A questão da conversão do homem

A. Para "mudar" o homem precisa de passar pela conversão

Vemos pela Bíblia que o homem é um ser decaído por causa da entrada do pecado original no mundo. O pecado original desfigurou o imago Dei – "imagem de Deus" – e provocou a separação entre Deus e o homem.

A psicologia e a teologia cristã estão de acordo que há uma grande irresponsabilidade no comportamento humano, mas, não estão de acordo, no que diz respeito às causas e às soluções.

B. Psicologia: as causas do comportamento humano e as soluções

Quanto às causas, a psicologia baseia-se em questões naturais e sociais para determinar as causas do comportamento irresponsável do homem. Quanto às soluções a psicologia baseia-se na educação e numa correcção do comportamento através de meios naturais. a Bíblia fala de uma conversão resultante do efeito regenerador na alma/espírito "de todo o homem que colocar a sua Fé" em Jesus Cristo".

C. A Bíblia: as causas para o comportamento e as soluções

A Bíblia baseia-se no pecado original, para determinar o comportamento irresponsável do homem.

A Bíblia não preconiza a possibilidade de educar o cerne da natureza humana. Por muito educado que um homem seja, ele nunca poderá de deixar de ser um pecador.
A Bíblia preconiza sim, a recepção de uma nova vida, divina, dada pelo Espírito Santo como resultado da regeneração da sua natureza pecaminosa.

Jesus Cristo veio para remover o pecado pela sua morte na cruz, abrindo o caminho para uma reconciliação com Deus, através de um acto de arrependimento e de fé por parte do pecador. Ele nasce de novo.

"Este é o novo nascimento que pode ler na Bíblia" em João cap 3. Leia!

Há psicólogos que conhecendo bem o íntimo do carácter humano, sabem quão difícil é mudá-lo. Por essa razão, alguns dizem que parece que a experiência da conversão em Jesus Cristo, preconizada pela Bíblia, pode realmente ser o único meio de mudança do carácter do homem.

Reconhecem que a doutrina da conversão é uma doutrina muito coerente com a mudança do comportamento humano.

De facto, parece que o ser humano não precisa de educação, embora esta seja muito necessária por causa da questão cultural e social em que o homem está inserido. O que o ser humano precisa é de uma conversão, como aquela que é falada na Bíblia, em que o "homem recebe de Deus uma natureza nova que lhe é dada pelo Espírito Santo ao colocar a sua Fé em Jesus Cristo".

A conversão falada na Bíblia, que é a recepção de uma vida nova, divina, é chamada de novo nascimento.

Foi o que Jesus disse a um sacerdote da alta classe chamado Nicodemos "não te maravilhes de ter dito: Necessário vos é nascer de novo". João 3:1-21


I V. A personalidade e o livre arbítrio do homem

O relacionamento entre Deus e o homem está ligado à concepção que defende a liberdade de acção do homem.

Mas todos nós sabemos que um certo determinismo religioso e científico opõe-se muitas vezes à ideia de que o homem tem liberdade de acção.

O determinismo religioso baseia-se num exagero sobre a doutrina da Soberania de Deus, que não deixa lugar nenhum à liberdade humana.

Na Religião em geral, a vontade humana está submetida à soberania de Deus. 

Mas há exageros desta tese, defendida pela religião Islâmica com a doutrina da "fatalidade", do Induismo com a "lei do karma", e também a doutrina cristã calvinista com a "doutrina da eleição" que ensina que o homem é salvo através de uma pura eleição divina sem qualquer contributo da sua vontade.

No entanto, o homem ordinário, sem conhecimento científico ou religioso concorda plenamente com a afirmação do Dr. Johnson: "todos sabemos que a vontade é livre, mas com limites".

A doutrina cristã mais moderada sobre a Soberania de Deus e da Eleição Divina, ensina que Deus deu liberdade de escolha ao homem, dentro de limites pré-estabelecidos por Deus.

"Fora desses limites o homem é inteiramente livre".

William James divide o determinismo em categorias: "the hard and the soft" - o forte e o moderado.

Para o primeiro, "the hard", o homem não passa de uma máquina.

O segundo, "the soft", tenta conciliar o melhor dos dois mundos, o da livre vontade e o do determinismo, ambos, manifestos em nosso Universo.

