terça-feira, 26 de junho de 2007

6 - A ideia do Homem

A Fé cristã vista do ponto vista filosófico e racional

Introdução geral

Abram nos Assuntos os 12 posts ligados com Este Tema sobre Religião e Filosofia, que especifico em baixo:

1. A Religião e a Filosofia

2 - A Religião

3 - O Conhecimento

4 - A ideia de Deus

5 - A ideia do Universo

6 - A ideia do Homem

7 - A ideia do Bem e do Mal

8 - A ideia de Deus e o Mundo

9 - A Ideia de Deus e do Homem

10/11 - Os Milagres e o Além

12 - Assuntos controversos

Eu fiz este trabalho a pensar em todos aqueles que se interessam pela filosofia, religião e as ciências em geral. 

O livro toca em muitas esferas da realidade e procura determinar aquilo que o cristianismo, a religião, a filosofia e a ciência dizem da realidade que podemos ver e da realidade que está para além dos nossos cinco sentidos.

Embora muitos estudiosos agarrem-se à ideia de que somos seres racionais, quando no entanto pensamos na pesquisa da realidade que está para além dos nossos cinco sentidos,  nós temos que incluir também o coração e não só a mente na busca dessa realidade sobrenatural.

Ninguém pode ter uma compreensão global da vida e do mundo só pelo uso do seu intelecto – ou razão. 

Afinal de contas a razão só nos permite conceber e compreender o mundo e a vida através da nossa própria perspectiva racional e cultural e de uma forma muito parcial.

É por essa razão que é errado dizer que nós somos unicamente seres racionais, pois além dos nossos pensamentos nós temos também sentimentos, emoções, impulsos e as crenças profundas que existem dentro da nossa alma.

Não se pode reduzir a nossa actividade cognitiva, assim como as nossas pesquisas filosóficas e religiosas unicamente à esfera do nosso raciocíno, ignorando o nosso lado sentimental e emocional e a faculdade que temos de crer num mundo sobrenatural que ultrapassa a esfera do racional e do natural.

Nós só podemos ter uma compreensão global da existência e dos relacionamentos humanos, se compreendermos que temos que envolver não somente o raciocínio, mas também o nosso coração nessa pesquisa/processo.

O raciocínio pode ser a sede dos nossos pensamentos, mas o coração é a sede dos nossos sentimentos, emoções, impulsos e crenças.

Por essa razão, neste trabalho, eu irei falar das três grandes actividades do ser humano na procura da compreensão global da existência, que são: o pensamento, o sentimento e a crença. Irei tentar mostrar que estas actividades não se contradizem, mas antes se completam. 

Claro que ao querer mostrar que o cristianismo é uma fé que “sente e crê”, irei salientar também que o cristianismo é uma fé  que “pensa”. É por isso que o título deste trabalho é A fé cristã vista do ponto vista filosófico e racional.

Neste livro eu procuro também dar uma explicação para questões misteriosas que estão ligadas com o nosso mundo natural, com a revelação bíblica e com o campo filosófico.

Vale a pena ler sobre a abordagem que faço acerca de alguns temas misteriosos relacionados com o universo, o homem e com Deus.

Capítulo 6 - A Ideia do Homem

I. Relação do homem com a sociedade
1. A interacção entre o homem e a sociedade.
2. O equilíbrio entre o egocentrismo e o altruísmo.
3. O equilíbrio é encontrado na relação do homem com Deus.

I I. A questão do pecado original
A. A prespectiva cristã do pecado orignal do homem.
B . As prespectivas que defendem o pecado como um"lapso" mental.
C. A prespectiva cristã sobre o pecado original não pode ser ignorada.

I I I. A questão da conversão do homem
A. Para "mudar" o homem precisa de passar pela conversão.
B. Psicologia: as causas do comportamento humano, e as soluções.
C. Bíblia: as causas do comportamento humano e as soluções

I V. A personalidade e o livre arbítrio
1. Hard determinism "o determinismo forte"
2. Soft determinism "o determinismo moderado"


I. Relação do homem com a sociedade

A. A interacção entre o homem e a sociedade

Nada é mais óbvio de que o facto que um indivíduo é concebido dentro da sua sociedade: "onde nasce, cresce e alimenta-se física e mentalmente".

O crescimento da mente assim como do físico depende muito do seu meio ambiente.

As características sociais do homem, são em parte resultado de características não hereditárias, herdadas do meio ambiente. É como uma roupa que ele não escolhe, mas que lhe é imposta pelas condições sociais à sua volta.

A sociedade também perde o seu significado sem o indivíduo que a constitui. Está provado que alguém que é limitado à solidão social perde, em poucos anos, a sua lucidez racional. A questão da consciência colectiva ou social do homem não pode ser ignorada quando do estudo do homem.

E também a sociedade perde o seu significado sem o indivíduo que a constítui, pois embora a sociedade faça em parte o individuo, ela é acima de tudo um produto feito pelo indivíduo que a constituí.

"Por essa razão, é fácil provar que há qualquer coisa na natureza individual do homem, que existe independentemente da sua natureza social e que é afinal o que permite que o homem seja quem contrói a sociedade e não a sociedade o homem".

Os grandes homens, foram grandes, porque conseguiram viver, ao mesmo tempo, no presente e no futuro, ultrapassando as influências das suas épocas, projectando ideias, progresso e inovações nunca vistas ou realizadas, e transformaram sozinhos grandes sociedades!

Precisamente por causa desse elemento neles que existe independentemente da cultura em que está inserido, que podemos dizer, por causa do seu "espírito", o seu lado "imaterial", podíamos dizer mesmo "não social".

Portanto o corpo e a alma do homem estão muito ligadas ao lado natural - social e cultural, mas o seu espírito está mais ligado à essência da existência - ao sobrenatural. Iremos falar disto mais tarde, neste estudo.


B. O equilibrio entre o egocentrismo e o altruísmo.

Há uma interacção na relação entre o indivíduo e a sociedade e, nesta relação interactiva, o egocentrismo e o altruísmo encontram o equilíbrio.

O egocentrismo provêm de instintos inatos - instinto de acção, realização pessoal, conservação, sexual etc.

O altruísmo provêm de instintos de natureza social.

Há uma certa verdade no dito: “o homem é um animal social”, pois vive em sociedade e, sem esta, não pode conservar-se a si próprio, a família e a etnia a que pertence; nem realizar-se pessoal, cultural, profissional e espiritualmente.

O homem nasce com uma simpatia inata pela sociedade. Ele gosta de viver em sociedade, participando nas diversas actividades, oportunidades e relacionamentos que esta lhe proporciona e, sente-se feliz, quando exerce as funções derivadas da sua especificidade, de uma forma altruísta e benéfica para o todo social.

C. O equilíbrio é encontrado na relação do homem "com Deus".

Esta simpatia e o envolvimento altruísta, atenua os seus sentimentos egocêntricos, mas, é claro, não o isenta totalmente deles, pois o seu ego continua à procura de uma gratificação única e exclusivamente pessoal. Se ele conseguir manter o equilíbrio entre o seu egocentrismo e o seu altruísmo, ele conseguirá viver em harmonia consigo próprio e com a sociedade.

Mas, se ele não conseguir encontrar este equilíbrio, além de viver em desarmonia com a sociedade, ele terá grandes dificuldades em viver em paz consigo próprio.

É necessário haver um acto de sacrifício pessoal e de auto-abnegação, para contra-balançar a tendência do homem querer exibir-se e realizar-se a si próprio. Quando um homem, devido à sua educação ou à sua natureza forte e excessiva, não consegue encontrar este equilíbrio, a sua saúde psicológica e o seu comportamento pode ficar afectado e, até, tornar-se doente.

A conversão que leva ao novo nascimento, preconizada pela Bíblia, é o caminho para o homem encontrar este equílibrio, pois só é possível haver um relacionamento horizontal equilibrado "com o meu próximo", se a relação vertical "com o meu Deus" estiver restabelecida.

Só que para falarmos de conversão será melhor em primeiro lugar tentar definir o que é pecado.


I I. A questão do pecado original

Há várias concepções sobre a natureza humana, e, por isso, existe uma grande controvérsia na forma como as diferentes ideologias vêm essa natureza, especialmente sobre a relação do homem com o bem e o mal.

Uma grande parte das ideologias defende que o ser humano nasce bom, mas que a sociedade o pode tornar mau.

A. Prespectiva cristã sobre pecado original do homem

A doutrina cristã diferencia o homem em duas categorias:

1ª categoria "o homem não regenerado"

2ª categoria "o homem regenerado".

