quarta-feira, 27 de junho de 2007

8 - A ideia de Deus e o Mundo

A Fé cristã vista do ponto vista filosófico e racional 

Introdução geral


Abram nos Assuntos os 12 posts ligados com Este Tema sobre Religião e Filosofia, que especifico em baixo:

1. A Religião e a Filosofia

2 - A Religião

3 - O Conhecimento

4 - A ideia de Deus

5 - A ideia do Universo

6 - A ideia do Homem

7 - A ideia do Bem e do Mal

8 - A ideia de Deus e o Mundo

9 - A Ideia de Deus e do Homem

10/11 - Os Milagres e o Além

12 - Assuntos controversos

Eu fiz este trabalho a pensar em todos aqueles que se interessam pela filosofia, religião e as ciências em geral. 


O livro toca em muitas esferas da realidade e procura determinar aquilo que o cristianismo, a religião, a filosofia e a ciência dizem da realidade que podemos ver e da realidade que está para além dos nossos cinco sentidos.


Embora muitos estudiosos agarrem-se à ideia de que somos seres racionais, quando no entanto pensamos na pesquisa da realidade que está para além dos nossos cinco sentidos,  nós temos que incluir também o coração e não só a mente na busca dessa realidade sobrenatural.


Ninguém pode ter uma compreensão global da vida e do mundo só pelo uso do seu intelecto – ou razão. 


Afinal de contas a razão só nos permite conceber e compreender o mundo e a vida através da nossa própria perspectiva racional e cultural e de uma forma muito parcial.


É por essa razão que é errado dizer que nós somos unicamente seres racionais, pois além dos nossos pensamentos nós temos também sentimentos, emoções, impulsos e as crenças profundas que existem dentro da nossa alma.


Não se pode reduzir a nossa actividade cognitiva, assim como as nossas pesquisas filosóficas e religiosas unicamente à esfera do nosso raciocíno, ignorando o nosso lado sentimental e emocional e a faculdade que temos de crer num mundo sobrenatural que ultrapassa a esfera do racional e do natural.


Nós só podemos ter uma compreensão global da existência e dos relacionamentos humanos, se compreendermos que temos que envolver não somente o raciocínio, mas também o nosso coração nessa pesquisa/processo.


O raciocínio pode ser a sede dos nossos pensamentos, mas o coração é a sede dos nossos sentimentos, emoções, impulsos e crenças.


Por essa razão, neste trabalho, eu irei falar das três grandes actividades do ser humano na procura da compreensão global da existência, que são: o pensamento, o sentimento e a crença. Irei tentar mostrar que estas actividades não se contradizem, mas antes se completam. 


Claro que ao querer mostrar que o cristianismo é uma fé que “sente e crê”, irei salientar também que o cristianismo é uma fé  que “pensa”. É por isso que o título deste trabalho é A fé cristã vista do ponto vista filosófico e racional.


Neste livro eu procuro também dar uma explicação para questões misteriosas que estão ligadas com o nosso mundo natural, com a revelação bíblica e com o campo filosófico.


Vale a pena ler sobre a abordagem que faço acerca de alguns temas misteriosos relacionados com o universo, o homem e com Deus.
 
Capitulo 8 - A ideia de Deus e o mundo

I. Diversas ideias sobre Deus e o mundo


A. O politeísmo

1. O politeísmo nasceu de várias causas
2. O religiões monoteístas criaram muitos credos, santos e padroeiros
3. O judaísmo e o cristianismo tiraram a credibilidade ao poleteísmo.

B. O panteísmo

1. Deus é igual ao Todo existente.
2. Os três caminhos que conduzem ao panteísmo.
3. O panteísmo não tem noção de moralidade.
4. A raíz defeituosa do panteísmo é considerar que Deus é o Todo.

C. O deísmo

1. A diferença entre o deísmo e o teísmo
2. Os diversos tipo de deísmo
3. "Deus sim, o Evangelho não" é a base do deísmo
4. O deísmo morreu antes de John Wesley morrer

D. O monotéismo

1. O monoteísmo tem as as suas raízes na religião hebraica
2. O monoteísmo não é uma religião mas sim uma doutrina sobre Deus
3. A ideia monoteísta sobre a criação
4. A criação não é cosmocêntrica
5. A providência divina


I I. A ideia monoteísta sobre Deus e a criação

A. É a criação um acto (único) ou é uma actividade de Deus contínua

1. É a criação feita no tempo o tempo é parte da criação
2. É a criação um acto ou uma actividade eterna contínua

B. É difícil relacionar a ideia de Deus com a ideia do tempo e espaço

1. A compreensão das relações espaço e tempo
2. Sobre o tempo e o espaço

C. É a criação cosmocêntrica?

1. Não podemos limitar a criação de Deus somente ao universo
2. Deus é o centro de tudo e não o homem 

D. A providência divina

1. A providência é acima de tudo um conceito Bíblico e Cristã
2. Soberania de Deus e a responsabilidade humana



I. Diversas ideias sobre Deus e o mundo

Vamos ver nesta primeira secção as quatro grandes correntes de pensamento que procuram explicar  sobre “Deus na sua relação com o mundo”.



A. O politeísmo


1. O politeísmo nasceu de várias causas

São várias as causas que permitiram o desenvolvimento do politeísmo. Os deuses sem nomes amalgamavam com outros deuses. O casamento entre pessoas de tribos diferentes causavam uma combinação de deuses.


Os deuses das tribos fortes tornavam-se deuses nacionais. O politeísmo tem sido sempre a uma religião popular. E ainda hoje é assim.



2. As religiões monoteístas criaram muitos credos, santos e padroeiros

Mas nós vemos que no cristianismo, os cristãos não adoram só a Deus, pois afinal também adoram santos e padroeiros., embora é claro não possamos chamar ao Cristianismo uma religião "politeísta".


E há santos e padroeiros que se tornaram muito importantes e adorados, como por exemplo é o caso de Maria que atingiu um expoente máximo com o catolicismo, sendo considerada mesmo como mediadora entre Deus e os homens - ocupando quase a mesma posição que Cristo - sendo chamada a "Mãe de Deus".



O catequismo católico ensina que Maria não tem pecado original, e é chamada de "imaculada". O nome de Maria é invocado por todos os católicos, que rezam a ela em busca de ajuda e protecção. De certo Maria e outros santos e padroeiros tornaram-se "deuses" para os católicos".


O mesmo acontece com o islamismo e o judaísmo. Assim como cristianismo, o islamismo e o judaísmo embora tenham uma ortodoxia monoteísta, estas 3 religiões foram invadidos por muitos credos populares que de certo modo "divinizaram" muitos dos seus líderes e santos.


É por essa razão que nessas três religiões monoteístas,  há muito sítios em que se tornaram numa "folk religion" (religião popular) onde cada local venera e segue o seu santo ou padroeiro.



3. O judaísmo e o cristianismo tiraram a credibilidade ao politeísmo.

No entanto, voltando ao assunto do politeísmo, nós vemos que as denúncias dos profetas hebreus colocaram muitos problemas às ideias religiosas politeístas e, por final, a religião hebraica e o cristianismo fizeram o politeísmo perder a sua credibilidade e revelaram que o politeísmo afinal conduziu a religião à imoralidade e à idolatria.


A ideia de que a divindade era composta por uma multiplicidade de espíritos, foi ultrapassada pela ideia de que Deus é um espírito único, criador, sustentador e soberano do Universo.


"O politeísmo ficou onde a maré dos tempos o deixou".


Somente alguns pluralistas radicais poderiam objectar a veracidade do mesmo.


B. O panteísmo



1. Deus é igual ao todo existente

O panteísmo embora pretenda às vezes ser monoteísta, falta-lhe aquele lado só de Deus, que caracteriza a fé monoteísta.


"A equação geral do panteísmo é: Deus = ao existente (Deus é igual ao existente); não importando se o existente é espiritual ou material".


O sistema mais completo do Panteísmo é o da Índia. Mas, também esteve representado no Ocidente através do ensinamento de alguns filósofos. O Idealismo absoluto tem muito inclinação para o panteísmo, especialmente se tiver uma interpretação religiosa. Hegel, por exemplo, foi muitas vezes acusado de ser um panteísta, por causa da sua doutrina do Absoluto.



2. Os três caminhos que conduzem ao panteísmo

Em geral, há três caminhos que nos conduzem ao panteísmo:



a. A filosofia

O primeiro tem sido a filosofia. Há pouca ou nenhuma diferença entre o panteísmo e o monismo rígido, a não ser na questão da atribuição de predicados religiosos ao Todo.



b. A poesia e a arte

O segundo caminho tem sido através da poesia e da arte que através do seu romantismo tem muitas vezes concedido divindade à natureza.



c. O misticismo

Por último, temos o misticismo. Muitos místicos tem sido mais panteístas do que teístas.


3. O panteísmo não tem noção de moralidade

O panteísmo deu lugar ao monoteísmo, pois o monoteísmo satisfaz as aspirações das pessoas, dando-lhes aquilo que o panteísmo não consegue dar.


O panteísmo não resolve o problema da escolha entre aceitarmos a noção de Deus e a noção de um Todo, e a noção entre o bem e o mal, pois as noções encontram-se amalgamadas.


"Por isso, não se consegue caracterizar Deus no panteísmo, e o sentido moral não passa de um conceito muito superficial, tal é a forma como Deus, e o bem e o mal fazem parte da mesma coisa".


Os panteístas que tendo sido grandes moralistas, revelam mais uma das inconsistências do panteísmo, porque o Todo que o panteísmo defende como sendo Deus, tem dois pólos o mal e o bem.



4. A raiz defeituosa do panteísmo é considerar que Deus é o Todo

Portanto Deus é bom e mau, ao mesmo tempo! É alegria e a tristeza. É a paz e a guerra. É a saúde e a doença. É a vida e a morte.


O sistema acomodado do panteísmo mostra que Deus é um Deus intra-mundo. Mas a ideia teísta fala de um Deus extra-mundo.


"A raiz defeituosa do panteísmo é considerar que Deus é o Todo".