William James chegou à conclusão que nós somos self-determined. Ou seja, nós actuamos de acordo com o nosso querer. Ele defendia um determinismo moderado.

Mas a pergunta principal é a seguinte: o nosso querer é totalmente livre ao determinar as nossas acções?

É claro que ao falarmos disso tudo temos que concordar que a Bíblia revela que ninguém pode ser salvo ou convertido se não houver em primeiro lugar da parte de Deus um acto de Eleição Divina.

Porquê que Deus escolhe ou elege uns e não outros, este é um grande mistério que um dia iremos compreender, mas nada disto coloca em questão a justiça de Deus a responsabilidade humana. 


Em última instância o homem é sempre responsável pelos seus actos e será julgado e castigado pelo mesmos se por causa dessa razão misteriosa não ter sido eleito por Deus.

A. Soft determinism - determinismo moderado

Vejamos a resposta dos que defendem o determinismo moderado.

Segundo eles, as nossas acções vêm do carácter. O meu carácter é a soma total daquilo que eu herdei instintivamente, mais as reacções adquiridas durante a minha vida.

Mas poderíamos contestar. Se assim for, então Eu tenho pouco a haver com a criação do meu carácter. Pois neste caso, o carácter pode ser meu, mas, da mesma forma que o meu corpo é Meu. E, assim, como eu não sou responsável da cor dos meus olhos, também não sou responsável pelos instintos e reacções que formam o meu carácter.

"Neste caso eu não posso dizer que sou Self-determined".

Os defensores do "soft determinism", o moderado, respondiriam que: "como as minhas reacções não são determinadas por uma compulsão exterior, embora o exterior as influencie, nós podemos ser chamados livres, mesmo que de certo modo haja uma certa pré-determinação interior das nossas reacções".

Eles dizem que, nós podemos ter uma memória do passado ipso fact, mas não temos uma memória do futuro e aquilo que ainda não aconteceu, que tem características diferentes daquilo que já aconteceu.

Existem uma variedade quase infinita de factores de compulsão interna e externa que poderão influenciar este ipso fact, memória passada, mas excluem contudo o facto de sermos máquinas.

Daí derivar o termo self-determined defendido pelo determinismo moderado.

Mas esta ideia tem falta de clareza, pois, afinal, defende um tipo de liberdade mais dependente de factores e não dependentes inteiramente do meu Eu. Neste caso o hard determinism, determinismo forte, é mais consistente.

B. Hard determinism - determinado forte

Este tipo de determinismo, apoia-se muito nas teorias das ciências físicas. Dizem que sem tal teoria, não se pode formar um estudo sobre o homem. Há muitos que até dizem, ingenuamente, que a psicologia não pode ser uma ciência, se não houver determinismo.

Em 1900, o determinismo forte clama a vitória da ciência sobre todos os outros campos de estudo.

Esta ideia serviu de veículo final para o materialismo.

Mas o colapso desta teoria científica, começou com as descobertas modernas sobre: "a estrutura do átomo, a teoria da relatividade, The quantum theory, a teoria dos quantos, e outras teorias científicas".

O princípio de indeterminismo de Heisenger, descobriu que não se consegue determinar tanto a posição como a velocidade da partícula. Por essa razão, a Ciência, hoje, está mais aberta à investigações das ciências da vida.

Hence Eddington disse que quem defende a teoria de um determinismo na actividade mental, deve-o fazer na base de estudos feitos sobre a mente humana, e não basear as suas teorias no estudo experimental da nossa natureza física.

Toda a analogia feita entre o físico e o psíquico pode ser uma analogia falsa. A atitude de uma pessoa não pode ser estudada e determinada como uma casualidade física, só porque se pensa que é muito mais fácil ser investigada e medida.

"As ciências físicas aprendem que existe um certo determinismo no fenómeno físico, e estendem este determinismo para todas as esferas da vida, inclusive a mental, ignorando a diferença radical que existe entre o físico e o mental, podíamos até dizer entre o físico e a vida".

Quando nós falamos das causas na esfera física, nós podemos obter medidas entre causa e efeito que podem ser utilizadas para outros processos físicos, pois certamente a mesma causa produzirá o mesmo efeito. "Mas é absurdo dizer que podemos utilizar esta mesma teoria para a esfera da vida mental, falando de causa/efeito mental da mesma forma que causa/efeito físico".