O Salmista escreveu “eu nasci pecador desde o momento em que minha mãe me concebeu” Salmos 51:5. Ele afirma que o homem é concebido em pecado. Isto quer dizer que o homem "precisa de ser regenerado, ou ser salvo como a Bíblia ensina".

Gênesis caps 1-3, revela que o homem foi criado à imagem de Deus, mas esta semelhança foi desfigurada pela queda de Adão e Eva.

A doutrina da queda, e consequente entrada do pecado original no mundo, pode ser refutada por muitos, mas é difícil refutar a ideia de que o comportamento do homem se tornou pecaminoso.

Embora o pecado original não o tornou num demónio ou num animal irracional, fez cair o homem na depravação total.

Se quiser ler um pouco sobre a doutrina da Depravação Total, chamada na língua inglesa de "Total Depravity", pode clicar no site em baixo. 

http://www.cprf.co.uk/languages/portuguese_totaldepravity.htm#.VFIiD_msUYk

É por isso que alguém disse que: "O homem, por causa do seu comportamento, parece ser metade homem e metade besta".

Os psicólogos e sociólogos sabem muito bem que estão a lidar com um homem que embora ainda seja um humano, é uma autêntica besta humana se assim o quisermos chamar.

E porquê? Como explicar este comportamento?

Não será que o Cristianismo tem razão? O homem tornou-se numa besta por causa da queda – do pecado original?

B. As prespectivas que defendem o pecado como um "lapso" mental.

Os pelagianos defenderam a ideia de que o homem tinha que ser bom, porque o seu criador é bom. Diziam que "o mal é simplesmente o resultado da livre vontade do homem, e não um impulso natural do homem". Esta ideia nega a existência do pecado original.

Surgiram outras ideias como as de Homer, que via o pecado como um "lapso mental", mas que perdeu a sua expressão por causa do impacto que a doutrina protestante da depravação total do homem - que tem como causa o pecado original - causou nas sociedades ocidentais.

"Há muitos que defendem a ideia de que nos instintos básicos do homem, não existe nenhuma tendência imoral".

Dizem que o homem não é nem moral nem imoral por natureza, mas ele torna-se uma coisa ou outra, ao expressar livremente as suas tendências no meio ambiente social. Dizem que não existe o pecado original, mas sim uma culpa original, ou seja, uma culpa resultante de um acto imoral.

C. A prespectiva cristã sobre o pecado original não pode ser ignorada.

No entanto, não podemos ignorar sem mais nem menos a doutrina judaica/cristã tão antiga sobre o pecado original. Aliás, não podemos ignorar o impacto que a doutrina cristã teve na nossa história. A mensagem cristã tem sido aceite por pessoas de todas as épocas, credos, raça, ideal político, e classe social.

"A própria solidariedade da raça, dá força à doutrina do pecado original". Homens de todas as culturas sabem que há um certo comportamento errado comum a todas as raças. Um comportamento inato da natureza humana que não foi culturalmente adquirido.

Esta "cosmovisão cristã" reconhecida universalmente, reconhece doutrina do pecado original apresentada na Bíblia: " a originalidade a naturalidade e a universalidade do pecado". Marcos 7:20-23, Salmos 51:5, Jeremias 16:9-10, Romanos 3:9-23, 5:12-13.

Nenhum psicólogo ou sociólogo poderá afirmar honestamente, que não existe um comportamento errado comum a todas as raças, independentemente de quaisquer influências culturais.

Além do indivíduo estar ligado por um mesmo tipo de comportamento herdado dos seus antepassados e do seu meio social, existe uma marca do passado, de um comportamento errado, na sua hereditariedade mental. Notam-se certos defeitos na alma humana, mesmo nas vidas mais ordenadas, que parecem dar razão à ideia de uma natureza humana decaída: "estragada, corrompida e inclinada para o mal, totalmente depravada".

É por esta razão que podemos dizer que, nos dias de hoje, mesmo que o dogma antigo esteja a ser muito contestado, ele ainda não perdeu a sua ligação com o facto do comportamento humano.

E se quisermos fazer uma escolha entre a ideia do pecado original e as ideias humanistas sobre o homem, a primeira fica mais perto do verdadeiro significado do comportamento humano.

Agora que já falamos da relação do homem com a sociedade e tentamos definir o que é o pecado orignal, iremos então falar da conversão do homem.


I I I. A questão da conversão do homem

A. Para "mudar" o homem precisa de passar pela conversão

Vemos pela Bíblia que o homem é um ser decaído por causa da entrada do pecado original no mundo. O pecado original desfigurou o imago Dei – "imagem de Deus" – e provocou a separação entre Deus e o homem.

A psicologia e a teologia cristã estão de acordo que há uma grande irresponsabilidade no comportamento humano, mas, não estão de acordo, no que diz respeito às causas e às soluções.

B. Psicologia: as causas do comportamento humano e as soluções

Quanto às causas, a psicologia baseia-se em questões naturais e sociais para determinar as causas do comportamento irresponsável do homem. Quanto às soluções a psicologia baseia-se na educação e numa correcção do comportamento através de meios naturais. a Bíblia fala de uma conversão resultante do efeito regenerador na alma/espírito "de todo o homem que colocar a sua Fé" em Jesus Cristo".

C. A Bíblia: as causas para o comportamento e as soluções

A Bíblia baseia-se no pecado original, para determinar o comportamento irresponsável do homem.

A Bíblia não preconiza a possibilidade de educar o cerne da natureza humana. Por muito educado que um homem seja, ele nunca poderá de deixar de ser um pecador.
A Bíblia preconiza sim, a recepção de uma nova vida, divina, dada pelo Espírito Santo como resultado da regeneração da sua natureza pecaminosa.

Jesus Cristo veio para remover o pecado pela sua morte na cruz, abrindo o caminho para uma reconciliação com Deus, através de um acto de arrependimento e de fé por parte do pecador. Ele nasce de novo.

"Este é o novo nascimento que pode ler na Bíblia" em João cap 3. Leia!

Há psicólogos que conhecendo bem o íntimo do carácter humano, sabem quão difícil é mudá-lo. Por essa razão, alguns dizem que parece que a experiência da conversão em Jesus Cristo, preconizada pela Bíblia, pode realmente ser o único meio de mudança do carácter do homem.

Reconhecem que a doutrina da conversão é uma doutrina muito coerente com a mudança do comportamento humano.

De facto, parece que o ser humano não precisa de educação, embora esta seja muito necessária por causa da questão cultural e social em que o homem está inserido. O que o ser humano precisa é de uma conversão, como aquela que é falada na Bíblia, em que o "homem recebe de Deus uma natureza nova que lhe é dada pelo Espírito Santo ao colocar a sua Fé em Jesus Cristo".

A conversão falada na Bíblia, que é a recepção de uma vida nova, divina, é chamada de novo nascimento.

Foi o que Jesus disse a um sacerdote da alta classe chamado Nicodemos "não te maravilhes de ter dito: Necessário vos é nascer de novo". João 3:1-21


I V. A personalidade e o livre arbítrio do homem

O relacionamento entre Deus e o homem está ligado à concepção que defende a liberdade de acção do homem.

Mas todos nós sabemos que um certo determinismo religioso e científico opõe-se muitas vezes à ideia de que o homem tem liberdade de acção.

O determinismo religioso baseia-se num exagero sobre a doutrina da Soberania de Deus, que não deixa lugar nenhum à liberdade humana.

Na Religião em geral, a vontade humana está submetida à soberania de Deus. 

Mas há exageros desta tese, defendida pela religião Islâmica com a doutrina da "fatalidade", do Induismo com a "lei do karma", e também a doutrina cristã calvinista com a "doutrina da eleição" que ensina que o homem é salvo através de uma pura eleição divina sem qualquer contributo da sua vontade.

No entanto, o homem ordinário, sem conhecimento científico ou religioso concorda plenamente com a afirmação do Dr. Johnson: "todos sabemos que a vontade é livre, mas com limites".

A doutrina cristã mais moderada sobre a Soberania de Deus e da Eleição Divina, ensina que Deus deu liberdade de escolha ao homem, dentro de limites pré-estabelecidos por Deus.

"Fora desses limites o homem é inteiramente livre".

William James divide o determinismo em categorias: "the hard and the soft" - o forte e o moderado.

Para o primeiro, "the hard", o homem não passa de uma máquina.

O segundo, "the soft", tenta conciliar o melhor dos dois mundos, o da livre vontade e o do determinismo, ambos, manifestos em nosso Universo.