C. O deísmo



1. A diferença entre o deísmo e o teísmo

É fácil reconhecer a diferença entre o deísmo e o teísmo:


O deísmo defende a ideia de um Deus transcendente que criou o mundo e, depois, deixou seguir o seu curso desenvolvendo-se livremente. Não é um movimento, mas sim uma ideia que têm influenciado muitos movimentos.



2. Os diversos tipos de deísmo

Há diversas opiniões nos que acreditam nesta doutrina:



a. Deus vive despreocupado com o mundo

Há os que crêem num Deus que vive despreocupado com o mundo.



b. Deus é muito transcendente para recompensar ou castigar

E há aqueles que dizem não existir nada após a morte, porque Deus sendo tão transcendente não estabeleceu nem punições nem recompensas.



3. "Deus sim, mas não o Evangelho" é a base do deísmo

"A frase Deus mas não Evangelho dá uma ideia da base da doutrina do deísmo". O verdadeiro deísmo acredita num governo moral mas não na revelação bíblica divina.


O último movimento, inteiramente britânico, teve uma vida curta, terminando nos finais do século XVIII.


Toland, em 1696, refutou a ideia de mistério ligado com Deus, pois dizia que não havia em Deus nada que não pudesse ser compreendido pela razão. Collins, também atacou os milagres e a profecia tão defendida pelos evangelistas cristãos.


Mas, mais tarde, surgiu uma grande discussão à volta dos milagres e das profecias, que afinal não podem ser compreendido só pela razão. E dessa discussão muito acesa, veio subitamente o fim do deísmo.


Entretanto, o movimento Metodista, com John Wesley, deu início a uma nova discussão religiosa, muito interessante, embora controversa, que era a questão das obras de caridade, esquecida por causa da ênfase que se dava que a salvação é pela Graça e pela Fé e não pelas obras, a descoberta bíblica sensacional feita por Lutero, Calvino, que deu origem às refromas protestantes.


Nessa altura, os estudiosos que seguiam o deísmo, deixam o entusiasmo à volta das questões emanentes sobre a Graça e a Fé e voltam-se para nova discussão trazida por Wesley – as obras de caridade.


Então, Wesley confrontou o deísmo, não com palavras, mas com obras. Ele tornou Deus numa realidade. Ele salientou que quando o homem encontra a salvação pelo mistério da Graça e da Fé, isto não só lhe dá a salvação da alma, mas traz-lhe também as boas obras, assim como libertação, cura e emancipação da pessoa terrena em relação ao pecado.



4. O deísmo morreu antes de John Wesley morrer

O pensamento do deísmo defendia um cristianismo sem Cristo. Eles ignoravam a pessoa e a obra de Cristo.


O deísmo morreu antes de John Wesley morrer.


Mas apesar de ter perdido a sua expressão, alguns cientistas em nossos dias estão marcados pelo deísmo, e, por isso, o seu racionalismo está imbuído de um pouco de deísmo e não só de agnosticismo e ateísmo.


O deísmo é mecanicista e abstracto, e é uma ideia que permite que haja possibilidade de haver uma ligação entre Deus e o homem. O deísmo nunca reconheceu lugar para a adoração, a oração e a comunhão com Deus.


"Por isso, no fundo, o deísmo não é uma religião é uma filosofia".


D. O monoteísmo


A doutrina monoteísta defende a existência de um só Deus e separa Deus da criação. Deus é uma coisa, a criação é outra. No entanto para o Judaísmo e o Islamismo, o Cristianismo tornou-se apenas teísta (não mono) por causa da sua crença na trindade - que Deus se revela nas Escrituras em três pessoas.



1. O monoteísmo tem as suas raízes na religião hebraica

Historicamente, o monoteísmo tem a sua herança na mensagem dos profetas hebreus. O povo semita era politeísta, pois cada tribo adorava o seu Deus. Os hebreus foram o único povo semita que desenvolveu a ideia de um único Deus Yehavé ou Jeová. O cristianismo e o islamismo derivam o seu monoteísmo dos hebreus.


A ideia que defende que já havia povos monoteístas antes dos hebreus, não passa de uma suposição proveniente de uma escassez de factos. Os povos mais antigos mostravam um grande interesse pelos seus próprios deuses, não ligando muito importância aos deuses dos outros. Por essa razão, falavam pouco dos outros deuses.


O monoteísmo dos hebreus foi magnificamente transmitido até aos nossos tempos através de muitos factos históricos e também de documentos e literatura histórica, como por exemplo o Antigo Testamento. "Se houve povos monoteístas antes dos hebreus ou da mesma época, não transmitiram a sua descoberta monoteísta!"



2. O monoteísmo não é uma religião mas sim uma doutrina sobre Deus

O monoteísmo não é uma religião, mas simplesmente uma doutrina sobre Deus, ensinada nas grandes religiões - Cristianismo, Judaísmo e Islamismo. À parte da ideia monoteísta sobre Deus, estas três religiões não têm praticamente muitas outras doutrinas fundamentais comuns.


Mas, por causa da ideia monoteísta, há uma doutrina comum nestas religiões acerca do relacionamento entre Deus e o Homem, especialmente no que diz respeito à questão da criação e da providência divina.


Estas três religiões falam da criação e da providência divina.




I I. A ideia monoteísta sobre Deus e a criação

Andrew Lang disse que logo que o homem começou a fazer coisas, ele começou a pensar num criador das coisas. É claro que a ideia de um criador/criação começou numa época tão antiga, que não há documento ou testemunho histórico que lhe possa dar crédito.


"Mas toda a história do pensamento testemunha que o homem teve sempre a noção de um mundo criado por uma força poderosa e nunca a ideia de um mundo que existiu sempre, eternamente, sem criador".


Já no pensamento antigo atribuíam a criação a totens, animais ou às coisas. Vindo o politeísmo começaram a atribuir a criação aos deuses. O último estágio do pensamento filosófico antes do cristianismo, foi o pensamento grego e, antes deste, tínhamos o pensamento indo.


Pensamentos que também nunca anularam a questão de uma força criadora do universo. O cristianismo teve a sua origem no Judaísmo.


Ambos, defendem a ideia de um Deus criador.


Entretanto a ideia de criação levanta muitos perguntas, no que diz respeito ao seu processo como à sua relação com o espaço e com o tempo.


A. É a criação um acto (único) ou é uma actividade de Deus contínua


1. É a criação feita no tempo e no espaço ou o tempo e o espaço são parte da criação de Deus?

Com o desenvolvimento da filosofia, começaram a surgir perguntas ligadas com o processo criativo, tais como:


A criação do Universo foi feita no tempo e no 
espaço? Se sim, Deus existe no tempo e no espaço?

Ou é o tempo e o 
espaço uma dimensão da criação do Universo?

Alguns tentaram responder, afirmando que a criação não é um acto, mas uma actividade 
contínua de Deus , ou seja, a actividade própria (“self-activity”) imanente do Deus transcendente. 

Ou seja, o Universo é simplesmente uma actividade contínua de Deus.


2. A criação do Universo é um acto criador ou é uma actividade eterna contínude Deus?

Alguns filósofos disseram que a preservação do Universo, só poderia manter-se com uma criação eterna contínua. Aquinas, crendo num princípio, acreditava numa criação de acto do Universo e não num processo contínuo e eterno imanente de um Deus eterno!


Um processo eterno e contínuo da criação levanta a questão do princípio. Por isso, filosoficamente falando talvez seja melhor, dizer que a criação do nosso Universo é um Acto Criador de Deus e que teve um 
princípio.

É um acto criador de Deus que ao criar o Universo deu-lhe uma ordem temporal e espacial. 

Além disso, se o Universo fosse uma actividade divina podemos cair no erro de dizer que o nosso Universo é afinal tudo o que Deus criou.

Mas tanto filosoficamente como religiosamente, não podemos crer que toda a actividade criadora de Deus tem estado absorvida somente na criação do nosso universo.

Se assim fosse "o nosso Universo seria o centro da actividade criadora de Deus e o homem o ser criado por excelência".

Deus tem criado certamente outras esferas da existência - outros mundos - que não têm a haver forçosamente com a nossa criação, temporal e espacial, que teve um principio, e onde parece que o homem é o centro desta criação.


Neste caso, a criação tem sido uma actividade contínua de Deus, mas composta de diversos actos. Nenhum acto é eterno. O nosso Universo faz parte simplesmente de um desses actos.


Por exemplo os anjos e os anjos que pecaram foram também actos criadores de Deus que podem ter sido criados mesmo antes do nosso Universo ter sido criado, quem sabe.

Todos os actos de Deus tiveram um princípio e se calhar terão um fim, ou uma mudança, como a Bíblia parece claramente indicar que a nossa criação vai ter uma mudança, e que vai ser destruida e criados "novos céus e nova terra".


Isaías 51:16 Ponho as minhas palavras na tua boca e te protejo com a sombra da minha mão, para que eu estenda novos céus, funde nova terra e diga a Sião: Tu és o meu povo. 17 Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas. 22 Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome".

2 Pedro 3:13 "Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça".


Apocalipse 21:1 "Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe"


De toda a maneira no que diz respeito ao universo, o mesmo é composto de átomos em dissolução, que parecem provar que não são eternos. O nosso universo é composto de acontecimentos que foram "acontecendo ou mudando' no tempo", parecendo claramente indicar que houve um princípio.

B. É difícil relacionar a ideia de Deus com a ideia do tempo e espaço


É muito difícil relacionar a ideia de Deus com a ideia de tempo ou a ideia de uma criação que teve um princípio. Para nós que vivemos no tempo é impossível formar concepções que não sejam contraditórias em si mesmo.



1. A compreensão das relações tempo e o espaço

Fala-se da noção espaço/tempo. Mas isto ajuda simplesmente ao pensarmos nos acontecimentos que fazem parte do nosso sistema de acontecimentos.


"Mas, o conceito espaço/tempo não fornece qualquer explicação no que diz respeito sobre a questão filosófica que tenta definir o relacionamento entre Deus e a sua acção criadora ou a sua actividade criativa".


Não podemos utilizar a noção espaço/tempo para tentar definir este relacionamento entre Deus e a sua actividade criadora.