Quando falamos do processo mental, falamos de diversos motivos que existem por detrás de uma acção. Por isso não se pode fazer uma analogia com o físico que tem uma única lei casual por detrás do efeito.

Podíamos atacar ainda esta falsa analogia afirmando que:

Primeiro, é psicologicamente errado falar da existência de um só motivo por detrás de uma causa/efeito na esfera psicológica.

Segundo, não existe um só critério aplicável para medir os motivos.

Terceiro, dizer que é sempre o motivo forte que vence, isto não passa de uma maneira de falar, porque de facto para nós o motivo que vence, não é mais do que o motivo que prevaleceu numa determinada situação, mas, não se pode deduzir que por haver um motivo mais forte que vence, possa-se definir qualquer processo de causa/efeito na esfera mental.

"Parece então que não podemos utilizar o determinismo científico para anular a ideia da livre vontade humana".

Na esfera física o determinismo pode ter razão, mas na região da mente, "ele faz uma figura ridícula, pois o determinismo torna a vida humana, num espectáculo de fantoches".

Além do determinismo científico já falamos do "determinismo religioso no Islamismo, no Induísmo e no Calvinismo cristão" , num parágrafo anterior.

Acerca de Calvino, o reformador protestante, ele não foi o criador de um determinismo rígido. Ele foi sim um dos grandes mentores da doutrina cristã sobre a graça e a eleição divina, seguidas por todas as igrejas protestantes e evangélicas vindas da reforma protestante.

O problema que se seguiu foi o aparecimento de um "hiper calvinismo", ou seja, de seguidores de Calvino que exageraram as doutrinas bíblicas sobre a graça e a eleição de Deus defendidas por Calvino.

O problema do hiper calvinismo, é super-enfatizar a doutrina da graça e da eleição divina, caindo num tal determinismo, que alguns dos mais extremistas chegam a dizer que Deus determinou as pessoas que vão para o céu e as pessoas que vão para o inferno, totalmente independente da vontade das mesmas.

"O Determinismo falha em suas profecias, não dando uma resposta ao intenso sentido de liberdade que nós possuímos. Os nossos sentidos negam a ideia de determinismo, seja científico, seja religioso".

Claro que não há dúvidas que só Deus pode ser totalmente livre, pois é o único ser totalmente independente self-existent e necessário. Mas, segundo a Bíblia, Ele criou o homem à sua semelhança, imago Dei, e, por isso, o homem tem a liberdade de decidir livremente, dentro de limites que lhe foram concedidos por Deus. Por exemplo, o homem não pode decidir voar como um pássaro, se quiser, ou mudar o seu temperamento.

Aliás, nós vemos que Deus deixa a natureza desenvolver-se livremente dentro dos limites que Ele próprio estabeleceu.

"Portanto, Deus não é directamente responsável pelo que acontece dentro desses limites".

Se a poluição está a estragar o ambiente, se há filhos que não estão obedecendo os pais, se não fazemos a manutenção da viatura e temos um acidente por falta de travões.

Se algumas espécies estão sendo extintas devido à ganância dos homens, enfim, poderíamos estender a lista, será que iremos atribuir a responsabilidade de tudo a Deus?

Cabe ao homem se quer ser ou não um bom marido, se quer ser ou não um bom pai, se quer viver com uma boa consciência. Deus ao conceder a sua semelhança ao homem, o imago Dei, concedeu ao homem a liberdade de tomar decisões em muitas esferas da vida. O homem possui uma grande liberdade, da qual ele terá que dar contas a Deus no Juízo Final.

"O pecado original, não desfez esta liberdade, como pensam" os hiper calvinistas.

O homem, apesar do pecado original, continua a ser humano. Embora totalmente depravado e com tendência para pecar por causa da queda, ele ainda mantêm o livre arbítrio. Senão fosse assim, ele actuaria sempre como um ser desumano, ou melhor como um demónio! Mas não é o caso.

No entanto, é claro que embora o homem mantenha muitas das suas qualidades humanas, estas não o podem manter livrar das garras do pecado, nem salvá-lo da acção do diabo.

"Por causa do pecado original, o homem é e será sempre visto por Deus como um pecador irremediavelmente perdido e derrotado". Génesis 3

"É por essa razão que Jesus Cristo veio ao mundo. Para pagar os pecados do homem e, através da sua morte e ressurreição, conceder-lhe o perdão e a vitória sobre o pecado".