William James chegou à conclusão que nós somos self-determined. Ou seja, nós actuamos de acordo com o nosso querer. Ele defendia um determinismo moderado.

Mas a pergunta principal é a seguinte: o nosso querer é totalmente livre ao determinar as nossas acções?

É claro que ao falarmos disso tudo temos que concordar que a Bíblia revela que ninguém pode ser salvo ou convertido se não houver em primeiro lugar da parte de Deus um acto de Eleição Divina.

Porquê que Deus escolhe ou elege uns e não outros, este é um grande mistério que um dia iremos compreender, mas nada disto coloca em questão a justiça de Deus a responsabilidade humana. 


Em última instância o homem é sempre responsável pelos seus actos e será julgado e castigado pelo mesmos se por causa dessa razão misteriosa não ter sido eleito por Deus.

A. Soft determinism - determinismo moderado

Vejamos a resposta dos que defendem o determinismo moderado.

Segundo eles, as nossas acções vêm do carácter. O meu carácter é a soma total daquilo que eu herdei instintivamente, mais as reacções adquiridas durante a minha vida.

Mas poderíamos contestar. Se assim for, então Eu tenho pouco a haver com a criação do meu carácter. Pois neste caso, o carácter pode ser meu, mas, da mesma forma que o meu corpo é Meu. E, assim, como eu não sou responsável da cor dos meus olhos, também não sou responsável pelos instintos e reacções que formam o meu carácter.

"Neste caso eu não posso dizer que sou Self-determined".

Os defensores do "soft determinism", o moderado, respondiriam que: "como as minhas reacções não são determinadas por uma compulsão exterior, embora o exterior as influencie, nós podemos ser chamados livres, mesmo que de certo modo haja uma certa pré-determinação interior das nossas reacções".

Eles dizem que, nós podemos ter uma memória do passado ipso fact, mas não temos uma memória do futuro e aquilo que ainda não aconteceu, que tem características diferentes daquilo que já aconteceu.

Existem uma variedade quase infinita de factores de compulsão interna e externa que poderão influenciar este ipso fact, memória passada, mas excluem contudo o facto de sermos máquinas.

Daí derivar o termo self-determined defendido pelo determinismo moderado.

Mas esta ideia tem falta de clareza, pois, afinal, defende um tipo de liberdade mais dependente de factores e não dependentes inteiramente do meu Eu. Neste caso o hard determinism, determinismo forte, é mais consistente.

B. Hard determinism - determinado forte

Este tipo de determinismo, apoia-se muito nas teorias das ciências físicas. Dizem que sem tal teoria, não se pode formar um estudo sobre o homem. Há muitos que até dizem, ingenuamente, que a psicologia não pode ser uma ciência, se não houver determinismo.

Em 1900, o determinismo forte clama a vitória da ciência sobre todos os outros campos de estudo.

Esta ideia serviu de veículo final para o materialismo.

Mas o colapso desta teoria científica, começou com as descobertas modernas sobre: "a estrutura do átomo, a teoria da relatividade, The quantum theory, a teoria dos quantos, e outras teorias científicas".

O princípio de indeterminismo de Heisenger, descobriu que não se consegue determinar tanto a posição como a velocidade da partícula. Por essa razão, a Ciência, hoje, está mais aberta à investigações das ciências da vida.

Hence Eddington disse que quem defende a teoria de um determinismo na actividade mental, deve-o fazer na base de estudos feitos sobre a mente humana, e não basear as suas teorias no estudo experimental da nossa natureza física.

Toda a analogia feita entre o físico e o psíquico pode ser uma analogia falsa. A atitude de uma pessoa não pode ser estudada e determinada como uma casualidade física, só porque se pensa que é muito mais fácil ser investigada e medida.

"As ciências físicas aprendem que existe um certo determinismo no fenómeno físico, e estendem este determinismo para todas as esferas da vida, inclusive a mental, ignorando a diferença radical que existe entre o físico e o mental, podíamos até dizer entre o físico e a vida".

Quando nós falamos das causas na esfera física, nós podemos obter medidas entre causa e efeito que podem ser utilizadas para outros processos físicos, pois certamente a mesma causa produzirá o mesmo efeito. "Mas é absurdo dizer que podemos utilizar esta mesma teoria para a esfera da vida mental, falando de causa/efeito mental da mesma forma que causa/efeito físico".

Quando falamos do processo mental, falamos de diversos motivos que existem por detrás de uma acção. Por isso não se pode fazer uma analogia com o físico que tem uma única lei casual por detrás do efeito.

Podíamos atacar ainda esta falsa analogia afirmando que:

Primeiro, é psicologicamente errado falar da existência de um só motivo por detrás de uma causa/efeito na esfera psicológica.

Segundo, não existe um só critério aplicável para medir os motivos.

Terceiro, dizer que é sempre o motivo forte que vence, isto não passa de uma maneira de falar, porque de facto para nós o motivo que vence, não é mais do que o motivo que prevaleceu numa determinada situação, mas, não se pode deduzir que por haver um motivo mais forte que vence, possa-se definir qualquer processo de causa/efeito na esfera mental.

"Parece então que não podemos utilizar o determinismo científico para anular a ideia da livre vontade humana".

Na esfera física o determinismo pode ter razão, mas na região da mente, "ele faz uma figura ridícula, pois o determinismo torna a vida humana, num espectáculo de fantoches".

Além do determinismo científico já falamos do "determinismo religioso no Islamismo, no Induísmo e no Calvinismo cristão" , num parágrafo anterior.

Acerca de Calvino, o reformador protestante, ele não foi o criador de um determinismo rígido. Ele foi sim um dos grandes mentores da doutrina cristã sobre a graça e a eleição divina, seguidas por todas as igrejas protestantes e evangélicas vindas da reforma protestante.

O problema que se seguiu foi o aparecimento de um "hiper calvinismo", ou seja, de seguidores de Calvino que exageraram as doutrinas bíblicas sobre a graça e a eleição de Deus defendidas por Calvino.

O problema do hiper calvinismo, é super-enfatizar a doutrina da graça e da eleição divina, caindo num tal determinismo, que alguns dos mais extremistas chegam a dizer que Deus determinou as pessoas que vão para o céu e as pessoas que vão para o inferno, totalmente independente da vontade das mesmas.

"O Determinismo falha em suas profecias, não dando uma resposta ao intenso sentido de liberdade que nós possuímos. Os nossos sentidos negam a ideia de determinismo, seja científico, seja religioso".

Claro que não há dúvidas que só Deus pode ser totalmente livre, pois é o único ser totalmente independente self-existent e necessário. Mas, segundo a Bíblia, Ele criou o homem à sua semelhança, imago Dei, e, por isso, o homem tem a liberdade de decidir livremente, dentro de limites que lhe foram concedidos por Deus. Por exemplo, o homem não pode decidir voar como um pássaro, se quiser, ou mudar o seu temperamento.

Aliás, nós vemos que Deus deixa a natureza desenvolver-se livremente dentro dos limites que Ele próprio estabeleceu.

"Portanto, Deus não é directamente responsável pelo que acontece dentro desses limites".

Se a poluição está a estragar o ambiente, se há filhos que não estão obedecendo os pais, se não fazemos a manutenção da viatura e temos um acidente por falta de travões.

Se algumas espécies estão sendo extintas devido à ganância dos homens, enfim, poderíamos estender a lista, será que iremos atribuir a responsabilidade de tudo a Deus?

Cabe ao homem se quer ser ou não um bom marido, se quer ser ou não um bom pai, se quer viver com uma boa consciência. Deus ao conceder a sua semelhança ao homem, o imago Dei, concedeu ao homem a liberdade de tomar decisões em muitas esferas da vida. O homem possui uma grande liberdade, da qual ele terá que dar contas a Deus no Juízo Final.

"O pecado original, não desfez esta liberdade, como pensam" os hiper calvinistas.

O homem, apesar do pecado original, continua a ser humano. Embora totalmente depravado e com tendência para pecar por causa da queda, ele ainda mantêm o livre arbítrio. Senão fosse assim, ele actuaria sempre como um ser desumano, ou melhor como um demónio! Mas não é o caso.

No entanto, é claro que embora o homem mantenha muitas das suas qualidades humanas, estas não o podem manter livrar das garras do pecado, nem salvá-lo da acção do diabo.

"Por causa do pecado original, o homem é e será sempre visto por Deus como um pecador irremediavelmente perdido e derrotado". Génesis 3

"É por essa razão que Jesus Cristo veio ao mundo. Para pagar os pecados do homem e, através da sua morte e ressurreição, conceder-lhe o perdão e a vitória sobre o pecado".