2. Sobre o tempo e o espaço

É impossível pensar no espaço e tempo sem cair em contradições insolúveis, especialmente quando as queremos enquadrar em conceitos como a eternidade o infinito.



a. Sobre o tempo

Sobre a relação tempo, nós podemos ter uma noção consciente em nossa mente de que o tempo é uma medida que vai de um acontecimento ao outro. "Mas já não conseguimos relacionar o tempo com a eternidade, pois a eternidade não contém tempo, pura e simplesmente".


É por essa razão que o tempo é uma medida finita, com princípio e fim. A nossa criação existe no tempo.


Mas Deus existe fora do tempo.


E será que fora desta nossa dimensão "o tempo", Deus não trabalha, não faz nada?


Claro que Deus trabalha, Deus cria, pois é impossível conceber um Deus eterno, sem conceber uma actividade criadora contínua - seja dentro ou fora do tempo.



b. Sobre o espaço

Acerca da relação espaço, embora tenhamos uma ideia mental sobre esta medida que também é finita, é mais difícil para a nossa mente conceber/compreender o espaço do que o tempo. É muito difícil para nós conceber um espaço infinito, porque somos finitos. Para nós o espaço termina algures.


Mas, por outro lado, é difícil conceber um espaço que termina algures, porque surge logo a pergunta da criança, “Pai, o que existe lá fora?”.


Vimos a pergunta da criança na sebenta 5 A ideia de Deus e o Universo no meu blog, e cuja resposta à pergunta da criança é devidamente explicada nessa sebenta.


Vamos falar sobre algumas ideias acerca do espaço:


Os telescópicos mais potentes, ainda não conseguiram, nem conseguirão, penetrar todo o espaço. Depois das Galáxias vêm os Quasares e quando atingirem para lá dos quasares, haverá uma outra coisa.


Nós poderíamos perguntar “será que Deus criou o espaço da nossa criação finito, mas para além do nosso espaço há outro espaço?!”.


Se houvesse outro espaço teria de ser constituído de uma outra natureza. Mas isto nos levaria à ideia de uma outra dimensão. E a partir da altura em que se começa a pensar numa outra dimensão, não podemos pensar que esta outra dimensão é a continuação da nossa dimensão.


"Se houver outras dimensões na criação, estas não começam de certeza onde a nossa termina".


Serão simplesmente dimensões com propriedades totalmente diferentes à nossa.



3. Como acabar com as contradições no pensamento

Se quisermos acabar com algumas contradições no pensamento, ao tentar relacionarmos:


"Deus/criador/eternidade/infinito" com a dimensão: "homem/criação/tempo/espaço".

Teremos que fazer um esforço mental, e imaginar o seguinte:


"que o homem/criação/espaço/tempo são o existente real" - são o imanente e o aparente.


"e que Deus/criador/eternidade/infinito são a a essência da realidade" – é o transcendente, o essencial e necessecário.


Conclusão: por isso,  como existe em nosso pensamento a dificuldade do primeiro - homem, tempo, espaço, compreender o segundo - Deus, eternidade, infinito,


"o primeiro devia ser visto no pensamento como uma ilusão verdadeira proveniente do segundo", pois Deus/eternidade/infinito é que é a primeira realidade, a essência de tudo.


Mas, como não podermos compreender Deus/eternidade/infinito pelo pensamento "a tendência é ver esta dimensão como uma ilusão, em que muitos dizem ser uma ilusão falsa do nosso pensamento, uma sugestão, uma ideia abstracta que que não existe na realidade"


Mas Deus existe, e é a essência das coisas, pois é eterno e infinito, o homem/criação/tempo/espaço são dimensões temporárias,


Portanto, o tempo/espaço não passam de certo modo de uma ilusão, de um sonho temporário. “Os céus e a terra passarão” diz a Bíblia. E, quando os céus e a terra passarem, e os crentes estiverem na outra dimensão, compreenderão que aquilo que parecia ilusão, Deus/eternidade/infinito/céu, "é que são a realidade, a verdadeira essência das coisas".


b. Resumindo a complexidade da dimensão temporal com a divina


Resumindo, o tempo, o espaço, as coisas, os anjos, são actos pontuais da criação de Deus. São coisas finitas. Mas, para além desses actos criadores há outros actos da criação de Deus que não conhecemos nem imaginamos o que são.


Deus é desde toda a Eternidade um Deus activo.


E Deus nunca viveu no tempo e muito menos em nenhum espaço como nós. Pura e simplesmente não existe tempo, nem espaço para Deus. São medidas que ele criou, como criou outras coisas.


"Se quisermos compreender melhor, para Deus só existe uma medida que é o presente ou o Ser. Para Ele, afinal não há passado, nem há futuro".


Se concebermos a noção de tempo/espaço como fazem alguns materialistas e racionalistas, que dizem que não há mais nada para além disso, Deus não existe, "cairemos na mentira que nos ensinou o filósofo que disse: tudo existe nada se perde tudo se transforma".

 
C. É a criação cosmocêntrica?


1. Não podemos limitar a criação de Deus somente ao universo

Os eruditos bíblicos devem ter cuidado, para não dar uma ênfase tão grande à criação do homem e do seu cosmo, que leve o cristão a tornarem-se "cosmocentristas".


Como já foi referido noutros capítulos, não podemos limitar toda a actividade criadora de Deus à criação do homem. Isto seria quase dizer que se Deus só existe para o homem, o homem então acaba por ser um deus.


O homem não é certamente o único propósito de toda a criação de Deus, durante todas as Suas eternidades.


A nossa existência é teocêntrica e não cosmocênctrica. É Deus que está no centro de tudo e não o nosso cosmos ou o homem!


"O homem não passa de uma criação como os anjos e tantas outras criações de Deus"


"Se Deus existe eternamente em função da criação temporal e espacial do homem, o que fazia ou fez Deus, nos momentos da eternidade em que o homem e a terra, o tempo e o espaço ainda não existiam"?


Filosoficamente falando, não se pode resumir os actos criadores de um Deus, transcendente e eternamente imanente, à criação de um pequeno homem finito e criado tão recentemente!



2. Deus é o centro de tudo e não o homem.

Deus é o centro de tudo.

"Tudo é feito por Ele e para Ele". Romanos 11:33-36.


O homem criado no tempo, finito, não é mais do que uma das múltiplas expressões imanentes da sua criação.


A revelação bíblica é sem dúvida verdadeira e coerente com a história humana, mas não é uma revelação global do Absoluto.


"É somente uma revelação parcial deste Absoluto".


Génesis relata actos de Deus localizados no tempo e no espaço. Não faz qualquer referência a actos de Deus fora do nosso tempo e do nosso espaço.


Desta forma, se a Bíblia é uma revelação parcial do Absoluto, não podemos formar teorias sobre o restante do Absoluto que não nos foi revelado. Aliás, nem vale a pena pensar muito no restante da realidade que não conhecemos, pois sendo homens e tendo uma revelação no espaço e no tempo vinda de um Deus absoluto, temos que nos contentar com essa revelação.


"As coisas ocultas são para Deus e as reveladas são para nós" Deuteronómio 29:29.


"Paulo, por exemplo, fala de coisas inefáveis, referindo-se a coisas que viu e ouviu quando foi arrebatado aos céus". II Cor 12:1-4.


Coisas inefáveis ouvidas e vistas por Paulo, não puderam ser traduzidas para a experiência humana. Ele mesmo disse: "eu ouvi e vi coisas que o homem não pode transmitir pela linguagem humana".


Deus é o único ser Absoluto, o homem é relativo e finito e tem limites que não pode transpor. Ele nunca será Deus.


O crente, mesmo no céu, nunca terá todos os atributos de Deus, nunca será igual a Deus, nem nunca poderá compreender Deus em toda a Sua Totalidade e Absoluto, "senão Deus deixaria de ser Deus, e o homem passaria a ser Deus".


Isaías 42:8 "Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem".



D. Sobre a providência divina


1. A providência é acima de tudo um conceito Bíblico e Cristã

Embora o cuidado que Deus tem com a sua criação é um aspecto salientado em quase todas as religiões, esta ideia da providência é acima de tudo um conceito Bíblico e Cristão.


A ideia de providência, ou seja, de um Deus que cuida da sua criação e a controla, aparece através de todas as páginas do Antigo e do Novo Testamento.



2. Soberania de Deus e a responsabilidade humana 

É difícil fazer uma conexão entre as ideias da soberania de Deus e a liberdade/responsabilidade do homem.


"Pois existe uma espécie de dicotomia, ou seja existe uma contradiçã na nossa menteo, quando procuramos formar uma conexão entre soberania divina e responsabilidade humana".


Corre-se o perigo de procurar solucionar a dicotomia existente, ou exagerando o lado da soberania divina, ou exagerando o lado da liberdade humana, nascendo daí doutrinas erradas, que afectam as doutrinas salvacionais do cristianismo, nomeadamente as doutrinas da fé e da graça.


Mas este assunto é tratado num outro capítulo. O que estamos a querer salientar aqui é que a criação é um acto da providência divina. Ou seja, de um Deus criador, que cria, cuida e controla aquilo que criou. Não há nada que acontece com a sua criação que escapa aos seus cuidados e ao seu controle.


Esta ideia aparece bem salientada nas páginas do Antigo Testamento e do Novo Testamento.



INDICE


Capítulo 1 INTRODUÇÃO

A Definição de Filosofia
O Cristianismo e a Filosofia

Capítulo 2 CRISTIANISMO E RELIGIÃO

As origens da Religião
Definição de Religião
Religião a vida humana e seus interesses
Religião e Ciência
Religião e Filosofia
Religião e Cultura
Religião e Revelação
Religião e Moralidade

Capítulo 3 CRISTIANISMO E FILOSOFIA
O Campo da Filosofia
O Cristianismo e o conhecimento
A Natureza do conhecimento
O Conhecimento religioso

Capítulo 4 A IDEIA DE DEUS
Deus e a razão humana.
As primeiras perguntas.
Provas teístas
Os Diversos argumentos
Natureza e atributos de Deus
Conceito moderno quasi-teísmo
É Deus inefável?
A natureza da experiência

Capítulo 5 A IDEIA DO UNIVERSO
Dualismo.
Monismo.
Pluralismo
Materialismo
Novo conflito – idealismo e realismo


Capítulo 6 A IDEIA DO HOMEM
A questão do pecado original
Conversão do homem segundo o cristianismo
Relação do homem e a sociedade
A personalidade e o livre arbítrio


Capítulo 7 IDEIA DO BOM E DO MAL
As teorias do bom
O mal o sofrimento e Deus
As preposições: o mal existe e Deus existe
Razões filosóficas válidas
Razões bíblicas válidas p/existência do mal


Capítulo 8 DEUS E O MUNDO
O panteísmo.
O deísmo
O monoteísmo

Capítulo 9 DEUS E O HOMEM
A concepção da teologia natural
A relação entre a razão e a revelação
Relação entre Deus e a humanidade
É Deus finito ou é infinito

Capítulo 10 OS MILAGRES E A CIÊNCIA
Evidências para os milagres
A ressurreição de Cristo
O método do processo histórico
Provas históricas evidentes da ressurreição de Cristo.