Mas cabe ao homem aceitar ou rejeitar tão grande salvação, proveniente única e exclusivamente da graça e do amor de Deus. João 3:16, Efésios 2:8-9.

Se quisermos explicar o que é o livre arbítrio, cairemos no determinismo, mas, como este não pode ser explicado por leis físicas, aceitamo-lo como um dom dado por Deus, que se exerce numa dimensão existente para além do mundo dos sentidos.

O determinismo é uma característica do mundo físico, a liberdade é uma característica da experiência da vida.

A Liberdade é algo que não se pode explicar na base da consideração da sequência passado/presente/futuro, pois esta sequência passa-se na dimensão do tempo e do espaço.

O livre arbítrio actua fora desta dimensão de tempo. No que diz respeito ao tempo, a mente consegue estar a pensar no presente, analisando o passado e decidindo o futuro, praticamente ao mesmo tempo.

A mente também não está determinada pelo espaço. O homem pensa livremente em qualquer espaço em que esteja. Este livre arbítrio ou livre pensar, é uma das capacidades doadas por Deus ao homem, ao lhe ter conferido o imago Dei.

O homem não está de maneira nenhuma determinado por nenhum factor físico ou psicológico, que substituia completamente a sua liberdade de escolha e de acção.

Torno a repetir o que em cima disse:

É claro que ao falarmos disso tudo temos que concordar que a Bíblia revela que ninguém pode ser salvo ou convertido se não houver em primeiro lugar da parte de Deus um acto de Eleição Divina.

Porquê que Deus escolhe ou elege uns e não outros, este é um grande mistério que um dia iremos compreender, mas nada disto coloca em questão a justiça de Deus a responsabilidade humana. 


Em última instância o homem é sempre responsável pelos seus actos e será julgado e castigado pelo mesmos se por causa dessa razão misteriosa não ter sido eleito por Deus.

INDICE

Capítulo 1 INTRODUÇÃO
A Definição de Filosofia
O Cristianismo e a Filosofia

Capítulo 2 CRISTIANISMO E RELIGIÃO
As origens da Religião
Definição de Religião
Religião a vida humana e seus interesses
Religião e Ciência
Religião e Filosofia
Religião e Cultura
Religião e Revelação
Religião e Moralidade

Capítulo 3 CRISTIANISMO E FILOSOFIA
O Campo da Filosofia
O Cristianismo e o conhecimento
A Natureza do conhecimento
O Conhecimento religioso

Capítulo 4 A IDEIA DE DEUS
Deus e a razão humana.
As primeiras perguntas.
Provas teístas
Os Diversos argumentos
Natureza e atributos de Deus
Conceito moderno quasi-teísmo
É Deus inefável?
A natureza da experiência


Capítulo 5 A IDEIA DO UNIVERSO
Dualismo.
Monismo.
Pluralismo
Materialismo
Novo conflito – idealismo e realismo


Capítulo 6 A IDEIA DO HOMEM
A questão do pecado original
Conversão do homem segundo o cristianismo
Relação do homem e a sociedade

Capítulo 7 A IDEIA DO BOM
As teorias do bom

A IDEIA DO MAL
O mal o sofrimento e Deus
As preposições: o mal existe e Deus existe
Razões filosóficas válidas
Razões bíblicas válidas p/existência do mal

Capítulo 8 DEUS E O MUNDO
O panteísmo.
O deísmo
O monoteísmo

Capítulo 9 DEUS E O HOMEM
A concepção da teologia natural
A relação entre a razão e a revelação
Relação entre Deus e a humanidade
É Deus finito ou é infinito


Capítulo 10 OS MILAGRES E O ALÉM
Evidências para os milagres
A ressurreição de Cristo
O método do processo histórico
Provas históricas evidentes da ressurreição de Cristo.

Capítulo 11 A IDEIA DO ALÉM
As relações dos conhecimentos com a morte
O Cristianismo e a morte

Capítulo 12 ASSUNTOS CONTROVERSOS
A posição sobre diversos campos:Aborto, eutanásia, sodomia, divórcio, bebé proveta, manipulação genética, clonagem, guerra, paz, terrorismo, globalismo.


FIM