Mas cabe ao homem aceitar ou rejeitar tão grande salvação, proveniente única e exclusivamente da graça e do amor de Deus. João 3:16, Efésios 2:8-9.

Se quisermos explicar o que é o livre arbítrio, cairemos no determinismo, mas, como este não pode ser explicado por leis físicas, aceitamo-lo como um dom dado por Deus, que se exerce numa dimensão existente para além do mundo dos sentidos.

O determinismo é uma característica do mundo físico, a liberdade é uma característica da experiência da vida.

A Liberdade é algo que não se pode explicar na base da consideração da sequência passado/presente/futuro, pois esta sequência passa-se na dimensão do tempo e do espaço.

O livre arbítrio actua fora desta dimensão de tempo. No que diz respeito ao tempo, a mente consegue estar a pensar no presente, analisando o passado e decidindo o futuro, praticamente ao mesmo tempo.

A mente também não está determinada pelo espaço. O homem pensa livremente em qualquer espaço em que esteja. Este livre arbítrio ou livre pensar, é uma das capacidades doadas por Deus ao homem, ao lhe ter conferido o imago Dei.

O homem não está de maneira nenhuma determinado por nenhum factor físico ou psicológico, que substituia completamente a sua liberdade de escolha e de acção.

Torno a repetir o que em cima disse:

É claro que ao falarmos disso tudo temos que concordar que a Bíblia revela que ninguém pode ser salvo ou convertido se não houver em primeiro lugar da parte de Deus um acto de Eleição Divina.

Porquê que Deus escolhe ou elege uns e não outros, este é um grande mistério que um dia iremos compreender, mas nada disto coloca em questão a justiça de Deus a responsabilidade humana. 


Em última instância o homem é sempre responsável pelos seus actos e será julgado e castigado pelo mesmos se por causa dessa razão misteriosa não ter sido eleito por Deus.

INDICE

Capítulo 1 INTRODUÇÃO
A Definição de Filosofia
O Cristianismo e a Filosofia

Capítulo 2 CRISTIANISMO E RELIGIÃO
As origens da Religião
Definição de Religião
Religião a vida humana e seus interesses
Religião e Ciência
Religião e Filosofia
Religião e Cultura
Religião e Revelação
Religião e Moralidade

Capítulo 3 CRISTIANISMO E FILOSOFIA
O Campo da Filosofia
O Cristianismo e o conhecimento
A Natureza do conhecimento
O Conhecimento religioso

Capítulo 4 A IDEIA DE DEUS
Deus e a razão humana.
As primeiras perguntas.
Provas teístas
Os Diversos argumentos
Natureza e atributos de Deus
Conceito moderno quasi-teísmo
É Deus inefável?
A natureza da experiência


Capítulo 5 A IDEIA DO UNIVERSO
Dualismo.
Monismo.
Pluralismo
Materialismo
Novo conflito – idealismo e realismo


Capítulo 6 A IDEIA DO HOMEM
A questão do pecado original
Conversão do homem segundo o cristianismo
Relação do homem e a sociedade

Capítulo 7 A IDEIA DO BOM
As teorias do bom

A IDEIA DO MAL
O mal o sofrimento e Deus
As preposições: o mal existe e Deus existe
Razões filosóficas válidas
Razões bíblicas válidas p/existência do mal

Capítulo 8 DEUS E O MUNDO
O panteísmo.
O deísmo
O monoteísmo

Capítulo 9 DEUS E O HOMEM
A concepção da teologia natural
A relação entre a razão e a revelação
Relação entre Deus e a humanidade
É Deus finito ou é infinito


Capítulo 10 OS MILAGRES E O ALÉM
Evidências para os milagres
A ressurreição de Cristo
O método do processo histórico
Provas históricas evidentes da ressurreição de Cristo.

Capítulo 11 A IDEIA DO ALÉM
As relações dos conhecimentos com a morte
O Cristianismo e a morte

Capítulo 12 ASSUNTOS CONTROVERSOS
A posição sobre diversos campos:Aborto, eutanásia, sodomia, divórcio, bebé proveta, manipulação genética, clonagem, guerra, paz, terrorismo, globalismo.


FIM

5 - A ideia do Universo

A Fé Cristã vista do ponto vista filosófico e racional

Introdução geral


Abram nos Assuntos os 12 posts ligados com Este Tema sobre Religião e Filosofia, que especifico em baixo:

1. A Religião e a Filosofia

2 - A Religião

3 - O Conhecimento

4 - A ideia de Deus

5 - A ideia do Universo

6 - A ideia do Homem

7 - A ideia do Bem e do Mal

8 - A ideia de Deus e o Mundo

9 - A Ideia de Deus e do Homem

10/11 - Os Milagres e o Além

12 - Assuntos controversos

Eu fiz este trabalho a pensar em todos aqueles que se interessam pela filosofia, religião e as ciências em geral. 


O livro toca em muitas esferas da realidade e procura determinar aquilo que o cristianismo, a religião, a filosofia e a ciência dizem da realidade que podemos ver e da realidade que está para além dos nossos cinco sentidos.


Embora muitos estudiosos agarrem-se à ideia de que somos seres racionais, quando no entanto pensamos na pesquisa da realidade que está para além dos nossos cinco sentidos,  nós temos que incluir também o coração e não só a mente na busca dessa realidade sobrenatural.


Ninguém pode ter uma compreensão global da vida e do mundo só pelo uso do seu intelecto – ou razão. 


Afinal de contas a razão só nos permite conceber e compreender o mundo e a vida através da nossa própria perspectiva racional e cultural e de uma forma muito parcial.


É por essa razão que é errado dizer que nós somos unicamente seres racionais, pois além dos nossos pensamentos nós temos também sentimentos, emoções, impulsos e as crenças profundas que existem dentro da nossa alma.


Não se pode reduzir a nossa actividade cognitiva, assim como as nossas pesquisas filosóficas e religiosas unicamente à esfera do nosso raciocíno, ignorando o nosso lado sentimental e emocional e a faculdade que temos de crer num mundo sobrenatural que ultrapassa a esfera do racional e do natural.


Nós só podemos ter uma compreensão global da existência e dos relacionamentos humanos, se compreendermos que temos que envolver não somente o raciocínio, mas também o nosso coração nessa pesquisa/processo.


O raciocínio pode ser a sede dos nossos pensamentos, mas o coração é a sede dos nossos sentimentos, emoções, impulsos e crenças.


Por essa razão, neste trabalho, eu irei falar das três grandes actividades do ser humano na procura da compreensão global da existência, que são: o pensamento, o sentimento e a crença. Irei tentar mostrar que estas actividades não se contradizem, mas antes se completam. 


Claro que ao querer mostrar que o cristianismo é uma fé que “sente e crê”, irei salientar também que o cristianismo é uma fé  que “pensa”. É por isso que o título deste trabalho é A fé cristã vista do ponto vista filosófico e racional.


Neste livro eu procuro também dar uma explicação para questões misteriosas que estão ligadas com o nosso mundo natural, com a revelação bíblica e com o campo filosófico.


Vale a pena ler sobre a abordagem que faço acerca de alguns temas misteriosos relacionados com o universo, o homem e com Deus.



Capítulo 5 –A ideia do universo


I. As ideias filosóficas sobre o universo

A. Idealismo e Realismo
B. Dualismo
C. Monismo
E. Pluralismo
F. Materialismo.
G. Novo conflito – realismo e idealismo

I I. A idade e o tamanho do universo

A. A idade do universo
B. O tamanho do universo
C. O formato do universo



I. As ideias filosóficas sobre o universo


Nem a Religião nem o Teísmo têm ideias específicas acerca da natureza física do Universo. Estas ideias pertencem mais à esfera da Ciência. As questões em que a Religião e o Teísmo estão mais interessadas são acerca da natureza e o carácter de Deus, a criação do mundo e o relacionamento de Deus com o homem.

A religião não possui nenhumas razões particulares para protestar sobre as teorias científicas acerca de um “universo em expansão” ou de um “universo em regressão ou desgaste”, ou da teoria do "Big Bang", ou da teoria que fala no desaparecimento do homem sobre o planeta ou outras teorias científicas.


Tomando isto em conta, vamos falar um pouco sobre as ideias teístas e religiosas do universo, que ocuparam o pensamento filosófico durante muitas centenas de anos e que têm ainda hoje alguma relevância.


As ideias que se seguem são complicadas para quem não está muito dentro das questões filosóficas.