Capítulo 11 A IDEIA DO ALÉM
As relações dos conhecimentos com a morte
O Cristianismo e a morte


Capítulo 12 ASSUNTOS CONTROVERSOS
A posição sobre diversos campos:Aborto, eutanásia, sodomia, divórcio, bebé proveta, manipulação genética, clonagem, guerra, paz, terrorismo, globalismo.

FIM

terça-feira, 26 de junho de 2007

7 - A ideia do Bem e do Mal

A Fé cristã do ponto vista filosófico e racional

Introdução geral


Abram nos Assuntos os 12 posts ligados com Este Tema sobre Religião e Filosofia, que especifico em baixo:

1. A Religião e a Filosofia

2 - A Religião

3 - O Conhecimento

4 - A ideia de Deus

5 - A ideia do Universo

6 - A ideia do Homem

7 - A ideia do Bem e do Mal

8 - A ideia de Deus e o Mundo

9 - A Ideia de Deus e do Homem

10/11 - Os Milagres e o Além

12 - Assuntos controversos

Eu fiz este trabalho a pensar em todos aqueles que se interessam pela filosofia, religião e as ciências em geral. 


O livro toca em muitas esferas da realidade e procura determinar aquilo que o cristianismo, a religião, a filosofia e a ciência dizem da realidade que podemos ver e da realidade que está para além dos nossos cinco sentidos.


Embora muitos estudiosos agarrem-se à ideia de que somos seres racionais, quando no entanto pensamos na pesquisa da realidade que está para além dos nossos cinco sentidos,  nós temos que incluir também o coração e não só a mente na busca dessa realidade sobrenatural.


Ninguém pode ter uma compreensão global da vida e do mundo só pelo uso do seu intelecto – ou razão. 


Afinal de contas a razão só nos permite conceber e compreender o mundo e a vida através da nossa própria perspectiva racional e cultural e de uma forma muito parcial.


É por essa razão que é errado dizer que nós somos unicamente seres racionais, pois além dos nossos pensamentos nós temos também sentimentos, emoções, impulsos e as crenças profundas que existem dentro da nossa alma.


Não se pode reduzir a nossa actividade cognitiva, assim como as nossas pesquisas filosóficas e religiosas unicamente à esfera do nosso raciocíno, ignorando o nosso lado sentimental e emocional e a faculdade que temos de crer num mundo sobrenatural que ultrapassa a esfera do racional e do natural.


Nós só podemos ter uma compreensão global da existência e dos relacionamentos humanos, se compreendermos que temos que envolver não somente o raciocínio, mas também o nosso coração nessa pesquisa/processo.


O raciocínio pode ser a sede dos nossos pensamentos, mas o coração é a sede dos nossos sentimentos, emoções, impulsos e crenças.


Por essa razão, neste trabalho, eu irei falar das três grandes actividades do ser humano na procura da compreensão global da existência, que são: o pensamento, o sentimento e a crença. Irei tentar mostrar que estas actividades não se contradizem, mas antes se completam. 


Claro que ao querer mostrar que o cristianismo é uma fé que “sente e crê”, irei salientar também que o cristianismo é uma fé  que “pensa”. É por isso que o título deste trabalho é A fé cristã vista do ponto vista filosófico e racional.


Neste livro eu procuro também dar uma explicação para questões misteriosas que estão ligadas com o nosso mundo natural, com a revelação bíblica e com o campo filosófico.


Vale a pena ler sobre a abordagem que faço acerca de alguns temas misteriosos relacionados com o universo, o homem e com Deus.


Capitulo 7 - A idea do bem e do mal

I. A ideia do bem

A. Introdução ao assunto
B. As teorias do bem
C. As bases para a autoridade moral

I I. A ideia do mal

A. O mal o sofrimento e Deus
B. As preposições: o mal existe e Deus existe
C. Razões filosóficas válidas

I I I. Razões bíblicas válidas 

A. O teste moral do homem
B. Ser com moral superior ou não ser


I. A ideia do bem


A. Introdução ao assunto



1. A discussão filosófica e religiosa inclui a questão do bem e do mal.

Uma discussão filosófica e religiosa deve incluir uma discussão sobre moralidade. A moralidade é uma área da ética. A ética pode referir-se a costumes morais e religiosos, como pode referir-se a ética desportista, profissional ou no negócio.


Inclui ainda o estudo científico do comportamento humano, que não pode ignorar a tentativa de definir o que significa o bem e o mal, que são afinal os dois principais predicados de toda a conduta humana.



2. A lei moral é objectiva e absoluta

Já estudamos o argumento moral na secção sobre religião, sobre Deus etc e não vamos fazê-lo aqui outra vez.


Mas é bom salientar que: "A lei moral se for subjectiva, não tem mais autoridade do que as nossas preferências".


Mas se é objectiva então é igual a qualquer outra lei universal, sendo descoberta pela nossa mente e não inventada.


A lei moral não é o que é o homem, mas é o que o homem deve ser. Se é objectiva, só pode ser a expressão da realidade espiritual do nosso Universo. Por isso, a convicção mais forte que existe em nós é que:


"fazer bem é muito melhor do que fazer mal". É uma ideia que não se aprende, pois é inata em nós.


A lei moral não existe por causa de uma questão de procurar um equilíbrio social. Uma sociedade de canibais até pode ter equilíbrio social, mas no fundo, não é mais do que uma sociedade de assassinos, isto vendo as coisas do ponto vista moral e não cultural.


"O dever moral das pessoas deve seguir o curso da natureza que normalmente se dirige para o bem dos outros".



3. Uma ideologia verdadeira tem uma "boa influência" na história

Uma ideologia verdadeira tem que ter uma influência boa na história humana, que se traduza num progresso social, económico, político, moral, familiar e espiritual para os povos.


No caso do Cristianismo, este trouxe a abolição da escravatura, a emancipação da mulher, deu as bases para o estabelecimento da democracia nas sociedades ocidentais, isto pode ser chamado de Bom.


Se, por outro lado, uma ideologia trouxer alienação, fanatismo, o terrorismo e rebaixar a dignidade da mulher, levantar filhos contra os pais, isto deve ser chamado de Mau. Isto tanto do ponto vista social, como moral e espiritual.


"É quase impossível discutir sobre argumentos morais com alguém que não consegue distinguir uma acção social indigna da condição humana de uma acção social nobre".


Há várias teorias sobre moralidade, que já foram faladas num capítulo anterior.


Entretanto iremos falar de algumas teorias do ponto vista do bem, que afinal são iguais às teorias da moralidade, só que vistas de um outro prisma:


B. As teorias do Bem



1. O prazer como bem

Os gregos defenderam muito a teoria de que o homem teria de procurar o prazer, custe o que custasse, afim de atingir a felicidade. O próprio Aristóteles identificou o prazer com a felicidade.


"O hedonismo, a doutrina que defende o prazer como sendo a raiz de toda a acção humana, é inconsistente, pois, como se pode conciliar a satisfação do nosso prazer pessoal e o prazer dos outros?"


Se quisermos procurar um equilíbrio entre o nosso prazer e o prazer dos outros, teremos que forçosamente "criar uma doutrina moral" ou pelo menos prudente.


Como esta noção psicológica de que o prazer é que motiva toda a acção é falsa, o hedonismo se encontra em declínio.


Vejamos o seguinte:


Em primeiro lugar, do ponto vista psicológico: "o prazer não é um impulso que precede o acto".


O prazer pode sim, surgir do acto de comer, brincar, jogar etc.


Em segundo lugar, do ponto vista psicológico: "as motivações conscientes e inconscientes dos nossos actos nunca são feitas de forma a evitar sempre a dor e procurar sempre o prazer".


Muitas vezes, nós actuamos, sabendo que as nossas acções irão provocar dor. Não haveria altruístas nem mártires se assim não fosse!


Os altruístas, mártires são pessoas, convictas, dispostas a defender uma causa, mesmo a troco da dor e da morte.


Na nossa luta pela justiça e o bem social, somos levados à conclusão de que o bem estar dos outros, pode depender da nossa abnegação e desinteresse pessoal.


No fundo, a abnegação e desinteresse pessoal, produz no homem:



a. Um prazer espiritual

No caso expectativa de uma recompensa recebida no além, o que nos dá um prazer de natureza espiritual, isto se o ideal em questão que se quer atingir ser de carácter religioso.



b. Um prazer moral.

Especialmente nos casos em que o ideal em questão que ser atingir ser de natureza moral.



c. Um prazer social.

Especialmente nos casos do ideal em questão ser uma luta de carácter social, cultural, económico ou político.


Se a psicologia analisar os sentimentos que estão por detrás das motivações que provocam as acções humanas, terá que concluir que há uma percentagem muito mais alta de sentimentos de abnegação a motivar as acções humanas, do que sentimentos de hedonismo.


Os sentimentos de abnegação e desinteresse pessoal, têm produzido mais felicidade e bem estar na história social dos povos, do que o sentimento de hedonismo.



2. A perfeição como bem

A ética tem tentado estabelecer a perfeição como o Bom, mas há ideias tão diferentes acerca do que é perfeição, que praticamente não se pode falar de um escola definida de pensamento sobre a perfeição.


Há muitas opiniões sobre isto. Muitas coisas têm sido advogadas como perfeição: "o eudaimonismo" de Aristóteles, "a evolução" de Darwin, "a realização pessoal com o superman" de Nietzsche, "a finalidade moral" de T. H. Green etc.