Por essa razão, se não quiser ler o "ponto A", passe logo para o "ponto B". A idade e o tamanho do universo


Das teorias faladas neste capítulo, a teoria do teísmo só é totalmente oposta à teoria do materialismo, porque o materialismo nega qualquer existência que não seja material, atirando fora todos os valores espirituais, enquanto o teísmo acredita numa força superior absoluta que nos domina.


A. Idealismo e realismo


Aqueles que defendem o "Idealismo", não ficam perturbados com profecias sobre o fim do mundo, pois eles acreditam na supremacia da mente e a mente nunca poderá desaparecer da existência, não importa quaisquer que sejam as catástrofes físicas que aconteçam no nosso planeta.


"De outro lado, se o Universo é a oficina de Deus onde os seus propósitos são criados, o estado último do universo, qualquer que venha a ser, não afecta os propósitos divinos".


Das duas teorias, "o realismo e o idealismo", que pretendem relacionar a ligação mente/matéria, o realismo é dualístico, acreditando também no pensamento, fazendo assim um pequeno gesto ao Idealismo, "mas opõe-se à ideia de que a primeira essência do universo é mental e não física".


Ou seja o realismo não acredita num estado mental da essência da realidade.


No realismo, a ideia do pensamento e da matéria, é visto somente como sendo dois aspectos de uma só realidade - física.


O idealismo pode ter uma vertente pluralista mas ao defender que toda a realidade é mental, torna-se qualitativamente monista.


B. Dualismo


O "Dualismo" existiu primeiro em forma religiosa antes de existir na sua forma filosófica. "Por essa razão vemos que muitos povos defenderam desde o início a ideia do bem e do mal".


Citamos, por exemplo, a doutrina do Antigo Testamento que já faz referência a Deus e ao diabo, e que é uma doutrina original, não tendo surgido da influência de nenhuma filosofia antiga.


Com o tempo surgiram teorias filosóficas que ensinaram um dualismo, ou seja, uma distinção entre a matéria e a alma. Os pensadores gregos, Platão, Aristóteles manifestaram uma grande tendência dualista.


Surgiu então o "dualismo filosófico".


"O monismo" pode ser muito atraente mas, na verdade, nós vemos dualismo em tudo: verdadeiro/falso; mente/matéria; vida/morte; homem/mulher; céu/inferno; Deus/diabo.


Descartes, o pioneiro da filosofia moderna, dividiu a realidade em “extensão” e “pensamento”, um Dualismo que os seus sucessores nunca conseguiram reconciliar.


Nós vivemos num universo onde não podemos escapar às rígidas concepções dualistas, que existe não só na teoria, mas que são largamente aceites, pelos homens, de todas as culturas que povoam o nosso planeta.


C. Monismo


O Monismo tem tantas dificuldades como o Dualismo, mas a grande diferença é que, pelo menos, o dualismo é aceite pela “fé animal”. Ou seja, a maior parte dos homens acredita na "dualidade do universo".


O monismo acredita que a realidade é constituída por uma só coisa. Chama-se a este monismo: "monismo qualitativo".


O materialismo é um tipo de monismo qualitativo, ou seja, acredita que só existe a matéria.


Mas há o monismo que acredita que há só um único ser. Este monismo chama-se: "monismo numérico".


Os "monistas pluralistas", embora acreditanto que a realidade é só mental, ensinam que há diversas mentes no universo e não só uma única mente absoluta.


Os idealistas são monistas, pois acreditam que o corpo e a mente são a mesma coisa.

O primeiro - o corpo, emerge do segundo - a mente.

Apesar da filosofia não se contentar com a explicação da teoria dualista do universo; também não encontra a sua solução na teoria monista, que apesar de ter uma grande base psicológica, "tem muita falta de lógica humana".


A força do monismo é a reivindicação filosófica que quanto mais perto nós chegarmos da última realidade física, mais conscientes nós estaremos de que esta realidade conforma-se à realidade do pensamento.


Vemos que as experiências científicas de carácter atómico/nuclear e o conhecimento das leis da conservação da energia, quanto mais se aproximam da sua última realidade, mais se aproximam também de uma realidade extra-natural ou supra-racional.


Mas embora isto seja verdade, não quer dizer que tudo seja só pensamento.


Do ponto de vista psicológico, o monismo é bastante manifesto, mas, no mundo, o dualismo aparece em todo o lugar. Nós vivemos num universo dualista. Por essa razão, por muitas evidências que tenha o monismo, não podemos fazer disto uma teoria para o universo, devido às evidências dualistas desse mesmo universo.


O Cristianismo tem aspectos dualistas: "fala de Deus, o ser necessário self-existent, e a criação, o produto temporal e finito da actividade criadora de Deus".


Deus é apresentado como sendo espiritual, e a criação é apresentada como sendo material. Sobre o homem, o Cristianismo ensina o Dualismo corpo-alma.


No entanto, é muito difícil traçar a fronteira entre a natureza do corpo e da alma, assim como entre e a natureza da alma e do espírito.


O homem possui uma alma humana, com uma virtualidade mais complexa e muito superior à alma do animal.


A Bíblia chama espírito a esta faculdade da alma humana. Mas há teólogos cristãos que preferem compartimentar e falar da alma e do espírito. Só que isto cria alguns problemas metafísicos, pois parece que falam de uma outra “substância” além do corpo e da alma.


Por essa razão, a nível filosófico, é melhor dividir o homem em duas partes – corpo e alma – e considerar que o espírito é a faculdade espiritual da alma, que diferencia a alma do homem da alma do animal, que afinal revela que o homem é um ser que tem uma alma inteligente, consciente e imortal, criada à imagem e semelhança de Deus.


D. Plurarismo


O Plurarismo compartilha com o Dualismo a rejeição do ponto cardinal do monismo, que afirma que a realidade só tem uma natureza, embora em aparência pareça ter muitas.


Há o pluralismo espiritual cujo mais radical, o de Leibniz, defende um mundo composto de mónados. "


Esta multiplicidade de mónados é composta de átomos não materiais, sendo a alma o supremo mónado do corpo e Deus é o mais básico mónado".


No entanto este tipo de pluralismo não aceita a noção de unidade, que o monismo defende. Eles acreditam que o mundo é uma mistura de um e de muitos, que podem estar conjugados ou não.


"Para o monismo a unidade é o último facto e é para aí que tudo se encaminha", enquanto que para o pluralismo esta ideia é idealista e não real, porque o último facto é a diversidade conjugada ou não é nesta direcção que o mundo caminha.


Mas o pluralismo tem clamores religiosos também. É o caso de Ward, que diz que aqueles que pensam que o mundo é “um como base de muitos” tratam o mundo como se tudo fosse feito por e para Glória de Deus.


Aqueles que pensam que o mundo é uma conjugação de um com muitos, vêm Deus como uma necessária adjunção de tudo.


No entanto Ward embora acreditasse que inexplicavelmente “um é a base de muitos”, enfatizou de tal forma "muitos" que tornou-se um pluralista.


E. Materialismo


O Materialismo não é nada mais do que o ingénuo realismo do garbo filosófico. O materialismo é bastante antigo. Já foi ensinado antigamente na Índia, Grécia, China etc.


"Com o aparecimento do Cristianismo o materialismo foi posto de parte e só reviveu nos tempos de Hobbes".


Mais tarde a doutrina foi popularizada por diversos pensadores, como La Mettrie e Von Holbach, e foi estimulada pela revolução francesa. A seguir floresceu na Alemanha através dos escritos de Buchner e outros. "Depois das descobertas de Darwin o materialismo veio como uma inundação" e, Flint, chamou a isto o mais prevalente e formidável tipo de doutrina anti-teísta.


Mas, pouco a pouco, as novas concepções de energia e das teorias moleculares enfraqueceu as teorias do materialismo medieval e clássico. Sofreu uma nova derrota com o aparecimento da teoria da relatividade que destrói muitas das ideias do aparecimento e da formação da matéria nos seus diversos tipos e categorias.


Nunca nenhum materialista explicou o que ele quer dizer, ao formular que a sua teoria é verdadeira. A verdade não é uma propriedade da matéria. Porque as sensações e os pensamentos que nós adquirimos, não podem ser explicadas a partir de equações físicas e químicas.


Não significa nada o que materialista diz sobre os nossos pensamentos e sensações, porque ele não consegue explicá-los lógica e correctamente a partir da sua teoria. É verdade que ele pode dizer que a sua teoria é necessária para explicar o universo, mas ele não pode inteligentemente chamar à sua teoria verdade, "até que ele consiga, através da mesma teoria explicar todo a fenomenologia psicológica, sensorial, religiosa/espiritual e moral que existe no nosso mundo".


Muitos têm jogado a consciência fora da psicologia, dizendo que a consciência não consegue ser explicada materialmente, pois é supérflua as explicações que os moralistas ou cristãos dão sobre a consciência.


Bem, pode ser supérflua para alguém que talvez não queira nem consiga associá-la à melhoria do comportamento humano, "mas que a consciência existe, ninguém pode negar". É lógico que é um fenómeno, que tem de ser explicado à luz das ciências da vida e não à luz das ciências físico/químicas.


Para o teísta, e o cristão, a consciência não têm nada de supérfluo, mas é uma peça fundamental no comportamento humano. Não se pode jogar fora fenómenos, só porque não podem ser explicados pela teoria que seguimos.


Aliás, esta atitude é anti-científica. Uma ciência absolutista que nega todos os fenómenos defendidos pelas ciências da vida, é uma ciência sem consciência e insensata e que se contradiz a si mesmo, pois o espírito que motiva a verdadeira ciência - é o espírito da investigação.


"Hoje, os métodos modernos de investigação científica, incluem já no seu processo, o estudo da subjectividade, sensibilidade, impulsos, motivações, emoções e crenças, ligados aos fenómenos da natureza e do mundo".


Desta forma, a ciência sabe que há muitos fenómenos medidos e sentidos, que não conseguem ser explicados pelas leis da física, deixando subentender que terão que ser explicados pelas ciências da vida.


Além disto, se esse fenómenos têm tido um impacto na história, mudando e moldando os acontecimentos, como também as mentalidades e os costumes, deviam ser dignos de investigação.


Damos como exemplo, "a crença em Deus e na vida além da morte", mantida por biliões de pessoas, têm tido uma influência tremenda na forma como os homens têm organizado a sua vida e a vida cultural das suas sociedades?


Lord Balfour disse que: nós já sabemos bastante sobre a matéria, para que não caiamos mais numa teoria materialista da realidade.


F. Novo conflito – realismo e idealismo


As recentes descobertas sobre a natureza e a constituição do Universo, "levantaram de novo o antigo conflito entre realismo e idealismo"

.
O homem comum nunca duvida da realidade do universo material. Ele só conhece a linguagem dos sólidos. Utiliza as expressões: "impressão, sentimento, aspiração, abstracto, consciência, subconsciente, referindo-se ao processo mental originário das funções da matéria".

Mas estas ideias realistas ficaram sempre consideradas como um mistério e nunca foram filosoficamente substanciadas. Berkeley (1684-1753) disse: a existência do mundo material depende da mente. Ele admitiu que o universo não existe por si próprio, mas simplesmente pela mente de Deus.


Não há dúvidas que existe um o exterior, mas existe também a mente que o apreende.


"Por exemplo, a rosa tem cheiro, mas se o nariz não tivesse algumas membranas a pessoa não cheiraria nada". O mesmo se passa com a cor apreendida. Existe um processo em nosso cérebro pelo qual a nossa mente apreende e sente a realidade.


Há muitas coisas que parecem não pertencer ao objecto mas à mente que o apreende.

O mesmo se passa com as relações de espaço, tempo, semelhança, grau, etc que são apreendidas, comparadas e classificadas pela a mente.

Portanto, parece que a existência da matéria depende em parte da existência do pensamento.


Muitos dizem que a matéria existe antes da mente. Esta objecção existe por causa da dificuldade em aceitar que a mente existe antes da matéria. No entanto, a mente pode produzir em seu écran todas as características dos objectos do mundo exterior, sem os ter visualizado. É o caso dos sonhos, alucinações, imaginações, fantasias etc.


É claro que podem dizer que isto só diz respeito a um processo de reprodução que a mente faz da matéria já visualizada.


Será? E, então, um cego não pensa, nem sonha? E o que visualiza um cego em seus pensamentos e sonhos? O vazio, o escuro, o nada, ou objectos e características da realidade?


"Vemos que a mente pode produzir efeitos materiais sem causas materiais. Há mesmo doenças curadas através do processo mental que actua sobre o processo material".


Um facto fica e é que: a matéria existe simplesmente porque a mente pensa nisto. Dizer que existe independentemente da mente, não altera o facto de que muitas das suas aparentes propriedades, estão processadas na mente, ou seja, pertencem à mente.


Se o realismo é verdade, então o poeta estava errado quando declamou a sua poesia dizendo: a flor nasceu para espraiar o seu cheiro no ar. "O cheiro da flor existe porque existe o processo do cheiro na mente".


Por isso, Berkeley definiu a essência da matéria nestas palavras: "esse est percipi", que significa: para ser tem que ser apreendido.


No entanto, embora nós tenhamos que admitir que existe um grandioso e misterioso relacionamento entre o pensamento e a matéria, não podemos concordar que: a natureza só existe na sua relação com o pensamento ou só existe no pensamento, como o idealista pensa para deitar abaixo o realista.


"O Cristianismo ensina que as coisas existem independentemente do nosso pensamento"!


A diferença entre o cristianismo e a filosofia, é que ensina que Deus equipou o pensamento humano com processos necessários para poder apreender o universo envolvente.


No entanto, o cristianismo concorda que o pensamento existe antes da matéria. Mas estamos a falar do pensamento de Deus. Deus é o arquitecto de tudo o que existe. Deus é espírito, e o seu pensamento divino planeou toda a criação.


A Bíblia afirma que aquilo que existe não foi criado a partir daquilo que aparenta, mas foi criado pela Palavra de Deus. Hebreus 11:3. "Aliás, segundo a Bíblia a matéria aparece do nada segundo uma ordem da Palavra de Deus". Deus disse: "haja luz, e houve luz". Génesis 1:3.


Foi Deus que criou as misteriosas propriedades da matéria e do pensamento do homem, que tornou possível o relacionamento harmonioso no processo: o objecto e a percepção mental do objecto.


"A investigação filosófica, científica e religiosa testemunham deste processo, em que vemos quatro coisas":


1 - O pensamento parece independente e o seu processo é composto de uma misteriosa função preceptora da realidade.


2 - A matéria parece independente e o seu processo é composto de uma misteriosa função de produtora de propriedades que facilitam a sua percepção pela mente.


3 - Há uma perfeita conexão entre o objecto apreendido e a mente que apreende, devido às suas misteriosas funções e propriedades. Talvez não fosse errado dizer que o objecto tem propriedades físicas e limitadas e a mente tem funções ilimitadas devido às suas características imateriais.


4 - Parece existir uma base self-existent, necessária e independente, que dá origem às realidades, o material e o mental. Porque se uma não criou a outra, mas são totalmente independentes, donde vem a sua proveniência? Vêm certamente de uma base independente e necessária que criou ambos – o material e o mental.


Podia-se refutar e dizer: as duas realidades, matéria e pensamento existiram sempre, não foram criadas por um Deus. Então, neste caso, o homem é Deus! Um deus, com letra pequena, pois não criou nada. No fundo, é assim que pensam os panteístas, que Deus é uma amálgama de tudo.


Desta forma, o pensamento e a matéria formam uma só realidade, e caímos num monismo rígido.


Felizmente que a realidade nega esta teoria.


Como conclusão, ambos, o realismo e o idealismo pecam por caírem num monismo rígido e incompatível com a explicação da realidade exterior que têm marcas de um Dualismo - "Deus e Criação", e dum Teísmo - "Deus absoluto, self -existent independente e necessário".


Se acreditarmos na independência entre a mente e a matéria, Deus torna-se com toda a evidência e coerência o Ser necessário, self-existent, independente e criador dessas duas realidades.




I I. A idade, o tamanho e o formato do universo 

No capítulo anterior falamos muito da natureza do Universo. Não há dúvidas que as ideias teístas sobre o universo distinguem idealismo e realismo, ou seja, defendem uma distinção entre o pensamento e a matéria. Além disso defendem um dualismo no Universo: bem/mal, vida/morte, corpo/alma etc.

De certo modo o cristianismo concorda com estas ideias teístas.


A grande diferença entre o cristianismo e o teísmo é a clareza com que o cristianismo apresenta as relações entre: o pensamento e a matéria, Deus e a natureza, Deus e o homem, Deus e o diabo, a vida e a morte.


O cristianismo além de não amalgamar estas coisas, define cada uma de maneira muito específica.


"Por essa razão, encontramos na Bíblia ideias muito claras sobre Deus, o universo, o homem, o diabo, a vida, a morte, o pensamento e a matéria" etc.