A partir da perfeição é difícil então estabelecer-se o bem (bom), embora o bem (bom) seja sinónimo de perfeito, é claro!



3. Ética evolutiva

Há uma ideia que defende que o dever moral deve seguir a evolução da natureza. Dizem que as flores nascem, crescem e morrem, preenchendo o seu ciclo de vida. Da mesma forma o homem deve nascer, viver despreocupadamente de acordo com os seus instintos, sem se preocupar com o exterior, e morrer preenchendo o seu destino.


Esta ideia, da parte de Lao, está inculcada de inactividade. Ele disse que: "o homem deve viver impassível diante da vida e da morte". O silêncio é a melhor palavra e a tranquilidade é a sabedoria do coração. Desta forma a vida corre e o homem cumpre o seu dever.


Embora Confúcio trouxesse uma doutrina mais prática, esta ideia de seguir tranquilamente os nossos impulsos naturais, continuou a ter muitos aderentes. Com a vinda da teoria de evolução, surgiu a ideia de selecção natural, que tem se estendido a todas as áreas, inclusive à área da ética.


O indivíduo começa a ser visto como alguém dependente do seu meio ambiente, vivendo de acordo com seus impulsos naturais e culturais.


A própria natureza seleccionará naturalmente aquilo que deve sobreviver. Mas, de facto, esta ideia falha, pois a moralidade em vez de ser uma questão de selecção natural, tem sido, pelo contrário, um instinto natural, normativo, que está em luta constante contra esta selecção.


"Moralidade é um esforço contra a adaptação ao meio. Em muitos casos, perde a moralidade, quem se adapta facilmente ao meio".


Quem se conforma com o estilo de vida e com a forma de pensar da sociedade em que vive, não vive, mas sim, naufraga moralmente falando.


Toda a história do progresso das ciências morais, é devido ao esforço de homens e mulheres que vivendo para além dos conceitos da sua sociedade, ensinaram ou proclamaram conceitos morais nunca existentes ou então totalmente esquecidos.


Vendo isto, não há nenhuma verdade na preposição que diz que:


"A sobrevivência das espécies é eticamente boa. Antes pelo contrário!"


Às pessoas que extenuadamente procuram defender as suas más acções dizendo: eu tenho que fazer isto para viver. A essas pessoas devia-se dizer:


"não há nenhuma razão para um homem viver, se não viver correctamente".


No entanto, às vezes, são estes que sobrevivem, apesar da vida desregrada e corrupta que fazem! Os outros, que vivem regrada e rectamente, morrem, não sendo seleccionados pela natureza!?


A história revela-nos que a sobrevivência do mais forte, está muito longe de significar progresso moral. Ao contrário, nós vemos muitas vezes na história, que os mais fortes são os que menos acreditam na moralidade.



4. Intuição ética

Esta ideia afirma que o centro do julgamento moral só pode ser apreendido pela nossa intuição. Entretanto, esta ideia foi ultrapassada, devido aos progressos feitos na esfera da psicologia humana.


Esta ideia surgiu no intuicionismo modificado de Moore, que defendeu que o "Bom" é uma concepção simples que não pode ser analisada. Tem havido muito controvérsia sobre a concepção do Bem (Bom)


Para uns "Bom" é algo que tem valor para atingir certos fins. Para outros "Bom" tem que ter um valor moral. Outros acham que é impossível definir o que é "Bom".


Os intuicionistas tratam a consciência como uma faculdade abstracta, que se desenvolve conforme o homem procura a sua integração social, felicidade e prazer. O homem foi desenvolvendo esta capacidade de aprovar e desaprovar as acções de outrem e, aos poucos, foi criando standards em suas leis tribais, mais tarde a nível de Nação, que lhes foram dando o critério para julgar o comportamento social dos seus concidadãos.


Para esta ideia a raiz para criar ou julgar o Bem (Bom) é meramente subjectiva e emocional.


"Dizem que não se pode postular um instinto moral".


Mas, afinal, há tantos instintos que têm sido postulados, que parece quase impossível que um instinto tão universal e importante, como é o julgamento moral, não possa ser postulado, e aceitemos que tenha as suas raízes na própria natureza humana.


Enfim, tudo parece mostrar que o instinto moral tem a sua raiz numa lei objectiva, normativa, inata na natureza do homem e não na sociedade.


C. As bases para a autoridade moral


É óbvio que um ser que é simplesmente o resultado de uma ordem de forças naturais, combinadas por acaso ou por determinismo, forçando-o cegamente a obedecer às suas leis, é um ser sem significado - valor - nenhum.


Há duas coisas que devemos diferenciar:


Uma é dizer que nós possuímos uma tendência "para agir de uma certa forma".


Outra é dizer que nós possuímos uma tendência que "nos diz o que devemos fazer ou não fazer".


Não é correcto do ponto vista psicológico aceitarmos que temos a primeira tendência e negar a segunda. É da segunda tendência ou sentido moral, que vêm as sanções ao nosso comportamento.


Apesar de haver muitos que dizem que a moralidade não necessita de sanções sobrenaturais, pois a autoridade de decidir o que é certo ou errado, vem do próprio homem e da sociedade em que vive; não podemos, no entanto, anular um facto:


“a religião tem sido desde o passado até hoje, a única autoridade para determinar a nossa moralidade”.


Se estudarmos a história da moralidade, vemos que a definição de Bem (Bom)depende da nossa interpretação do universo. Mas a história revela que não tem sido a interpretação natural do universo, mas sim, a interpretação religiosa do universo que tem sido a única base de autoridade do nosso sentido moral.


Portanto o homem tem dentro de si uma tendência moral de carácter absoluto, que lhe diz o que é bem e o que é mal, ou seja, que "nos diz o que devemos fazer ou não fazer".


Daí nasce o conceito de moralidade que não é de maneira nenhum um valor relativo, mas sim abslouto.

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Consulte os outros assuntos sobre Religião e Filosofia, capitulo 2 sobre Religião, a secção Religião e Moralidade e também no capítulo 4 sobre Ideia de Deus, na secção dos argumentos, veja o argumento moral.


I I. A ideia do mal


A. O mal, o sofrimento e Deus


Sem dúvida que a existência do mal no mundo é uma evidência. Relacionar o monoteísmo cristão com esta evidência é algo complicado.


"A religião judaica cristã é uma religião de salvação e perdão, de julgamento e redenção. De toda a forma, a religião cristã não teria razão de existir num mundo sem mal, pois os seus conceitos principais não teriam nenhuma aplicação".


Num mundo sem mal, não havia necessidade de proclamar uma salvação. Não haveria nada para perdoar, para punir ou para redimir.


O monoteísmo cristão é portanto categórico na sua preposição "existe o mal".


De outro lado, a existência do mal tem sido, talvez, a mais poderosa objecção ao monoteísmo cristão. Muitos têm achado que a existência do mal constitui um obstáculo válido à crença de uma Deidade competente, benevolente, omnisciente, omnipresente e omnipotente.


Apesar de parecer que a compreensão da ideia do mal é uma questão insolúvel, não deve ser uma desculpa para ignorar a questão, ou pensar que é impossível encontrar uma solução para a compreensão da mesma.


A dor e do sofrimento fazem parte integrante da natureza, mas, se pensarmos bem, só representam uma pequena parte. Pensemos, por exemplo, no animal selvagem, que sofre somente uma pequena quantidade de dor e de medo, comparado com o prazer que ele encontra em viver.


Ninguém pode dizer que o facto do pássaro viver em constante alerta por causa dos seus inimigos, isto estraga a sua felicidade. O pássaro não vive a pensar no medo; o seu estado de alerta não lhe causa nenhum desconforto. Eles revelam felicidade no seu viver.


Nós, os humanos, temos medo, muitas vezes, porque sendo racionais vivemos a pensar no pior, mas a nossa felicidade de viver é maior do que o nosso medo.


"De uma maneira geral, o processo da vida, não é um processo penoso tanto para a vida animal, como para a vida humana, apesar da dor e do sofrimento. Claro que há excepções, pois não há regra sem excepção".


Além disso, há muitas virtudes que estão ligadas à questão da dor e do sofrimento "como sofrer com paciência, com coragem e sem perder a piedade" etc. Isto não quer dizer que estas virtudes são razões que devem justificar o sofrimento, pois nós sabemos bem que o sofrimento traz consigo muitos males como: "o desalento, a mágoa, a depressão, a doença e mesmo a morte".


Só estou tentar atenuar a opinião tão negativa que existe sobre a dor e o sofrimento.


Para isto saliento algumas opiniões importantes sobre a dor e o sofrimento:



1. Existe mais felicidade no mundo do que sofrimento

"Na natureza existe muito menos quantidade de dor e de sofrimento do que de felicidade"


"Não há uma razão suficientemente convincente que prove que a dor seja sempre um mal. Em certos casos a dor é uma protecção"


"Há muitas virtudes ligadas à dor e ao sofrimento"


"Não há razão suficientemente convincente que prove que a existência da dor e do sofrimento nega a existência de Deus".


Quem é que pode negar categoricamente estas opiniões?


"Portanto, devíamos ter uma concepção menos negativa da dor e do sofrimento".


No entanto, apesar dessas opiniões sobre a dor e o sofrimento, devemos reconhecer que não é fácil explicar a razão da existência do mal e relaioná-la com Deus.


Devemos reconhecer também que não é fácil rebater a opinião que defende que a existência do mal coloca algumas dificuldades à concepção da existência de um Deus perfeito e Todo Poderoso.


É verdade que o problema do mal é um facto da realidade. Todos acreditam na existência do mal, de uma forma natural. O problema não é bem discutir se existe mal, mas é se a existência do mal coloca em questão a existência de Deus.


Se a ideia do mal não interferisse tanto com esta grande questão filosófica "existe Deus", toda a gente aceitaria o mal como uma realidade da vida, por mais duro que fosse aceitá-lo mesmo em nossa própria vida.



2. O mal na sua relação entre o sofrimento e o pecado.

Vamos falar da questão do "mal moral" ou daquilo que a Bíblia chama de "pecado".


Este tipo de mal é um problema mais complicado de compreender e aceitar que a dor e o sofrimento. Porque não se pode dizer que a dor e o sofrimento é um mal moral - pecado. Ou seja, sofrer ou ter dor não pode não estar directamente associado a "um pecado" cometido por alguém.