Mas passemos agora para um tema apaixonante que é a idade, o tamanho e o formato do Universo.



A. A idade do universo

A Ciência estima que a idade do Universo possa situar-se entre 10 e 20 mil milhões de anos.


1 milhão: 1.000 x 1000 = 1.000.000

15 milhões: 15.000 x 1000 = 15.000.000
15 mil milhões: 15.000.000 x 1000 = 15.000.000.000

"Se buscarmos um valor intermédio, o universo teria cerca de 16 biliões de anos, segundo o que pensam muitos cientistas".


Há teorias que falam de cerca de 90 mil milhões de anos, e há mesmo quem estime o diâmetro do universo de 156 mil milhões de anos de luz.


90 mil milhões: 90.000.000 x 1000= 90.000.000.000


156 mil milhões: 156.000.000 x 1000= 156.000.000.000


Porém, observações muito recentes do "telescópio espacial Hubble" têm provocado grande agitação no seio da comunidade científica por esta querer sugerir uma idade para o Universo, compreendida entre 8 e 12 mil milhões de anos.


E porquê?


Porque esta idade é claramente inferior à idade das estrelas mais velhas da Via Láctea. É claro que não é possível admitir que o Universo seja mais novo que as suas estrelas.


Todos nós sabemos que, o grande problema da Ciência, é que conforme aparecem aparelhos mais sofisticados, estes acabam por detectar novos dados que comprometem os dados antigos.


Isto seja com a idade do universo, com o seu tamanho ou o seu formato!!!


"Por exemplo, a Ciência, na sua epopeia de descoberta do Universo, quando pensava ter encontrado o astro maior, surgiu um outro astro maior, e quando pensava ter encontrado o corpo mais pequeno, surgiu um outro corpo mais pequeno".


Por essa razão, a ideia de que o Universo deve ter cerca de 15 biliões de anos, (ou 90 biliões como pensam outros) é um dado sujeito a alteração.


Mas tenha o Universo 15 biliões, ou 15 triliões de anos, o que é isto em relação à eternidade?


E leva-nos sempre à mesma pergunta: o que existia antes destes 15 biliões ou triliões de anos?



1. teoria do Big Bang

Por exemplo, muitas cientistas continuam a defender a teoria do Big Bang. Dizem que o tempo e o espaço surgiram a partir do Big Bang. Mas, dizem muito pouco sobre o que pode ter provocado o Big Bang, ou o que existia antes do "Baaang"!


Mas o homem como tem uma costela filosófica e religiosa por natureza - não é só um animal político ou social – quer respostas imediatas. O homem não aceita uma resposta como, por exemplo, dão muitos cientistas que acreditam no Big Bang:


Não vale a pena pensar agora naquilo que existia antes do Big Bang “daqui a alguns milhares de anos com o avanço da Ciência nós iremos compreender melhor as origens do mundo e da vida”.


O homem considera inválida, do ponto de vista filosófico e religioso, uma resposta como esta.


O homem, no fundo, sabe que é possível ter uma interpretação global da existência e precisa de tê-la já nesta vida. Se o Big Bang existiu, o homem quer saber agora o que existia antes.


2. Peguntas que as pessoas comuns fazem sobre o universo


Podemos ler em baixo, algumas perguntas muito comuns que as pessoas fazem sobre o universo e as respostas muito vagas dadas por cientistas.


Perguntas comuns:



1ª Pergunta:

"O que existia antes de algo existir? Ou melhor, o que existia antes do tempo e do espaço começar"?



2ª Pergunta:

"Foi Deus que fez o universo aparecer? E quem criou Deus? E o que fazia Deus antes de criar o universo?"



3ª Pergunta:

"Se o Big Bang foi o começo de tudo, antes disso era tudo negro? Os acontecimentos estavam parados no tempo, até que BAAANG! E tudo começou?"



4ª Pergunta:

"Mas, se não havia nada, de onde vieram as primeiras partículas de matéria que originaram o Big Bang?"


Surgiram por MAGIA????


Vamos ver em baixo as respostas vagas dada por cientistas:



1ª resposta dada por um cientista:

A resposta às perguntas de cima, estão para além da nossa compreensão. Mas, talvez daqui a alguns milhares de anos, com o avanço da tecnologia poderemos responder a estas perguntas. Mas, até lá, isso irá permanecer um mistério, por muito que possamos especular e pensar sobre o assunto. É isto que a vida tem de bom... os mistérios, as coisas inexplicáveis. Porque são elas que nos dão força, coragem e vontade de continuar a pesquisar, e encontrar soluções e aprender cada vez mais.


"É de facto uma resposta bonita, mas que foge à interrogação filosófica, procurando escapar, escondendo-se debaixo de um conceito cientista muito vago".


2ª resposta dada por um outro cientista:


Têm que usar a imaginação para encontrar resposta a estas perguntas. Por exemplo, pense que neste preciso momento o universo está a expandir-se. Depois imagine que conseguimos parar o tempo. Melhor ainda... vamos fazê-lo voltar para trás!! Voltando aproximadamente 16.000 Bilhões de anos, ou mais, as Galáxias todas estavam juntas, fundidas umas às outras, "confinadas num único ponto". A "potência" contida nesse ponto era tanta, que BAAANG!


"E a energia libertada pelo BigBang ainda hoje faz com que o universo se expanda".


"Esta resposta não responde a nenhuma das perguntas acima feitas. E, pelos vistos, o dono tem pouca imaginação."


Portanto, embora possamos não ter muito conhecimento nesta matéria científica, e acreditarmos que seja possível o universo estar a expandir-se a partir de um ponto, a grande questão continua, o que é que deu origem ao Big Bang?


A idade do universo calculado pelos cientistas, coloca a ciência entre a espada e a parede. Pois a ciência revela assim que acredita que o mundo material teve um início. E isto leva inevitavelmente à pergunta: o que existia antes desse início, a 16 biliões atrás, na altura em que os cientistas pensam que o universo teve o seu início?



3. A Bíblia não dá qualquer ideia sobre a idade, tamanho e formato do universo.

A Bíblia não nos dá qualquer ideia sobre a idade, tamanho e formato do universo ou sobre o processo orgânico da criação.


Diz somente: “no princípio criou Deus”.


Mas, neste pequeno verso, a Bíblia responde às perguntas que vimos em cima. Era Deus que existia antes do universo e tudo o mais que possa existir. Se quisermos, podemos dizer: “era Deus que existia antes do Big Bang”, e, se o Big Bang aconteceu, “Deus foi o causador do Big Bang!”


Reparem, antes do Big Bang, não havia nada do nosso universo. O universo foi criado espontaneamente por Deus a partir do nada. Se existiu o Big Bang, foi Deus que criou a massa, confinou-a num ponto, e Baaangg!


Não sabemos como, em quanto tempo, nem conhecemos o processo que Deus utilizou, mas sabemos que tudo aconteceu debaixo do Seu plano criador.



4. Se assim foi "quem criou Deus?"

Mas, fica a pergunta: "quem criou Deus?"


Isto é pergunta que não se pode fazer, pois se Deus existe, Ele tem que ser o ser independente, necessário, suficiente, eterno e ilimitado. É assim que a Bíblia e a filosofia teísta o apresentam e é por isso que Ele é chamado ”Deus".


A questão que a idade do universo coloca aos cristãos é: Deus esteve parado toda a eternidade, antes de criar o nosso universo? ou Deus é um criador eterno?


Se aceitarmos que Deus é um criador eterno, teremos que ter uma ideia muito mais abrangente e maior de tudo aquilo que Deus já criou durante a Suas eternidades.


Para terminar a ideia da idade do universo, o autor deste trabalho, analisando esta ideia do ponto vista exclusivamente filosófico e religioso, acha que o universo tem muito mais idade do que aquela que a ciência estima, ou que nós possamos imaginar!


"O que leva o autor a ter esta ideia é o tamanho do universo que iremos ver a seguir".


B. O tamanho do universo


O autor acha que nem de perto, nem de longe, os cientistas já chegaram a uma conclusão sobre o tamanho do universo ou entraram em contacto com todos os corpos – galáxias - que povoam todo o Universo.


O autor acha que conforme os cientistas forem entrando em contacto com novas esferas do Universo, com novos aglomerados de corpos celestes, isto alterará de certeza a concepção que têm do tamanho do universo, quem sabe do seu aparecimento, da sua idade e do seu formato.


Nós vimos na ideia de Deus, que Ele é eterno, a Bíblia fala de eternidades, e com certeza Deus é um Deus criador desde sempre. Falei da sua criação, como sendo feita através de actos criadores e não de um único e exclusivo acto criador. Deus criou, está a criar e irá continuar a criar. Deus é um Criador eterno.


Se analisarmos as existências criadas por Deus, incluindo a criação do nosso universo, à luz do que está referido no parágrafo anterior, teremos que concluir que as coisas criadas por Deus durante as suas eternidades através de actos criadores têm de certo modo no seu Todo um tamanho infinito, embora não existam antes de Deus, pois tudo foi criado por ELE e para ELE.


Romanos 11:33 "Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! 36 Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!"


Mas neste capítulo não estamos a falar de toda a criação feita por Deus durante as suas eternidades, mas somente da criação do nosso universo, de que já foi dito é um universo finito.



1. A pergunta de Arquitas sobre a sua lança

Falando sobre o nosso Universo, a única criação que nos é tangível e comprensível, tem havido diversas teorias, mas a pergunta feita por Arquitas pensador antigo que viver no século IV a.c "o que aconteceria se alguém chegasse à borda do universo e atirasse uma lança?", continua sem uma resposta muito concreta.


Os cientistas, com as novas descobertas, estão ficando cada vez mais entre a espada e a parede pois todas as teorias filosóficas e científicas apontam para um universo finito. O nosso Universo não é infinito!!!


Embora seja dificil imaginar um Universo que acaba algures na existência, pois estamos limitado pelas nossas noções finitas de espaço e de tempo, teremos de ser confrontados com a pergunta de Arquitas, e procurar saber para onde iria a sua lança se fosse lançada da borda (ou final) do Universo!!!



2. A resposta de Pietro Ubaldi a Arquitas

Ubaldi, em 1932, avançou com a tese da "Grande síntese", procurando responder à pergunta de Arquitas que afinal é a nossa também: "o que existe para além do limites onde o nosso universo acaba?"


A filosofia de Ubaldi deixa de novo sem resposta a pergunta de Arquitas, pois Ubaldi embora esclarecedor criou uma teoria um pouco confusa.


É esclarecadora porque na "Grande Síntese" Pietro Ubaldi afirma categoricamente que o espaço tem um fim, o, que, pouco a pouco, está-se tornando a opinião de grande parte dos cientistas e filósofos, que não acreditam mais num universo infinito.

Pietro diz: "No sentido espacial, o nosso universo estelar, considerado isoladamente, é um sistema finito; é imenso, mas pode ser medido, e tudo que se pode medir é finito".

Mas a confusão começa quando ele tenta explicar o ponto de encontro entre o finito e o infinito. Ele diz: "Se me perguntais onde termina o espaço, eu vos respondo: num ponto em que o "onde" se transforma no "quando".

Ubaldi fala assim, pois ele acredita na curvatura do Universo, por essa razão ele diz que a lança de Arquitas retornaria ao seu ponto de partida, depois de 200 bilhões de anos. Mas, ao mesmo tempo, como ele acredita que a curvatura do universo não é perfeitamente fechada, mas se abre por imposição da lei do devenir, gerando uma espiral aberta, onde deveria existir uma esfera, o ponto não se fechará nele mesmo, existindo uma caminhada aberta e feita de transformismo evolutivo, a substância constitutiva da lança evoluirá e se transubstanciará sendo reabsorvida pelo universo contíguo e superior ao nosso.

De certo modo ele acredita na "contiguidade" do nosso universo que naquele ponto da curvatura se transforma num outro universo ou se encontra com um outro universo. Portanto a lança então terminará sua viagem num outro Universo dimensional.

"Ubaldi está a utilizar a lança como um símbolo de toda a existência criada que nós conhecemos, que ele acredita que ao morrer, será reabsorvida e transubstanciada pelo universo contíguo e superior ao nosso, que ele acha que é o que a Bíblia chama de Reino de Deus".

Ubaldi afirma que o espaço é uma bolha que se expande, que igualmente teve sua origem e tem seu limite, e que na curvatura do Universo se dá o encontro entre o finito e o infinito, mas que nesse "ponto de encontro", ou "redemoinho" como ele chama, não pode ser compreendido, nem explicado pela razão humana.

A "Grande síntese" ensina que o universo é constituido por unidades colectivas que formam aglomerados (galáxias), que por sua vez estão dentro de aglomerados maiores (grupo de galáxias) que se encontram dentro de autênticos arquipélagos galácticos, que por sua vez estão dentro de super-aglomerados de arquipélagos galácticos.

Mas será que as unidades colectivas terminam nos super-aglomerados? Ou toda essa imensidão super-galáctica seria apenas um ínfimo componente de um outro universo ainda muito maior, e assim sucessivamente?

Onde termina esta organização de unidades coletivas?

Qual o limite para o infinito?

Onde estancaremos nessa viagem da imaginação?

Ubaldi acha que podemos caminhar do mundo subatômico para o mundo astronômico, e imaginá-lo o mais grande possível, mas a nossa razão é inadequada para estabelecer-lhe limites, pois o que virá depois, ou o que vem antes dele nos escapa totalmente à compreensão. No entanto, por maior que o possamos imaginar, Ubaldi afirma que o nosso universo é finito. Mas, segundo ele, a nossa mente se perde nos "intricados redemoinhos" onde o nosso espaço e tempo finito, por mais grande que seja, faz fronteira com o infinito e a eternidade.

Na "Grande Síntese" ele diz que as unidades coletivas que constituem o universo, não são unidades estanques mas também não progridem infinita e linearmente em ambas as direções. Elas desaparecem em um nível para ressurgir em outro, de modo que, aos nossos olhos e pela nossa razão não podemos identificar a sua perfeita continuidade.

Sem dúvidas que ele é esclarecedor em muitos aspectos, a confusão chega quando ele fala na contiguidade do nosso universo, ou da fronteira do nosso universo com outras dimensões, como vemos explicado em baixo:

Para Ubaldi, os limites do Universo, são conceptuais e não espaciais ou temporais, criando a lei interessante dos limites dimensionais, formulada pela Grande Síntese, lei esta que, em outras palavras, poderia ser assim anunciada: as dimensões não são unidades absolutas, mas limitadas ao universo em que se manifestam e se transmutam em outras unidades dimensionais, à medida que conforme a substância vai evoluindo, faz evoluir as manifestações do universo.

Embora Ubaldi, fale de Deus, da dimensão divina, e consiga dar algumas explicações para a pergunta de Arquitas e contrariar o paradoxo de Olbers, a sua explicação sobre o universo evoluindo e transmutando para outras dimensões é muito confusa continuam e complexa, ficando assim a pergunta de Arquitas sem resposta.

C. O formato do universo

Além das teorias filosóficas, há muitas teorias científicas sobre o formato do universo, e há cientistas que dizem que o nosso universo é capaz de ter um formato "dodecahedron" ou seja é um polígono com 12 faces onde o espaço se enrola sobre si mesmo, ficando parecido com um "donut" com três dimensões.

Falam portanto de um polígono com 12 faces, mas, um polígono tridimensional. Desta forma, as 12 faces são te tal forma contíguas que se sairmos de um lado entramos num outro lado do polígono.

Se o universo tiver este forato, quase que podemos atestar que "a lança de Arquitas ao ser lançada não sai de dentro do universo, pois ao sair de um lado entra no outro."

A fraqueza das teorias científicas estão no facto de procurarem explicar pela razão e pelos aparelhos científicas questões ligadas com a idade, o tamanho do universo, os seus limites e possíveis universos ou dimensões contíguas.

A razão só consegue raciocinar dentro dos limites estabelecidos pelas unidades de tempo e espaço. Tudo o mais, quaisquer outras dimensões escapa ao controle da razão, a razão não consegue atingir e compreender.

Como é que a razão consegue compreender que o universo termina algures e não há mais nada, nem espaço, nem corpos? Ou, então, se houver alguma outra coisa contígua ao nosso universo, o que é? Ou se houver outra dimensão, como é?

Como é que os aparelhos conseguem medir e determinar estas coisas?

Não podemos esquecer também que a criação e a vida, tem um lado sobrenatural. Não podemos esquecer que com as novas descobertas na área da eletrodinâmica, surgiu a teoria quântica que revolucionou as teorias físicas actuais de espaço e tempo.

Não que entrem em contradição com as teorias antigas. Mas revelam que as teorias antigas a partir de um certo estado da mátéria já não conseguem medir a mesma com os seus padrões e medidas tradicionais.

Ou seja, por exemplo, no caso das células humanas e outras células, o comportamento das partículas mais pequeninas das células já não podem ser medidas pelas medidas da física clássica.