Em muitos casos o pecado - o mal moral, pode trazer dor e sofrimento, mas muitas vezes a dor e o sofrimento não estão relacionados directamente com o pecado. Por exemplo, se uma pessoa parte uma perna de uma queda, isto provoca sofrimento, mas não tem nada a haver directamente com o seu pecado.


Por exemplo, podemos pensar que Deus sofre, mas não podemos pensar que Deus peca. Portanto a dor, sofrimento e o pecado são problemas que devem ser analisados separadamente. Desta forma podemos distinguir dois tipos de dor e sofrimento: a dor e o sofrimento físico e a dor e o sofrimento moral.



3. Sem Deus não há lei moral e reconhecimento do pecado

Não haveria reconhecimento de pecado ou de mal moral se Deus não existisse. Sem Deus, a moralidade adquire um carácter relativo ou utilitário. Paulo disse que sem o conhecimento da lei de Deus, não há conhecimento do pecado.


Vemos isto em Romanos 7 que pode ler na Bíblia.


"É por essa razão que as leis morais são ignoradas ou transgredidas quando um povo vive na decadência espiritual. Mas conforme um povo eleva o seu nível espiritual, começa a ficar mais preocupado com a observância das leis morais".


A história nos revela este facto através da influência que a sociedade ocidental teve sobre os povos que colonizou. Independentemente do problema da exploração económica e opressão política que se seguiu à colonização, e que é um assunto que deve ser tratado aparte, vemos que os povos colonizados elevaram a sua vida espiritual/moral ao entrarem em contacto com o cristianismo.


Parece que quando um povo começa a ter temor de Deus, isto faz com que comece a distinguir as noções de bem e mal e viver uma vida mais digna do ponto vista moral.


Nós podemos fazer algumas perguntas sobre o mal:


São o mal e o bem partes naturais de um mesmo processo evolutivo?


Podemos crer em Deus num mundo onde existe o mal?


É Deus indiferente ou impotente diante do mal?


Mas, por muitas perguntas que se façam, uma coisa temos que admitir. O mal existe!



B. As preposições: o mal existe e Deus existe

Vamos então anlisar estas duas preposições:  "o mal existe" e "Deus existe"



1.  "o mal existe" e "Deus existe"

Muitos concluem que: a preposição o "mal existe" é verdadeira e isto dá bases para afirmar-se que a preposição "Deus existe" é falsa.


Esta alegação está baseada em dois raciocínios:


a. A coexistência de Deus e o mal é contraditória.


b. Como o mal existe isto dá razões para negar-se a preposição Deus existe.


Mas, vamos ver algumas razões que mostram que estas duas preposições "Deus existe" e "o mal existe" além de não serem contraditórias, a existência de uma não nega a existência da outra.



A Primeira razão:

Se aceitarmos como verdadeira a preposição:


"Deus tem uma razão moral para permitir o mal".


Neste caso, não há contradição entre Deus e o mal? O que teremos de fazer, é procurar saber qual será a razão moral para Deus permitir o mal?



A Segunda razão:

Se conseguirmos formar esta tríade de ideias:


"Deus existe/o mal existe/Deus tem uma razão moral para permitir a existência do mal".


Neste caso, temos o problema axiomático resolvido, e não podemos mais dizer que a preposição o mal existe dá razões para negarmos a preposição Deus existe.


É muito claro que filosoficamente ninguém pode contestar a ideia de que uma Deidade pode ter uma razão moral suficientemente forte para permitir a existência do mal. É uma preposição que pode ser absolutamente verdadeira até que se consiga filosoficamente constituir uma outra preposição que a coloque em causa.


A Filosofia é um sistema concepcional de investigação racional. Só pode anular preposições a um nível racional. Por essa razão, quando uma preposição não puder ser racionalmente negada, a Filosofia terá que considerá-la nem que seja como uma hipótese.


"Mas é verdade que especialmente nesta questão da relação entre Deus e o mal, só será possível haver uma verdadeira crença se abraçarmos a esfera sobrenatural da Fé. Se a crença ficar exclusivamente na esfera intelectual, o conhecimento do homem pode ser facilmente abalado ou poderá entrar num estado de confusão, sempre que as circunstâncias à sua volta ou em sua vida forem fustigadas por uma grande dose de mal".


Até mesmo a Fé dos cristãos é abalada quando uma forte presença do mal se manifesta no mundo à sua volta ou nas suas vidas.


2. Razões que mostram a validade da "tríade" preposicional.

"Deus existe/o mal existe/Deus tem uma razão moral para permitir a existência do mal".


Portanto que mostram "que Deus e o mal podem coexistir".


Há muitas razões que são apresentadas para defender a tríade "Deus existe e tem uma razão moral suficientemente forte para deixar o mal existir".


Vejamos algumas, como exemplo:


Precisamos de saber ultrapassar o mal, para adquirirmos carácter.


As virtudes coragem e força adquirem-se ultrapassando obstáculos.


O sofrimento ensina-nos a suportar a dor e o medo.


Estas virtudes adquiridas em nosso conflito com o mal, têm um valor moral e eterno e, por isso, vale a pena pagar o preço que custa nesta vida.


Além disso, devo salientar que a Bíblia revela que as tribulações da vida, fazem parte da disciplina divina, que tem o alvo de preparar o homem para a eternidade - preparar o homem para uma jornada mais longa!


Romanos 5:3 "E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; 4 e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. 5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado".


Romanos 8:28 "Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito".


Efésios 5:20 "dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo" .


É claro que não há quaisquer razões lógicas para crermos que este ponto vista cristão dê automaticamente credibilidade à nossa tríade.


Pois há muitas perguntas que se fazem, como por exemplo:


"Que razão moral terá Deus para permitir que uma pessoa morra lentamente passando por uma longa e dolorosa agonia?"


"Que carácter produz isto na pessoa? Ou que valor moral tem uma morte destas?"


No entanto, apesar de muitas perguntas como estas, ninguém pode negar que há situações de sofrimento que podem providenciar oportunidades para crescimento.


Por isso, não se pode dizer, que é logicamente impossível Deus ter uma razão moral suficientemente forte para permitir o sofrimento. Desta forma, teremos que nos render às evidências e aceitarmos que pelo menos em algumas situações, Deus tem uma razão moral suficientemente forte para permitir o sofrimento.


No entanto, o que poderemos dizer de casos de sofrimento e de mal, que parecem não dar crédito à nossa tríade?


"Como por exemplo, a pessoa que é cortada em fatias por um criminoso, e os seus bocados são colocados em sacos diferentes e deitados em caixotes do lixo?"


Claro que em situações em que parece que Deus não tem razão nenhuma moral para permiti-las, tal é a intensidade com que o mal se apresenta, a Bíblia lança a responsabilidade sobre a maldade humana que é exercida segundo o livre arbítrio de cada indivíduo e sobre a maldade satânica que é exercida dentro dos limites permitidos por Deus.


Mas, mesmo assim, temos que admitir que isto levanta outro tipo de perguntas e objecções aos caminhos de Deus.


É por essa razão que já dissemos que este assunto da ideia do mal é bastante complicado e é difícil encontrar razões sólidas do ponto vista lógico e racional.


O homem além de ter que raciocinar com realismo e sensatez, terá que exercer um acto de Fé na revelação bíblica:


"para poder crer sem questionar na tríade Deus existe e tem uma razão moral suficientemente forte para permitir que o mal exista".



O livro de Habacuque e de Jó na Bíblia são muito bons para nos ajudar a compreender um pouco melhor os caminhos de Deus nesta questão do sofrimento. 

Pode ler no meu blog um post sobre Habacuque na secção - Profetas, e ler um post sobre o sofrimento, onde menciono Jó na secção - Problemas. 

C. Razões filosóficas válidas


1. O mundo que existe é melhor do mundo que não existe


Alguns podem dizer que um mundo sem mal é melhor do que um mundo com mal, logo Deus nunca iria criar um mundo com mal, mas sim um mundo sem mal.


Mas isto não é forçosamente verdade.


Analisemos estes dois mundos:


"No mundo A sem mal", os homens não precisam fazer decisões morais pois não são agentes livres.


"No mundo B com mal", os homens sendo agentes livres, podem fazer escolhas morais certas ou erradas. As erradas providenciam o mal.



2. Qual destes mundos é o melhor?

Uma pessoa realista e sensata diria:

"apesar do mal, o mundo B é o melhor". De facto, é uma resposta sensata, pois nós vivemos neste mundo B.

É o único mundo que existe, que nós conhecemos. E somos agentes morais ivres!

E acerca da Soberania de Deus:

"O exercício da soberania de Deus é mais rígido no mundo A, onde os agentes não são livres e por isso não existe o mal, ou no mundo B, onde existe o mal, mas os agentes morais são livres?"

De novo, uma pessoa estudiosa, realista e sensata, responderia:

"a soberania de Deus é mais rígida no mundo A, e é por isso que nesse mundo não existe o mal, mas o homem não passa de uma marioneta".

Então qual é o mundo melhor o "A" ou o "B"? Parece que é o mundo "B", pois embora exista o mal, os agentes (homens) são morais, livres.

Por isso não é ilógico ou irracional concluir que: 

Se Deus na Sua Soberania criou-nos como agentes morais livres, com decisão para escolher entre o mal e o bem, é porque este mundo (que já existe) é melhor do que um mundo (que não existe) sem mal e aonde o homem não seria um agente moral livre, mas sim uma "marioneta".


3. Mas continuemos com as nossas preposições:

Mundo A: "Se Deus criou Y como um agente não livre, então é Deus o único que pode ditar as suas acções". A responsabilidade e as decisões são totalmente de Deus.

Mundo B: "Se Deus criou X como um agente moral livre, então Deus não pode determinar totalmente as suas acções". O homem é responsável pelas suas acções.

Vemos que Deus decidiu criar o mundo B, aonde habita X, um agente livre, e onde existe o mal, porque achou que seria melhor do que criar o mundo A onde habita Y, um agente não livre e onde não existe o mal.

Ninguém pode arranjar provas lógicas para incriminar Deus, "dizendo que o mundo A aonde habita Y é melhor do que o mundo B, onde habita X".

Porquê? Porque acima de tudo o mundo A, de Y, é um mundo que não existe!!! Não há provas que é melhor!

Em termos de existencialismo o que é melhor. É o mundo que existe ou o mundo que não existe?

Os estudiosos podem dizer muita coisa sobre a lógica da existência, mas não tem lógica nenhuma dizer que é lógico:

"que um mundo que não existe é melhor do que um mundo que existe".

O mais lógico é dizer o contrário:

"um mundo que existe é melhor do que um mundo que não existe".

Para contrariar isto, alguém poderá aproveitar a deixa e argumentar que se Deus existisse teria criado o mundo A, sem mal, que seria muito melhor do que o mundo B, com mal.

Por esta razão, o mundo B é uma prova de que Deus não existe. Este argumento pode ter uma certa validade, mas é fraco do ponto vista filosófico.

E Porquê?

Porque já vimos que não tem validade formal e lógica o argumento que diz: "este mundo que existe devido ao mal é uma evidência que Deus não existe".

Pois já vimos que se este é o único mundo que existe, Deus pode ter muitas razões, aceites em parte pela nossa lógica e em parte pela nossa Fé, para ter criado o mundo assim.

Por isso, o mundo B é o melhor mundo que pode haver.

Ninguém que seja sensato pode dizer que estas preposições não têm argumento. Elas têm argumento, a pessoa pode é precisar de um pouco de Fé, além da sensatez, para crer nelas.

3. A cada bem há um mal correspondente

A coragem é um bem e a cobardia é um mal. Mas logicamente falando não pode haver coragem sem haver cobardia.

Dizer que X é corajoso e que nunca precisou de ultrapassar uma situação de cobardia é uma contradição.

"É impossível haver compaixão sem sofrimento"!

A todos os sentimentos virtuosos que existem, existe um mal correspondente. Uma existência moral, tem que envolver males. É num mundo assim que nós vivemos, nós não conhecemos outro. Dizer que um outro mundo seria melhor do que este é conversa barata, sem fundamento.

Nós quase que podíamos afirmar: que um mal necessário a cada bem forma a nossa lei da consciência. Pois não haveria consciência se não houvesse o mal!

4. Agente moral ou não

O homem só pode ser um agente moral ou não ser. Se ele não for um agente moral, não têm imago Dei (imagem de Deus) e consequentemente não tem livre arbítrio. Ele será no fundo um animal como outro qualquer, dominado pelos instintos, só que de categoria mais elevada devido à sua evolução mais avançada.

"Se o homem for um agente moral, isto implica ter imago Dei e consequentemente livre arbítrio".

Qual é melhor:

"Que X seja um agente moral livre, autónomo, e de vez em quando possa fazer escolhas erradas?"

"Que Y não seja um agente moral livre, e Deus faça todas as escolhas por ele?"

Claro que a pessoa sensata responderá:

"X é muito melhor do que Y, apesar de fazer algumas escolhas erradas".


I I I. Razões bíblicas válidas

A Bíblia dá-nos razões válidas para aceitarmos que não há contradição entre as duas preposições principais que temos vindo a analisar "o mal existe" e "Deus existe".

A. O teste moral do homem

1. Deus fez um teste ao homem quando vivia no estado da inocência.

A Bíblia dá algumas razões para a existência do mal. Umas são misteriosas e necessitamos de um acto de Fé para as aceitarmos, outras podem ser compreendidas pela nossa razão.

Quando falamos da Bíblia, não podemos deixar de vista a revelação bíblica que diz que Deus é quem comunica a Fé ao homem, afim de que o homem possa crer na Sua palavra.

Por essa razão a fé pode ser comparada a uma veste.

"O interior da veste é sobrenatural o exterior é humano":

A Fé é à partida uma convicção divina colocado no coração do homem - é o lado interior da veste , que se consuma quando o homem num acto de livre vontade decide aderir a esta convicção, passando ter fé em Deus, em Cristo - é o lado exterior da veste .

Desta forma o homem é vestido pela fé que tem um lado sobrenatural e outro intelectual.

Vamos falar do teste moral do homem.

E ver então uma razão válida para a existência do mal, dada pela Bíblia. Há um lado misterioso nesta revelação, mas há também um lado que pode perfeitamente ser assimilado pela lógica e pelo raciocínio.

É o teste que Deus fez ao imago Dei no homem, no jardim do Éden:

Génesis 1 a 3 revela o seguinte :

a. Deus criou o homem à sua imagem:

"e criou Deus o homem à sua imagem, macho e fêmea" Génesis 1:27

b. Deus testou a livre obediência do homem:

"de toda a árvore do jardim comereis, mas da árvore que está no meio do jardim

não comereis, porque senão morrereis" Gén 2:17-17

Segundo Génesis 1 a 3, a intenção de Deus depois de o homem ter passado o teste, era elevar o homem a um estado superior - dar-lhe a Vida Eterna, e Ele passaria logo do estado da inocência para um estado de Santidade.

De certo modo, no seu estado de inocência, o homem agia como um agente moral, pois tinha liberdade de escolher e Deus colocou em frente dele a escolha do "bem e do mal".

Esta mudança de estado aconteceria se o homem comesse da árvore da vida. Génesis 3:22-24

O homem ao pecar, perdeu o acesso à árvore da Vida Eterna, ao estatuto de santidade, e morreu. Deus lhe tinha dito: "certamente morrerás".

A morte foi consequência do seu pecado.

Gênesis 3:22 "Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente. 23 O SENHOR Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden, a fim de lavrar a terra de que fora tomado. 24 E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida".

Devemos notar que se Adão comesse da árvore da vida "e viva eternamente". Ele iria receber Vida Eterna. Só como ele não passou no teste, Deus colocou os querubins para lhe vedar o acesso à àrvore da vida - Vida Eterna.

Romanos 6:23 "porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor".

Neste verso, vemos que Jesus era figurativamente aquela árvore da vida que Adão rejeitou no jardim do Éden, e que comendo dela passaria a ter a Vida Eterna - um estatuto de Santidade, deixaria de ser um mero agente moral, com capacidade para escolher o bem, mas também para escolher o mal.

Jesus oferece agora a Vida Eterna, como ofereceu no Jardim do Éden a Adão, mas este rejeitou e daí como consequência recebeu a morte como salário do seu pecado.

2. Jesus Cristo é a nossa árvore da Vida (Eterna)

Por ter falhado o teste da obediência, o homem em vez de subir de estatuto de inocência e moralidade e ser elevado a um estado de santidade superior, o homem caiu para um estado pecaminoso, passando da inocência para um estado de pecado.

"Vemos que em vez de subir no seu estatuto, o homem desceu". Génesis 3:22-24.

No Novo Testamento lemos que Deus providenciou a salvação, enviando o Redentor que expiou os pecados da humanidade, oferecendo a vida eterna ao homem que crer.

Afinal era esta vida eterna que Deus queria dar ao homem se ele tivesse passado o teste e tivesse comida da árvore da vida.

Podemos dizer que Cristo é agora nossa árvore da vida. Nele e por Ele podemos receber a Vida Eterna. João 3:16, 5:24, 6:47 etc. Podemos passar o teste agora e comer da árvore da vida, pela crença em Jesus Cristo.

Segundo a revelação bíblica Deus atribui a sua própria natureza divina ao homem, quando ele aceita Cristo. A Bíblia, em II Pedro 1:3-4, não fala só da atribuição de um comportamento piedoso àquele que crer, mas também da atribuição de uma natureza divina.

2 Pedro 1:3 "Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, 4 pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo"

"Portanto, inicialmente Deus conferiu imagem divina ao homem, com a intenção de lhe conferir natureza divina".

Então, o teste é um método utilizado por Deus para atribuição de recompensas e novos estatutos de santidade no seu Universo. Deus também fez um teste aos anjos.

3. Deus fez um teste aos anjos antes de elevá-los a um estatuto superior

A bíblia fala de anjos caídos "anjos reprovados" e de anjos eleitos "anjos aprovados" em II Pedro 2: 4.

Parece que Deus faz um teste aos seres a quem Ele dá a sua semelhança imago dei, antes de lhes conferir um estatuto de santidade mais alto?"

Os aprovados são os eleitos, tanto anjos como pessoas, e os reprovados são os anjos decaídos e os homens que se vão perder são banidos da Sua face, como vemos na Bíblia. Podemos ler em: II Pedro 2:4, II Tessalonicenses 1:9.

Portanto não Deus não fez somente este teste aos homens, ele também fez aos anjos muito antes de ter criado Adão e Eva.

4. O homens aprovados passam do estado de moralidade para santidade

Esta ideia tem uma certa lógica. De um lado, o homem não merece o imago dei que recebeu gratuitamente de Deus, sem ter feito nada para o merecer. Do outro lado, ele também não pode comprar o imago dei a Deus, pois foi-lhe oferecido gratuitamente não é algo negociável.

Mas é aqui que o problema se coloca. Como é que o homem pode fazer uso de uma coisa que não merece, que não conquistou por mérito pessoal e que não comprou? É impossível, ele não sabe como fazer uso de uma coisa assim.

O teste que Deus fez, não foi para ver se o homem merecia ou não ficar com o imago dei (imagem divina) também não era como um negócio que Deus estava a fazer com o homem.

Era um teste que servia pura e simplesmente para o homem por a funcionar uma coisa nova, que não era dele, e precisava de começar a exercitá-la como deve ser.

Não há melhor exercício do que um teste!

"O homem reprovou logo no primeiro teste, porque não utilizou como devia ser o seu imago dei".

Além disso o teste servia para ver se Deus poderia atribuir algo ainda muito maior do que a sua imagem ao homem, o imago dei, atribuir-lhe a sua própria natureza divina.
Se o homem com imago dei, a imagem de Deus, fez o que fez, o que não faria com a natureza divina, se a recebesse sem passar em primeiro lugar no teste?

2 Pedro 1:4 "pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo"

Deus não quer deuses no universo, quer anjos e pessoas que lhe estão gratos pelo que receberam e lhe são obedientes.

5. Os homens aprovados passam do temporal para o eterno

Do ponto vista teológico vimos que o homem para passar para o estatuto da Santidade, teria que saber o que era ter vivido como agente moral e voluntariamente escolher um estatuto superior pela obediência a Deus.

Parece que o mesmo se aplica aos anjos que foram testados e alguns aprovados passando para um estatuto celestial superior, outros decaíram da sua posição e tornaram-se diabólicos.

Vimos anteriormente que há muita base bíblica para defender esta posição.

Do ponto vista filosófico, poderíamos dizer que o homem para viver na dimensão eterna, teria que viver primeiro na dimensão temporal. Isto nos leva praticamente a dizer que "os novos céus e a nova Terra" que a Bíblia fala, devem pertencer a uma dimensão que não mais nada a haver com o nosso actual espaço e o tempo.

Falam de novos céus e nova terra numa dimensão espiritual, no Reino de Deus.

Isaías 51:16 Ponho as minhas palavras na tua boca e te protejo com a sombra da minha mão, para que eu estenda novos céus, funde nova terra e diga a Sião: Tu és o meu povo.

Isaías 65:17 Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas.

Isaías 66:22 Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome.

2 Pedro 3:13 Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça.

Apocalipse 21:1 Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.

B. Ser com moral superior ou não ser

Ao lerem a secção anterior, muitos poderão argumentar que se Deus fosse um ser competentíssimo no sentido da sua bondade, poder, sabedoria, presença, teria criado pessoas à sua imagem, moralmente superiores, ou seja, que tivessem um status superior de santidade e nunca caíssem no pecado.

Diriam, que Deus nunca teria criado pessoas como Hitler, Staline, Genghis Kan etc E como no nosso mundo existem muitas pessoas assim, logo Deus não criou o mundo. Por isso Deus não existe, logo o teísmo e o cristianismo são falsos!

Podemos combater estes argumentos com o seguinte:

"Deus criou o homem à sua imagem, com imago Dei, mas o homem sendo livre, decidiu responsavelmente optar pelo mal".

Apesar disso, Deus providenciou um plano redentor, ou seja um plano resgatador através de um preço que Deus próprio decidiu pagar – aliás só Ele podia pagar - enviando o seu único Filho o nosso Senhor Jesus Cristo para morrer na cruz pelos nossos pecados.

Este sacrifício é, ao mesmo tempo, uma expressão do amor que Deus tem pelo homem, e um sacrifício que satisfez plenamente as exigências jurídicas de Deus.

Deus, como criador e legislador do universo, exigirá certamente que as transgressões feitas contra as suas leis morais sejam devidamente saldadas.

"O homem culpado não pode passar por inocente, sem ser castigado". Deuteronómio 5:11

Jesus Cristo o inocente e justo decide então ser castigado no lugar do pecador e culpado. João 3:16, Romanos 5:8, Hebreus 9, I Pedro 1:18-19, 2:24.

Cabe ao homem decidir que teoria ele quer seguir!

A teoria bíblica, não pode ser provada filosoficamente, ou explicada cientificamente. Se pudéssemos provar pela razão tudo o que está ligado ao bem e ao mal e a Deus, não precisávamos de Fé para nada.

No entanto, se a razão filosófica quiser negar a teoria bíblica, terá de confrontar-se com os dois factos históricos:

1. O primeiro facto é o próprio comportamento do homem:

Todas as ciências exactas e da vida, pela observação, a investigação e a experimentação, sabem que o homem é um ser superior aos animais.

Pois possui características que os animais não têm, tais como:

a. nível intelectual:

A razão, a consciência de si próprio e do exterior; a concepção do infinito e do abstracto; a inteligência e a vontade; a imaginação e o poder criativo.

Todo este intelectualismo confere ao homem o que chamamos de pensamento. O homem é o único animal que pensa, por isso lhe é conferido um estatuto de animal racional, de humano, por outras palavras de pessoa que em hebraico é traduzido muitas vezes por alma.

b. nível social:

O instinto de solidariedade social; o instinto de conservação e de pertença cultural; o instinto de organização e regulamentação da vida social.

O instinto de conservação e de justiça social, lhe confere um estatuto de animal racional também.

c. nível moral:

O instinto normativo do bem e do mal que determina as leis morais universais. Lembramos que todos as culturas aceitam a base moral dos 10 Mandamentos.

Portanto, matar, roubar, cobiçar, mentir, adulterar, ser falso e desonrar o pai e a mãe é considerado mal em toda a parte do mundo. O contrário também é considerado bom em todo mundo, não só para o indivíduo, mas também para a sociedade.

d. nível religioso:

O homem além de ser o único ser que pensa , organiza, cria e tem a noção do bem e do mal, é também o único ser religioso que procura agradar a um ser superior a ele.

Por isso busca um relacionamento com esse Ser, adorando-o e temendo-o ao, mesmo tempo.

Estes 4 níveis em que o homem vive, comprovam que o homem é naturalmente regido por um status superior de comportamento, mas por outro lado, quando estudamos, não o status, mas sim o comportamento, vemos que ele não consegue manter o seu comportamento natural ao nível do seu status..

Este paradoxo, está perfeitamente de acordo com a revelação bíblica. O homem criado com imagem divina, comporta-se opostamente à tal imagem.

A bíblia explica a razão, pelo facto do pecado original ter entrado no mundo e desvirtuado o comportamento humano. Ele deixou de se comportar como Deus, o Pai do Céu.

Desta forma, a seguinte preposição é verdadeira:

“Deus pode criar um homem à sua imagem, que por livre vontade, devido a um acontecimento especial, decidiu escolher um status de comportamento moral inferior a essa imagem”.

A Bíblia revela que este acontecimento especial foi o pecado original, ou seja, a queda de Adão e Eva relatada no capítulo 3 de Génesis. Romanos 5:12-21, II Coríntios11:3, I Timóteo 2:13-14, Apocalipse 12:

2. O Segundo facto além do comportamento humano, é o facto religioso:

Apesar da onda de tecnologia e ciência não abandonou a experiência religiosa. Antes pelo contrário, a religião começou a tornar-se um facto inquestionável da cultura humana e a suas origens e a sua evolução histórica começaram a despertar, mais do que nunca, o interesse dos estudiosos.

O que nos revela o facto religioso?

Revela um homem semi-afastado ou completamente afastado de um ser superior: Em quem o homem acredita, de quem o homem espera as suas bênçãos, com quem o homem procura ter uma relacionamento, e a quem o homem procura prestar culto e adorar.

Isto leva-nos a fazer algumas indagações:

a. Por que é que o homem

Duvida da existência do ser sobrenatural em quem no fundo acredita e espera bênçãos?

b. Por que é que o homem

Não recebe as bênçãos, antes pelo contrário, a sua vida parece repleta de maldições e contrariedades?

c. Por que é que o homem 

Não procura ter um relacionamento íntimo com Deus?

d. Por que é que o homem 

Não presta culto e adora a Deus como no fundo desejaria fazê-lo?

Qual é a razão para todos estes paradoxos?

Se estudarmos a personalidade humana vemos que existe no mais íntimo do homem - a crença em Deus. Assim como a necessidade das suas bênçãos e o desejo profundo de ter um relacionamento com Ele e adorá-lo.

Se estudarmos a história vemos que os homens têm expressado esta crença, esta necessidade, esta aspiração através do facto religioso histórico que caracteriza todas as culturas humanas

"E, afinal, voltando aos nossos paradoxos: vimos que o homem não consegue atingir Aquele em que ele mais crê e mais aspira – Deus".

E afinal! Porquê?

A resposta é simples. Por causa do tal acontecimento especial que deu entrada ao pecado original.

Portanto, as preposições Bíblicas em baixo, são verdadeiras:

"Deus criou o homem à sua imagem, mas devido a um acontecimento especial, o homem deixou de viver em conformidade com a imagem de Deus".

Deus criou o homem com necessidades e aspirações que só Ele pode preencher, mas devido a um acontecimento especial – a queda - o homem deixou de viver em conformidade com Deus e não permite que Deus preencha estas necessidades e aspirações.

FIM

INDICE

Capítulo 1 INTRODUÇÃO
A Definição de Filosofia
O Cristianismo e a Filosofia

Capítulo 2 CRISTIANISMO E RELIGIÃO
As origens da Religião
Definição de Religião
Religião a vida humana e seus interesses
Religião e Ciência
Religião e Filosofia
Religião e Cultura
Religião e Revelação
Religião e Moralidade

Capítulo 3 CRISTIANISMO E FILOSOFIA
O Campo da Filosofia
O Cristianismo e o conhecimento
A Natureza do conhecimento
O Conhecimento religioso

Capítulo 4 A IDEIA DE DEUS
Deus e a razão humana.
As primeiras perguntas.
Provas teístas
Os Diversos argumentos
Natureza e atributos de Deus
Conceito moderno quasi-teísmo
É Deus inefável?
A natureza da experiência

Capítulo 5 A IDEIA DO UNIVERSO
Dualismo.
Monismo.
Pluralismo
Materialismo
Novo conflito – idealismo e realismo

Capítulo 6 A IDEIA DO HOMEM
A questão do pecado original
Conversão do homem segundo o cristianismo
Relação do homem e a sociedade
A personalidade e o livre arbítrio

Capítulo 7 A IDEIA DO BEM
As teorias do bom

A IDEIA DO MAL
O mal o sofrimento e Deus
As preposições: o mal existe e Deus existe
Razões filosóficas válidas
Razões bíblicas válidas p/existência do mal

Capítulo 8 DEUS E O MUNDO
O panteísmo.
O deísmo
O monoteísmo

Capítulo 9 DEUS E O HOMEM
A concepção da teologia natural
A relação entre a razão e a revelação
Relação entre Deus e a humanidade
É Deus finito ou é infinito

Capítulo 10 OS MILAGRES E O ALÉM
Evidências para os milagres
A ressurreição de Cristo
O método do processo histórico
Provas históricas evidentes da ressurreição de Cristo.

Capítulo 11 A IDEIA DO ALÉM
As relações dos conhecimentos com a morte
O Cristianismo e a morte

Capítulo 12 ASSUNTOS CONTROVERSOS
A posição sobre diversos campos:Aborto, eutanásia, sodomia, divórcio, bebé proveta, manipulação genética, clonagem, guerra, paz, terrorismo, globalismo.

FIM